ϲєє & ϲιgαяєττєѕ ❥ gαℓℓαgнєя

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Jane parou em frente a um galpão.

     Moss Park é uma pequena área, literalmente, tendo o tamanho de uma quadra. O que se destaca sobre a região é possuir uma má reputação, pois é considerado o segundo pior lugar para ataques e o pior para crimes relacionados a drogas. Um lugar desvalorizado e perigoso, com um contraste gritante em diferentes bairros e classes econômicas. Haviam abrigos e apartamento apenas para alugar, pois não era perspectiva de vida longa para seus moradores, os quais só podiam arcar com um aluguel esdrúxulo, valor que causava tamanha estranheza e espanto. 

     Típico lugar que Jane costumava eludir, principalmente num fim de tarde, não tão logo entardeceria e a Lua cheia não seria capaz de cobrir a escuridão que a noite reserva. 

     A menina sabia que o galpão era abandonado pois costumava vir a este local quando fugia da escola, para se refugiar do bullying e agressões verbais. Jane nunca pode se vangloriar de algo dos tempos de escola, seu desejo interno era ser autodidata, não suportava a ideia de ter que ir para aquele lugar todo santo dia, onde sentia-se oprimida e talvez um pouco negligenciada. O colegial serviu para lhe preparar a algo; Jane Rose precisava enfrentar a fobia-social, cantar suas preocupações embora para abrir aquela loja de discos diariamente. 

     O galpão não era nada convidativo, muito menos conservado, mas estava inteiro. No lado de dentro, havia uma luz fraca que adentrava através das janelas quebradas e telhado furado. Dava de perceber que a gambiarra feita ali fora das grandes, para iluminar além disso. Uma pista de skate foi montada no centro de maneira improvisada, com rampas e caixotes. Ela poderia estar com seu mini cruiser,  mas a menina não sabia que viria; na verdade, Jane Rose não sabia nem que iria fazer uma amizade nessa semana cheia de surpresas não tão boas e bem-vindas. A amizade com Ramona, contudo, tem se mostrado muitíssimo bem-vinda à ela, que sentia que a Jane Rose Duchannes do próximo ano, seria uma pessoa mais carinhosa para consigo mesma; permitindo-se conhecer novas pessoas — Jane tinha certo medo de criar novos laços, nunca esteve aberta e/ou pré-disposta a ter alguém por perto, planejar dominar o mundo ou dividir os segredos mais profundos do seu mundo —, novos hábitos, lugares, sensações e criar e registrar memórias. Ser grata, gostar de estar viva e o mais importante: ser grata por estar viva.

     Assim que Jane entrou no galpão, ela viu os cabelos ruivos de Ramona brilharem no feixe laranja do sol poente. Junto à menina, havia uma garota do estilo scene com cabelos pretos como um corvo e emaranhados, esbanjando rebeldia. As duas conversavam e riam, pareciam se divertir tanto que Jane desejou dar meia-volta. Julgando não precisarem da presença dela ali.

     Um barulho no lado oposto do galpão chamou a atenção de Jane, antes de chamar a atenção das garotas distraídas; um garoto de cabelos num tom médio de castanho e adoráveis molinhas de cachos andava de skate na extensão do recinto.

     Jane olhou pra baixo, tímida, e andou até Ramona.

     — Jane! — a ruiva levantou-se do chão, onde haviam garrafas de vinho e cigarros. Correu até Jane, abraçando-a. — Que bom que você veio! Até comentei com Izzy que duvidava muito que você viria. A julgar pelo o que já te conheço.

     — Oi, Ramona. Você parece mesmo me conhecer o suficiente, mas dessa vez errou — Jane sorriu, brincando com a ruiva de cabelos curtos.

     — Essa é minha amiga Izzy — Jane sorriu para a garota scene que cumprimentou de volta. — Izzy, essa é Jane Rose, a menina da loja de discos.