ϲєє & ϲιgαяєττєѕ ❥ gαℓℓαgнєя

❦ 23 ❦

Sorte da menina não ter chovido mais cedo, caso contrário, o telhado estaria molhado impossibilitando a mesma em descer.

      Com o capuz na cabeça, Jane obedeceu seus pés e seguiu até o início de sua rua com passos firmes e precisos. Estava escuro e não tinha nenhuma alma viva pernambulando pela rua; todos estavam esperando o toque da meia-noite para anunciar a chegada do maldito papai Noel. Que bom, assim o medo pode se esvair um pouco, pelo menos o suficiente para seus passos serem dominantes em direção a casa de quem lhe fazia bem, de quem ela poderia sentir-se segura e menos ansiosa. O ataque de pânico a sufocava, mas pela primeira vez na vida, a menina se sentiu mais protegida na rua do que em casa, com um estranho na mesa do jantar. Se não fosse os piscas em borrões brilhantes, Jane se veria num breu total, na escuridão, nas trevas. Talvez Jane não estivesse tão assustada por estar na rua tão tarde da noite por já estar habituada aos piscas do seu quarto, que lembravam muito aos das casas da rua.

     Jane Rose não contava com o seu celular tocando quando virou a esquina principal, rua do Cold Gold, rua da loja de discos e rua do parque. Era uma rua maior, com mais pessoas fora de casa do que ela esperava. Seu celular tocando a apavorou, assim as atenção voltariam à ela. Era Chloe, mas Jane desligou quando voltou a tocar. A menina, menos ansiosa e tentando passar despercebido até ter que virar a rua da casa de Aidan, olhou as horas. Faltavam dez minutos para a meia-noite.

     — Mais algumas quadras, só mais algumas quadras... — Jane sussurrava para si mesma, desejando estar com seu skate para ser mais breve em seu rumo.

     Jane passava em frente ao parque onde mais cedo estivera andando de mini cruiser com Aidan depois que estiveram na loja de instrumentos ali próximo. Um sorriso bobo e trêmulo escapou de seus lábios, ansiando estar logo nos braços aconchegantes do menino. Ela estava chegando, logo estaria com ele e estaria segura. Meia-noite. Jane sabia que era meia-noite por conta dos fogos que queimavam no céu. Aquilo a assustou imensamente e sem perceber, ela já estava correndo, porém, para a sua esquerda, onde tinha o denso parque florestal e não em direção à casa de Gallagher. Aquilo lhe atrasaria, mas no meio das árvores seria onde ela poderia se esconder. Os fogos continuavam brilhando no céu, a cena poderia ser apreciada se fosse em outro momento, pelas inúmeras cores que explodiam no céu limpo daquela noite. Se não fosse o barulho. Os ouvidos de Duchannes estavam com um zumbido tão estridente que sua cabeça doía, como se fosse fogos de artifício prestes a explodir.

     Suas mãos apertavam seus ouvidos, seus olhos estavam serrados e a casa de Aidan não estava próxima. Jane não conseguia se mover. Mas ela precisava. Ela sabia que podia ser mais forte que tudo aquilo. Ela queria ser forte. Respirou fundo uma, duas, três vezes. Tirou as mãos dos ouvidos se acostumando com os sons de celebração natalina. Jane sentou-se de costas para uma árvore e acendeu um cigarro, com seus dedos ainda trêmulos.

     Talvez Jane tenha passado muito tempo ali, pois os fogos foram parar quase 1h da manhã. A menina estava mais calma, antes, com o som dos fogos, seria impossível reconhecer passos caso alguem estivesse a sua espreita. Agora que o silencio voltou a predominar, Jane Rose sentia-se confiante para retomar seu caminho.

     Ao parar em frente à grande casa de paredes brancas e aberturas enormes, Jane notou que todos poderiam já estar dormindo tendo em vista que as luzes estavam desligadas. A menina pensou em mandar mensagem para Aidan e assim fez, mas logo se arrependeu pois ele nem a tinha recebido. Talvez estivesse dormindo, de fato. Jane jogou três pedrinhas em direção à janela do quarto do garoto, que apareceu na janela.

     O mundo de Jane voltou a fazer sentido e tudo voltou ao sei eixo quando viu o menino coçando os olhos sonolentos, o cabelo bagunçado com frios caídos sobre a testa, usando apenas uma calça de moletom cinza.