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Jane sentia-se nas nuvens. Adorava a sensação sob os truck do seu mini cruiser, os cabelos seguindo a brisa de domingo. O capacete cinza-chumbo esquecido no meio-fio, só precaução para caso o garoto que lhe acompanha não sinta-se tão intimidado com o shape maleável do cruiser.

    — Por que resolveu acordar tão cedo? — Jane perguntou a Aidan, que segurava sua mão enquanto a menina se equilibrava sobre seu mini cruiser rosa de rodas pretas. Ambos haviam se levantado cedo no domingo, beberam seus preciosos cafés e não tardaram ao sair. Jane não sabia onde iriam, parte disso era ideia de Aidan. Jane, por sua vez, só estava acompanhando o garoto que parecia ansioso para chegar no tal local. A menina tentava não cair do pequeno long enquanto Gallagher dava passos longos.

     — Não sei se o lugar fechará cedo, amanhã é Natal e não quero ter a desventura de encontrar o local fechado.

     Eles já estavam andando há um tempo e Jane ficava frustrada por ainda não saber onde estavam indo. Percebia o comércio parcialmente fechado naquela véspera de Natal mas ainda havia aqueles que levavam a sério o conceito de oferta e demanda. O celular no bolso de Aidan tocava a música Hysteria, do Muse. Os fios dos fones de ouvido eram divididos para Aidan e a garota ao seu lado que estava sob o seu não convencional "skate". Jane ainda sentia-se ofendida depois que Aidan riu da sua adaptação ao vintage quando a garota admitiu preferir os velhos fones de ouvido à fio, mesmo quando a tecnologia evoluiu após o rei dinamarquês Harald Blatand. 

     — Posso lhe dar essa informação se você me contar onde estamos indo — Jane sugeriu, afoita, curiosa e ansiosa. Jane era a pessoa que melhor conhecia a carga horária dos comércios locais dali.

     — Calma, meu amor. Já estamos chegando — Jane revirou os olhos dando-se por vencida, nem deu-se a opção de disfarçar o sorriso bobo bailando em seus lábios rachados do frio de dezembro.

     Cerca de dez minutos depois, Aidan e uma Jane de cabelos bagunçados que pegara vento sob as rodas, estavam parados em frente a uma loja de instrumentos musicais. Benson's Music Store. Jane franziu o cenho, tentando entender o que estavam fazendo ali. A menina desceu do seu projeto de long e acompanhou o garoto que adentrava o local, mas fora interrompida pelo mesmo.

     — Faz assim, Jane, você espera aqui fora, ok? Sei lá, fuma um cigarro que eu já volto — antes que Jane Rose pudesse protestar contra, sentiu um selinho rápido ser depositado em seus lábios e Gallagher entrou na loja. 

     Duchannes sentou no meio fio, pôs seus pés sobre seu mini cruiser e acendeu um cigarro. Uma antigo blues começou a tocar quando um raio de sol reluziu contra o acabamento cromado de um carro solitário no estacionamento do outro lado da rua. Parece a capa de um álbum de rock-alternativo. O celular do Aidan estava com ela, os fones em seus ouvidos tocando alguma música a qual ela não conhecia. Com o celular do garoto no colo, Jane sacou do bolso dos seus jeans e tirou uma foto do carro solitário. A menina olhava para todos os cantos querendo que o tempo passasse mais rápido para então entender o que estava fazendo ali enquanto Aidan provavelmente comprava um instrumento para ele; capitalismo sempre vencendo, já que ele tem tantos.

     Os pensamentos sugestivos da menina Jane foram interrompidos por um som de notificação vinda do celular que vibrava sob seus joelhos dobrados. A menina não deixou de dar uma olhada assim que a tela iluminou-se, instintivamente.

oli: você está sumido, tem planos pra hoje?

     Jane olhou pra trás, vendo Aidan no caixa da loja. Já estava quase na porta. A mensagem poderia esperar. Jane refletiu em quem poderia ser "Oli". Automaticamente, o nome de Olivia veio em sua mente mas ela nunca ouviu Aidan mencionar alguém com esse nome. A mensagem não acompanhava nenhuma foto de perfil em miniatura, o que deixou Jane ainda mais confusa. Ela só não entendia o motivo de estar tão emburrada com isso. Contudo, Jane estava negativamente inebriada com a sensação de estar se deixando afetar. Ainda está se acostumando a esse período após o desmame dos ansiolíticos e antidepressivos que lhe fora prescrito, há muito tempo, os quais a deixava tão apática e num piloto automático que não a deixava sair da zona de conforto não confortável. Um consequência do outro, a cobra que morde o próprio rabo, o ciclo infinito e infinito... 

ϲєє & ϲιgαяєττєѕ ❥ gαℓℓαgнєяOnde histórias criam vida. Descubra agora