Prólogo

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Isso não pode estar acontecendo. Era tudo o que eu pensava enquanto andava de um lado para o outro dentro daquela sala de espera. Mil coisas passavam pela minha cabeça e eu só conseguia chorar.

- Com licença, você tem alguma notícia da paciente Caroline Taylor? - perguntei à um médico que passava no corredor, ele verificou alguns papéis antes de me responder.

- Parece que ela entrou em estado de coma - assim que ele termina de falar mais lágrimas saem dos meus olhos - Se você quiser posso levá-la ao quarto dela.

Assenti enquanto o seguia para um dos inúmeros quartos daquele hospital. Assim que entrei meu coração congelou com a cena que estava a minha frente. Minha mãe deitada em uma cama, pálida e com alguns cortes pelo rosto.

- Vou deixá-las sozinhas - o médico diz e sai do quarto.

Me aproximo e passo a mão pelos seus cabelos ruivos que parecem sem vida. Algumas lágrimas dos meus olhos caem em seu braço enquanto eu sento na cadeira e deito minha cabeça em seu ombro.

- Isso é muito injusto - digo com dificuldade em meio aos soluços - Você estar aqui e aquele bêbado estar lá fora - pego sua mão - E eu duvido que ele será julgado ou coisa assim - limpo meu rosto - E agora mãe, o que vai ser da minha vida? Sem alguém pra mandar eu arrumar meu quarto, pra mandar eu sair do celular e fazer os deveres de casa, pra mandar eu lavar a louça e limpar a bagunça que eu faço quando preparo alguma comida, mas principalmente sem alguém pra dizer todos os dias que me ama - algumas lágrimas teimosas caem - Eu não vou conseguir mãe, não vou conseguir viver sem você pra me ajudar, pra me dar conselhos, pra dizer o que é certo ou errado, pra me ensinar a cozinhar, ou me ensinar a fazer alguma coisa do colégio que eu não entendo, não vai dar, eu sei que eu não sou um exemplo perfeito de filha, eu sei que as vezes eu grito com você, te desobedeço, faço o que você diz que não é pra fazer, mas eu te amo, eu te amo muito e você nunca duvidou disso, e agora eu só queria que você estivesse aqui pra me dizer que tudo vai ficar bem - sinto a mão dela apertar a minha - Talvez você esteja me ouvindo, ou talvez eu esteja ficando louca, mas saiba que você sempre estará comigo pra onde quer que eu for - paro assim que a máquina começa a ecoar um "piiiiiiii" - Mãe? Mãe, não por favor, não vá, eu preciso de você - começo a gritar quando duas enfermeiras entram e uma delas me puxa pra fora - Não, me larga, eu preciso ficar lá - grito e esperneio como uma criança enquanto sou levada para longe dela.

(...)

Eu estava sentada na sala de espera enquanto o vento da janela soprava contra meu rosto. Minha tia e minha avó tinham vindo pra cá, tentaram me acalmar, mas tudo o que eu sabia fazer era chorar, até que não deu mais, até meus olhos arderem de tantas lágrimas que escorriam. Eu não sabia o que aquele "piiiiiiiii" significava, eu não sabia se ela estava bem, e não sabia se a gente voltaria pra casa logo, mas tudo o que eu desejava era poder abraçá-la.

- Parentes de Caroline Taylor? - uma médica apareceu me tirando do meu transe.

- Sim? - minha avó pergunta enquanto eu e minha tia levantamos.

- Eu sinto muito dizer, mas ela faleceu - assim que ela termina de falar eu caio de joelhos no chão e grito tentando fazer tudo aquilo parecer irreal.

Dane-se se eu estava em um hospital, dane-se se era proibido gritar, eu não me importava, nada mais importava, porque ela se foi, se foi e consigo levou meu o que restava do meu coração.

Eu chorava e gritava até não aguentar mais, até, de algum jeito, meus gritos trazerem-na de volta. Mas eu sabia que era impossível, eu sabia que agora nada mais a traria de volta, mas eu não queria acreditar, eu queria que em algum momento eu acordasse de um sonho muito ruim e tudo aquilo fosse mentira.

- Lara? - uma voz me chama e quando levanto o olhar vejo minhas duas melhores amigas paradas a minha frente - Sua tia nos contou o que houve, sentimos muito.

Levanto e damos um abraço em trio. Ter Bianca e Isabella aqui me fazem sentir calma, me fazem acreditar que de algum jeito, uma hora tudo vai melhorar.

- O Matheus disse que estava vindo pra cá - Bia diz se referindo ao meu melhor amigo.

- Que bom - é o que consigo dizer.

Olho pra frente e vejo meus primos se aproximando. Eu, Giovanna e Gustavo brincávamos muito quando crianças, minha mãe amava os sobrinhos.

- Oi - minha prima diz com um sorriso triste me abraçando - Sentimos muito Lara.

- Obrigada - digo indo abraçar meu primo em seguida.

Sento após sentir minhas pernas fraquejarem. Me sinto cansada emocional e fisicamente.

- Oi meu anjo - sinto duas mãos cobrirem meus olhos - Se você adivinhar quem é te dou uma barra de chocolate.

- Oi Math - tiro suas mãos dos meus olhos e me viro pra ele sorrindo.

- Olha, eu consegui fazer você sorrir - diz fazendo carinho na minha bochecha.

- Eu não vou me esquecer da minha barra de chocolate - digo brincalhona.

- Nossa que estraga prazeres - revira os olhos - Então, como você tá?

- Estou bem, na medida do possível - e o meu sorriso de um minuto pro outro desparece me lembrando o motivo d'eu estar naquele hospital - Eu não entendo porque isso aconteceu sabe, porque aquele bêbado não morreu ao invés dela? - e lá se foi a minha tentativa inútil de não chorar.

- Ei, não chora por favor, te ver assim me deixa triste - diz limpando algumas lágrimas.

- Isso é muito injusto - deito minha cabeça contra seu peito deixando mais lágrimas caírem.

- Calma - diz passando a mão pelos meus cabelos e aproxima a boca do meu ouvido sussurrando - Vai ficar tudo bem.


***

Oi meus amores, então, essa é a minha primeira fic, e eu peço todo o apoio que vocês puderem me dar, se gostarem curtam e comentem. Amo vocês.

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