Capítulo XXVII

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Olhei para Helena enquanto levava o copo de whisky ao meus lábios, perdi as contas de quantos havia bebido até então, fitei seu sorriso, suas covinhas e aqueles belos olhos.

Olhei para a fotografia que tiramos há algumas semanas, pareciamos tão felizes. Isso parecia ter sido a anos, abaixei o porta retrato enquanto sentia meu coração apertar. Parece com a porra de um ataque cardíaco, nada nunca doeu tanto quanto o olhar que ela me direcionou.

"Encher a cara não vai trazê-la de volta, Matteu." Vincenzo entrou em meu escritório e abriu as cortinas fazendo com que eu gemesse. "Você bebeu essa garrafa sozinho?" Ele perguntou enquanto eu levantava na intenção de que ele não visse as outras 3 que estavam ao lado da cadeira, mas estava tão alterado que mal me aguentava de pé. "Você está tentando se matar? É isso?"

"E o que teria de tão ruim na morte? Pelo menos iria parar de doer." Eu disse tentando passar por ele que me puxou pelo braço e me guiou até o sofá. "Por que está aqui? Você deveria me odiar tanto quanto ela."

Eu não entendia o porquê de me ajudar depois de tudo o que fiz, eu não merecia a simpatia dele.

"Porque você é meu irmão e por mais idiota que seja sei que ama a sua mulher." Senti meus olhos arderem e enterrei a cabeça nas mãos, ela me odeia. "Você a ama, não é?"

"Com toda o meu ser, mas ela não..." Vincenzo bufou e se levantou.

"Helena ainda te ama, Matteu, mas ela não se apaixonou por esse ser  patético que você está se tornando. Você nunca teve esse espírito derrotista e não entendo o porquê de estar assim agora, enquanto deveria estar lutando pela sua mulher está aqui se afogando em um enorme poço de autopiedade." Eu sabia que ele só estava falando verdades, mas não iria conseguir lidar com uma rejeição.

"Ela está se encontrando com o Jesse e do jeito que as coisas andam logo eles estarão juntos. Não diga que não avisei." Ele saiu e joguei longe meu copo, eu não iria perdê-la para aquele bastardo idiota. Eu não vou perder minha mulher. 

Entrei no quarto de hóspedes, mas não havia sinal dela, tudo estava tão normal que por um momento parecia que nada tivesse acontecido. Tudo o que eu mais queria era que os últimos dias não tivessem existido. Suspirei e fui até onde o travesseiro dela estava, seu cheiro ainda permanecia nele e o abracei com o máximo de força que tinha.

"O que está fazendo aqui?" Me virei para Helena que me encarava friamente da porta, mas tudo que eu conseguia era beber sua imagem. Ela sempre foi como uma droga para mim e ficar essas semanas sem vê-la me deixou louco, Helena estava diferente. Seus vestidos antes rodados e românticos deram lugar a um sexy e apertado vestido preto, antes ela mal usava maquiagem e agora seus olhos e lábios estavão marcados, seus cabelos ondulados estavam totalmente lisos e caindo sensualmente até o final das costas. Ela sempre foi linda, mas agora estava sedutora também. "Eu te fiz uma pergunta, o que está fazendo em meu quarto?" Ela disse entrando e colocando cuidadosamente a bolsa na penteadeira.

"Eu te amo." Vi quando ela ficou tensa e me aproximei. "Eu sei que fodi tudo, mas te amo tanto e não consigo mais viver assim." Ela se virou e me encarou com aqueles lindos olhos.

"Eu... Eu preciso de tempo, Matteu." Suspirei aliviado, se ela pediu tempo então quer dizer que ainda havia uma chance. Me inclinei e lhe abracei apertado, seu cheiro me inebriou e foi quase impossível controlar as reações do meu corpo, mas consegui me afastar e lhe dar um beijo na testa.

"Eu vou te dar todo o tempo que precisar Helena, se você me der uma nova chance não vai se arrepender." Tentei fazê-la entender.

"Será que poderia me deixar sozinha?" Eu não queria me afastar, mas estava sendo sincero quando disse que respeitaria seu espaço.

"Tudo bem." Saí do seu quarto e chamei Vincenzo pelo celular.

"O que foi cara?" Ouvi ele resmungar e percebi que o acordei, mas não me importei.

"Ela... Ela precisa de um tempo. Isso é bom, não é?" A linha ficou em silêncio e comecei a me desesperar. "Vincenzo, isso é bom, não é?"

"É... Se ela pediu um tempo é porque ainda há esperança para vocês dois." Ele ficou em silêncio de novo e comecei a me irritar.

"Por Deus, cuspa logo de uma vez. Qual o problema?" Perguntei mexendo em meu cabelo.

"É que não parece muito o estilo de Helena, Matteu. Mas não sei, não haveria porquê ela mentir." Abri um sorriso e agradeci à ele.

Desci até a cozinha e pedi para Isabela preparar sua famosa torta de chocolate com nozes, pedi também que me buscasse uma lasanha no Martinelli. Eu faria uma surpresa e tanto para minha mulher, iria reconquistá-la pouco a pouco.

***

Olhava ansioso para tudo, não queria que nada desse errado. Eu havia colocado milhares de luzes nas árvores e uma mesa para dois no centro delas, havia um caminho de rosas que levava até lá e a comida estava em um carrinho ao lado da mesa.

"Okay, Matteu, você consegue." Sussurrei enquanto batia em sua porta. Sempre me orgulhei de ser confiante, mas quando se tratava de Helena eu sempre fui inseguro. Ainda mais no momento, fitei a maçaneta rezando para que ela abrisse.

"Matteu?" Ela ainda estava com a roupa de mais cedo e seu cabelo estava preso em um coque.

"Eu queria te chamar para jantar." Ela fez um biquinho lindo e ficou em silêncio, podia ver as engrenagens girando em sua mente e me desesperei.

"Eu sei que disse que não iria te pressionar e não vou, só vamos jantar Helena." Relutante ela assentiu e puxou a porta me seguindo, aguardei ansioso sua reação quanto ao jantar.

"Você... Você fez tudo isso?" Sorri tenso esperando sua aprovação enquanto seus olhos passeavam pelo lugar.

"Por você eu faço tudo." Por um momento eu vi o amor brilhar em seus olhos, mas a mágoa voltou forte.

"Está tudo muito... Bonito." Ela disse se sentando enquanto eu empurrava a cadeira dela. Destampei seu prato e lhe servi um pedaço generoso de lasanha, mas antes que terminasse ela saiu correndo.

"Helena?" Fui correndo atrás dela e a encontrei vomitando no jardim. "Hey, calma." Acariciei suas costas e segurei-lhe o cabelo, quando vi que havia terminado a tomei em meus braços rumo ao seu quarto.

"Eu sinto muito por ter estragado seu jantar." Ela sussurrou fraca na cama, fui até o banheiro e peguei uma toalha húmida para limpar seu rosto.

"Está tudo bem, querida, nada disso importa pra mim, Helena." Disse olhando dentro de seus olhos, ela precisava entender isso. "Tudo o que me importa é você." Nos encaramos por alguns minutos até que me toquei que Helena precisava de um médico. "Vou ligar para o médico."

"Não, eu estou bem." Olhei fascinado enquanto ela desfazia o coque, seus olhos estavam fechados e seus dedos trabalhavam lentamente no cabelo. Quando a boca dela começou a se mover me forcei a voltar para a realidade e lhe ouvir. "... Deve ter sido apenas isso, algo que comi." Neguei com a cabeça.

"Amanhã bem cedo vamos ao hospital, Helena." Ela suspirou e afundou na cama de novo, peguei em sua perna e observei os arrepios em sua pele. É bom saber que ela não é tão imune à mim quanto tenta aparentar.
"Vamos tirar esses sapatos." Soltei a fivela da sandália e ouvi sua respiração falhar quando tirei o sapato, tenho certeza de que ela se lembrou de nossa primeira vez juntos, de quando explorei todo seu corpo e descobri novos pontos sensíveis.
Tirei o segundo e não pude evitar me inclinar para beijar sua panturrilha. Não havia nada que eu quisesse mais no mundo que tomá-la e sei que não encontraria nenhuma resistência, mas prometi lhe dar espaço e se quero convencê-la de que sou outro homem tenho que cumprir.

"Boa noite, Helena." Me inclinei e a beijei no canto da boca. "Eu te amo."

Não olhei para trás enquanto saía pois sei que se visse o desejo em seus olhos não conseguiria resistir. E nada de bom viria dessa noite, mesmo que tenha meses que eu fiquei com Oriana a traição só foi descoberta agora e Helena não está preparada para isso.

Fechei a porta e apoiei a cabeça nela, foda-se se não estou mais duro do que na minha primeira vez. Calma Matteu, tenha calma porque logo, logo terá sua mulher de volta em seus braços.

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