Prometida à Você

Capítulo XXVI

"Me diz Matteu... Ao menos seja homem e admita o que fez." Gritei enquanto sentia meu coração murchar. Eu preciso ouvir as palavras saírem da boca dele só assim que conseguirei arrancar esse maldito do meu coração.

"Helena..." Não me importei com as pessoas ao meu redor. Neguei com a cabeça enquanto fechava meus olhos como pude ter sido tão ingênua? Todos os sinais estavam bem na minha frente.

"Você é uma desculpa patética de homem, nem ao menos admitir você consegue." Senti uma leve tontura, mas me manti forte. Olhei para o chão onde ele estava ajoelhado, gaguejando tentando me enganar mais uma vez.

"Helena, eu estava mal e acabei bebendo, sei que isso não é desculpa..." O Interrompi quando joguei um vaso na parede fazendo com que a banda parasse de tocar e com que toda a festa prestasse atenção em nós.

"Não se atreva a dizer que estava mal. Eu estava no hospital me recuperando do... Da perda do nosso filho." Eu ainda não conseguia falar a palavra aborto, só de pensar já me causava uma dor imensurável. "Enquanto você fodia essa prostituta." A Tontura veio de novo com mais força dessa vez e Matteu ao perceber que me apoiei na mesa tentou me ajudar. "Não se atreva a tocar em mim... Você nunca mais vai tocar em mim Matteu." Respirei fundo e limpei meu rosto. "Acabou, eu não quero mais ver, ouvir ou até mesmo falar de você e mesmo que eu seja morta no processo você nunca mais vai me ver." Disse de forma fria, eu me sentia exausta.

Me lembrei de todas as vezes em que ele chegou em casa com marcas de batom, com o perfume dessa vagabunda. Como pude acreditar que ele mudaria? Certamente eles estiveram juntos todo esse tempo, ignorei a ansia ao pensar nos nossos beijos. Eu não acredito que o deixei me tocar.

"Helena... Eu te amo, por favor vamos conversar." Ele deve ter visto a desilusão nos meus olhos porque os seus marejaram, mas virei as costas ficando assim de frente para a festa.

A mesma na qual fui humilhada, mas manti minha cabeça erguida chega de sofrer por quem não merece.

"Helena?" Olhei para Vincenzo que estava vindo atrás de mim e balancei a cabeça.

"Eu preciso ficar sozinha." Disse subindo para meu quarto enquanto pensava no que eu faria daqui para a frente.

Assim que entrei me escorei na porta, olhei para a cama onde dormimos juntos. Ele esteve com ela aqui, meu subconsciente ironizou.

Caminhei para o banheiro e liguei o chuveiro no mais quente, precisava me limpar. Tirar a lembrança de seus toques e beijos, mesmo sabendo que era irracional não me afastei ao sentir a água queimar minha pele, a dor foi mais que bem vinda. Me esfreguei feito louca e só saí ao sentir minha pele sensível e perceber o quão vermelha estava.

Parei em frente ao espelho repudiando a imagem da mulher quebrada que me fitava de volta. Abri a pia e lavei meu rosto, ao enxugar meu rosto me prometi que seria a última vez.

Fechei os olhos ao lembrar de quando eu era criança, quando meu pai chegava após ter encontros com outras mulheres e brigava com a minha mãe, da forma como ela chorava e usava os remédios como válvula de escape. Não, eu não vou ser essa mulher. Fitei meu reflexo mais uma vez, eu não parecia tão diferente dela nesse momento.

Vesti meu robe e vi a tela do celular iluminar, Jesse mais uma vez estava me ligando. Já tem algumas semanas que ele vem tentando entrar em contato, mas ainda não sei como reagir sobre o que descobri. Olhei o celular enquanto tocava até desligar e soquei o balcão, eu não tinha mais ninguém. Camilla, meus pais, meu irmão, meu filho... Eu não Tenho mais nada que me prenda aqui nessa maldita vida, apenas a máfia e se tem algo que aprendi nessa família é que ela só traz morte e dor.