ϲєє & ϲιgαяєττєѕ ❥ gαℓℓαgнєя

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Rotina é algo importante na vida da menina Jane. Como se fosse uma regra, todos os dias ela fazia com o que tivesse que fazer para chegar ao seu habitual trabalho. Até mesmo pegar a chuva que a mesma está prestes à enfrentar. Isso já não é mais um problema desde que finalmente a garota se acostumou com o clima cinza e nublado da cidade de Toronto. Acostumada. Uma palavra que, mesmo sendo um termo tão mundano, para Jane é algo simbólico; ela se acostumou à tudo isso e sabe que quando enfim deixar tudo para trás, ela ficará com tudo guardado dentro de sua alma perdida e talvez castigada.

      Jane aperta a jaqueta contra seu corpo, no intuito de aquecer-se desse frio acompanhado de chuva que, mesmo leve, ela sabe que logo se intensificará. Porém, até esse momento chegar, Jane já estará em seu destino. A loja não é muito longe da casa de sua tia. Mas precisa se apressar.

     Pessoas tentam livrar-se das gotas que caem com precisão do céu, uma camada grossa através das silhuetas dos arranha-céus da década de 1960, submergindo até a superfície estável da Terra. É engraçada essa cena, Jane ri fraco sentindo o gosto da água em seus lábios. A vida poderia ser encantadora para a garota. Jane foi uma garota sonhadora, mas quando devaneios perturbadores tomaram conta de sua mente, esses sonhos evaporaram. Lembranças de tirar o sono acabou matando seus sonhos, até porque, quem mal dorme não tem direito de sonhar, não é mesmo? Essa é a teoria de Jane.

     Seu principal sonho na adolescência era cursar fotografia pois a garota morena tinha um fascínio pela beleza de certas coisas. Amante de Natureza Morta e dependendo do dia e de seu humor, Jane poderia encontrar para fotografar, vida em um local onde ela não acredita mais ter. Natureza Vive. Há fotografias que ela expõe no quadro personalizado por suas próprias mãos artesãs na parede do seu quarto, ao lado do seu pôster favorito da NeverShoutNever!, sua banda favorita. Não há muitas fotos, as que tem são um tanto antigas; já faz algum tempo que Jane Rose não via a tal vida em certas coisas, ou em sua vida em si.

     Outra marca registrada de Jane sem ser fotografia, que era conhecida por – literalmente – poucos, era o famoso estimulante do sistema central, a cafeína! A bebida aquece sua alma, embora seus sentimentos continuem frios. É algo que nunca irá mudar; faz parte da rotina da garota rotineira. Outro vício que não é conhecido por tantas pessoas embora a menina não tenha amigos e ninguém por sua volta além de sua tia Chloe e sua pequena prima Charlotte, bem, esse tal vício é o cigarro. Vício herdado de seu pai. O monstro que serviu de exemplo para a sociedade tornar-se também monstruosa, do ponto de vista da garota.

     Pensamentos que acabam em torno de figura paterna, abala a garota. Embora ele esteja tão ausente, George sempre acaba por invadir seus devaneios. De forma bruta, selvagem e quase irritante ele se apodera de Jane, a deixando totalmente vulnerável. Ele sem dúvida foi um trauma para a pequena Jane. Sua família nunca foi de se orgulhar, se é que Jane Rose Duchannes pode chamar de família George e Ruth; estiveram ausente durante tantos anos que nem sente falta deles. Jane sente falta de ter uma mãe e um pai, apenas isso.

     A garota apressa os passos para não se molhar ainda mais. Suas roupas já úmidas colam em seu corpo causando arrepios em Jane. A rua já não está tão movimentada, embora seja a rua principal do bairro; um centro comercial. É aqui onde as pessoas se reúnem nessa época do ano, principalmente. Já está no início de dezembro e Jane crê que há pessoas demais se antecipando para as compras de Natal.

     Com esse pensamento bajulando sua cabeça, a garota sente-se mal por não ter a quem lembrar de comprar um presente natalino. Há pessoas com família grande que, mesmo com alguns conflitos entre eles, se importam de comprar um presente para demonstrar um afeto carinhoso. Mesmo que sejam obrigados no Amigo Secreto. Jane sente inveja. Apesar de ela ter sua tia materna e sua prima, ela sente falta de mais pessoas para rodearem ela. Pelo menos o suficiente para um Amigo Secreto. Amigos nunca tivera, no colegial achavam Jane um tanto estranha. Sua roupas escuras e desbotadas, cabelos desgrenhados, maquiagem desleixada e, quem chegava perto o suficiente, poderia ouvir os sons estridentes nos seus fones de ouvido. Essa era Jane. Uma adolescente comum entre milhões iguais, um destaque indestacável, mas mesmo que a ideia de se parecer com os outros nunca a agradasse, pois ela preferia ser ela, ser Jane. Não um robô manipulado pela sociedade. Se prepare, robozinho...