Capítulo três

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Enquanto tentava pensar o que dizer, eu entrei no carro e fechei a porta sentindo o perfume masculino mais tentador da minha vida. Ele sorriu para mim antes de voltar a ligar o carro e sair em disparada para minha casa, porém eu fixei o meu olhar no dele, deslumbrada pelo momento sem me questionar o instante exato em que ele havia descoberto o meu nome.

— Acabei de salvá-la de uma tempestade Zoe – Disse ele sem me lançar qualquer olhar. Observava o céu em seu vigor e plenitude admirando cada gota d'água que caía.

— É – Eu respondi tentando aproveitar cada segundo ao lado dele. Porém foi tudo o que consegui pronunciar.

— Está gostando de trabalhar na biblioteca?

Eu ainda não conseguia acreditar que eu estava ali conversando com ele. Porém ele parecia saber muito ao meu respeito e pensar nisso me causou bastante afeição. Era loucura demais pensar que poderia existir qualquer interesse dele em relação a mim. Talvez tudo fosse apenas uma feliz coincidência.

— Legal – Eu me senti uma boba, sentada ali sem nada a dizer. – Como sabe o meu nome?

Ele me lançou aquele olhar que me deixava totalmente sem jeito, enquanto estacionava o carro em frente a minha casa.

— Como eu não conheceria a filha de Elisabeth Morgan?

Ah claro, ele me conhecia apenas por minha mãe. Bufei de decepção.

— Aliás, ela tem me perguntado como você está se comportando lá na biblioteca.

— O que você disse?

— Que você é dedicada a tais oportunidades.

Ele sorriu para mim novamente me deixando totalmente fascinada. Eu não poderia de forma alguma misturar as coisas, ele apenas estava sendo gentil com a filha da secretária do irmão dele, nada mais.

— Você acha mesmo? – Eu fiquei enrubecida.

— Sim – Sua voz rouca ecoava como música aos meus ouvidos – Não é porque passo o maior tempo ausente que não tenha reparado em suas qualidades.

Ele só podia estar de brincadeira. Eu literalmente não queria me meter em mais uma confusão, porque para mim se apaixonar não passava disso, mas eu tinha quase certeza que aquela altura seria quase impossível fugir do turbilhão de sentimentos que me invadiam. Eu abaixei o olhar para os livros que segurava em minhas mãos sem coragem alguma de dizer qualquer outra coisa que fosse. Eu tinha que ir embora dali o mais rápido possível.

— Obrigada por me trazer em casa Arthur – Eu abri a porta do carro e saí correndo para dentro de casa como uma fugitiva, o deixando ali. Queria poder adivinhar o que ele pensou sobre mim. Com toda a certeza me achou a criatura mais estranha de todo o mundo, pois era exatamente assim que havia me comportado diante do homem mais lindo de todo o Colorado.

Entrei em casa sentindo minhas pernas perderem o controle. Minha respiração estava acelerada e eu soltei um meio sorriso no canto da boca ao me dá conta que eu estive com ele. Aquela sensação de prazer e desejo de tê-lo em meus braços me fez perceber de imediato que eu estava maluquinha de amor pelo Arthur, o que poderia parecer terrível pelas consequências que eu sofreria por esse amor não correspondido, mas eu não estava ligando nem um pouco para tudo isso, eu só queria tê-lo, nem que apenas por um único momento em minha vida. Eu estava disposta em ir para o meu quarto fazer planos e mais planos de como conquistá-lo, porém a minha mãe resolveu me fazer cair na realidade com o João ao lado dela. Quando pousei os meus olhos no dele, minha alegria se transformou em puro ódio. Se minha mãe soubesse quem ele era realmente.

— Olá florzinha – Seu comportamento repleto de seriedade me assustou – O Arthur Bernardo quem te trouxe?

— Sim mãe. Algum problema?

Eu queria encurtar o mais rápido possível a conversa para não ter que ficar ali respirando o mesmo ar que o namorado de minha querida mãe. Ele era desprezível e não merecia a maravilhosa mulher que tinha ao lado.

— Algum problema Zoe? – Minha mãe reagia como se o mundo estivesse em colapso – Certamente você não conhece esse rapaz. Arthur é o pior dos cafajestes que o Colorado já conheceu. De modo algum eu quero você envolvida com este rapaz, entendeu Zoe?

Não mais do que o meu padrasto, o qual ela tanto defendia. Eu me assustei com as palavras dela. Parecia exagerado demais o modo como mamãe falava dele, eu não podia acreditar que fosse tudo isso.

— Por que a senhora imagina que eu me envolveria com o Arthur, mãe?

— Por que ele é bonito? Sedutor? – Parecia que todos sabiam disso – Além do mais você é muito ingênua para os encantos dele, e eu não quero filha minha sofrendo por tipos como esse.

— Mamãe...

— Ouça-me – Elisabeth se aproximou de mim com o semblante bem preocupado – Arthur é o tipo de rapaz que não assume compromissos com garota alguma, com você não seria diferente.

O que ela queria dizer com isso?

— A senhora está dizendo que eu não sou boa o suficiente para ele? Que não sou bonita o bastante? – Eu fiquei realmente zangada com aquele comentário. Comecei a chorar.

— Não é isso minha florzinha – Ela se aproximou de mim e ensaiou um abraço – Ele que jamais te mereceria. Você é especial demais para caras como Arthur Bernardo. Aquele menino não vale nada, escute o que sua mãe está dizendo.

Eu me calei enquanto enxugava algumas lágrimas, desejando por um momento que minha mãe usasse aqueles conselhos para a vida dela. Senti um medo profundo ao ouvir tudo isso, porém o desejo que já brotava em meu coração parecia não querer levar muito a sério toda aquela ideologia. Ele parecia ser o homem perfeito para qualquer mulher.

— Ouça o que sua mãe está dizendo Zoe.

Eu olhei para o João com toda a minha angustia entalada bem no meu peito. Todo aquele trauma era como uma bomba relógio prestes a explodir entre os meus lábios.

— Você não se intrometa em minha vida – Bradei com todo ódio do meu coração. Eu poderia matá-lo ali mesmo, se pudesse.

— Zoe, não fale assim com o João – Minha mãe também gritou comigo furiosa. Se ela soubesse de tudo certamente me daria razão.

— Não fale assim? – Eu soltei um riso cheio de sarcasmo – Enquanto a senhora fica aqui me dando lição de moral sobre não se relacionar com cafajestes, não conhece nada sobre esse homem cujo se juntou.

Eu virei as costas para ela e saí correndo para o meu quarto e me tranquei lá antes que ela viesse atrás de mim e me obrigasse a contar coisas que eu não poderia. Ela batia forte na porta, enquanto berrava comigo. Eu fiquei em silêncio enquanto as lágrimas escorriam e o meu peito explodia de um ódio interminável por aquele homem. Eu o odiava, sei que não poderia, mas era inevitável depois de tudo a qual ele me fez. Eu apertei os ouvidos contra minhas mãos para não ter que ouvi-la gritar pelo meu nome. Nem me recordo direito o momento em que Elisabeth se calou e saiu da porta do meu quarto, mas foi um grande alívio ouvir apenas o gemido da minha própria voz durante o começo daquela longa noite. Os meus olhos já estavam inchados e uma dor aguda já se formava através deles e terminava atrás da minha nuca. O nó se formou em minha garganta ao me lembrar de que eles haviam estragado a minha noite que deveria ser especial. Agora eu me sentia pequena, insignificante e a minha única vontade era de que no momento em que eu me enfiasse debaixo dos meus cobertores toda aquela dor sumisse junto com as lembranças que me atormentavam. Eu enxuguei o meu rosto encharcado com minhas lágrimas, enquanto me levantava do piso frio do meu quarto, me perguntado por que eu era tão covarde de não saí dali e ir correndo contar toda a verdade para minha mãe sobre o João. Ela merecia saber e eu merecia ainda mais me libertar de tudo aquilo. Joguei-me sobre a cama oprimida pelos meus medos de que aquela maldita cena voltasse a se repetir na minha vida. Tentei mudar o foco dos meus pensamentos me convencendo de que eu estava segura ali. O João não poderia entrar novamente e se o fizesse eu estaria bem preparada para isso.

Minha Obsessão - Livro 1 COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora