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As horas iam passando e o sol descendo os arranha-céus do oeste. Estava frio mas no quarto do garoto Aidan, que no momento estava focado no filme enchendo a boca de pipoca, era extremamente climatizado para a situação temporal. Jane nem lembrava o nome do filme que eles começaram a assistir; Aidan parecia interessado mas os pensamentos da menina estavam longe. Especificamente, estavam no garoto deitado ao seu lado.

     O final de tarde estava caracterizado na janela do quarto que mantia-se fechada, porém, com as cortinas abertas. O pôr do sol podia ser visto com maestria, deixando uma iluminação alaranjada no ambiente, as luzes estavam apagadas e as cores que proviam da grande televisão na parede, se destacavam. Contudo, Jane não tirava os olhos do lado de fora. Volta e meia Aidan falava sozinho, ou melhor, com o filme, mas Jane não prestava atenção por estar absorta em seus pensamentos. Duchannes estava maravilhada com a música que há algumas horas, Gallagher lhe mostrou. Porém... As letras de outras músicas, as quais ele mostrou depois... Para quem fora escrita?, perguntava-se Jane Rose.

      Jane não falava de interesses amorosos mas porque 1) ela nunca tivera algum em potencial e 2) ela não compõe música e nem poetisa a ponto de ser tão específica sobre alguém na letra no verso. Aidan nunca falou nada sobre algum passado romântico e nunca interessou Jane, até então. Agora ela estava curiosa. A música é linda e tem uma letra forte, só pode ser para alguém, reforçava seu pensamento.

     — Hey — Aidan a chamou, Jane nem havia percebido que o filme fora pausado.

     — Uh, sim? — Jane, que olhava fixamente para a janela, encarou o garoto que tinha os olhos verdes cintilantes e atentos.

     — O que aconteceu agora no filme?

     — Hã... Desculpe, eu não estou mais assistindo há um tempo.

     — Está ruim? Por que não avisou? Eu poderia ter trocado por um que você preferisse — Aidan disse preocupado, prezando pelo bem estar da menina que apesar dos pesares, estava bastante confortável ali.

     — Você estava entretido, não queria atrapalhar.

     Aidan desligou a televisão, deixando o final do filme para outra hora. Com o ato, o quarto acabou ficando completamente escuro. O sol já havia se posto e Jane ficou aflita em ter que sair para rua nessas condições. Mesmo que Aidan a acompanhasse.

     — Vamos indo? — perguntou como se lesse os pensamentos da menina. — Sua Chloe deve estar nos esperando.

     — Claro — Jane calçou seus coturnos e levantou-se. Aidan seguiu os mesmos gestos.

     Jane estava ficando angustiada. Não havia tantas pessoas nas ruas, mas todas pareciam estar de olho em Jane. Ela tinha medo, medo de algo de ruim acontecer com ela e acontecer com Aidan, ocasionalmente. Por causa dela. Ela não se perdoaria... nunca. Sua respiração começou a falhar e a ansiedade atacar. Suas mãos começaram a suar frio. Jane catou um cigarro no bolso e encontrou um solitário no maço. Merda.

     Sua ansiedade social agia silenciosamente contra ela, na esgueira, espreitando o momento certo. A tempestade depois de um dia de sol, a nostálgica lembrança de um arco-íris que não parece vir. Ou que nunca existiu de fato nessa realidade em que habita. Mesmo sentindo sufocar, Jane conseguia tragar e respirar, tragar e respirar, numa eterna aliança cíclica. acalmando seus batimentos cardíacos.

     — Jane, tudo bem? — Aidan perguntou ao perceber a inquietação da garota que caminhava em passos largos.

     — Preciso de cigarro — e num movimento bruto, ela atravessou a rua. Aidan segurou sua mão antes que se chocasse contra o carro que vinha; Aidan a olhou, apavorado.

ϲєє & ϲιgαяєττєѕ ❥ gαℓℓαgнєяOnde histórias criam vida. Descubra agora