Sons loucos em seus ouvidos
Eles fazem você se levantar e dançar
Fazem você se levantar
Durante toda a noite eles reaparecem
(...)
Eles não fazem você se levantar?
— Arctic Monkeys
Pelo menos os dois primeiros dias, os que antecederam a chegada de Lorde Montgomery, foram curiosos. Isabelle levantava-se junto com o sol e saía de seu quarto sem nenhuma pista do que encontraria na mansão e ao redor; sempre pensara que o casarão Lightwood fosse grande, mas parecia uma casa de bonecas perto das propriedades de seu noivo. Maia a acompanhava em sua caminhada nos jardins pela manhã, sempre apontando algo novo e explicando sobre o lugar. Pelas tardes a jovem procurava pistas do vilão de seus pesadelos pela casa.
Nunca encontrou nenhuma pista.
Outra novidade era que os empregados, sem exceção, sorriam para ela com simpatia. Em sua antiga casa os empregados eram sempre coagidos e oprimidos e eles sabiam que deveriam manter distância dos patrões. Até mesmo Isabelle, que era mais simpática, tinha uma frieza para com os criados que não conseguia por em prática na mansão Montgomery. E, quando ela os questionara sobre o patrão, surpreendentemente nenhuma reclamação foi ouvida.
Ainda assim, ela se sentia em um teatro de marionetes. Como se ele estivesse criando uma ambiente teoricamente seguro e confortável e, com isso, o baque quando ele se revelasse seria maior. O monstro virá e me prenderá em seus braços quando eu estiver de guarda baixa, eu sei.
Descobrira também que os únicos pontos da propriedade que o Lorde não tocara eram os jardins, os mesmos que a receberam dois dias antes; a mansão, os cavalos, os casebres e a pequena plantação comunitária dos empregados estavam em perfeito estado.
— Pelo visto o Lorde só não se importa com as coisas belas — murmurou a jovem enquanto passava por um canteiro de rosas mortas. Sentia falta do jardim de rosas de Maryse, sentia falta de casa. Quase não ouviu o chamado de Maia; já era a hora do jantar e depois de tanto explorar, Isabelle estava exausta, mal conseguindo esperar pela hora de se recolher.
Maia era uma boa pessoa, de verdade. Era atenciosa, cuidadosa, divertida e espirituosa. Tratava-a como uma verdadeira dama e, ao mesmo tempo, como uma pessoa igual a ela. Sempre estava com um sorriso no rosto e a ajudava em absolutamente tudo.
Isso incluía a hora de trocar seus curativos e passar os unguentos. Isabelle resistiu o máximo que pode, mas quando o incômodo foi maior que o orgulho, ela reuniu toda a coragem e disse:
— Preciso de sua ajuda, Maia.
Maia preparou o banho e a ajudou a se despir, não conseguindo disfarçar o choque ao ver as costas e os braços de Isabelle chicoteados; pelo menos teve a decência e empatia não comentando. A Lightwood não entendia porque sua dama de companhia parecia tão surpresa, aquele tipo de ferimento deveria ser mais que comum e rotineiro nas propriedades.
Maia tratou de cada um dos ferimentos de Isabelle com atenção e carinho e a ajudou a por a camisola leve que não a machucaria. Quando a morena iria agradecer pelos cuidados, uma trombeta foi ouvida e Maia abriu um sorriso resplandecente. Isabelle ouviu também barulho de cavalos trotando e imaginou que fosse uma carruagem.
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Liberta-me
FanfictionO nome Lightwood está em ruínas. O filho mais velho, cujo nome era impronunciável, havia fugido para não se casar e as más línguas diziam que o menino havia escapado para viver com outro homem. A única esperança da família é a jovem Isabelle Lightwo...