Capítulo 2 - O velório

42 8 2
                                    

- Acorda dorminhoca - ouvia uma voz no além - Você vai se atrasar.

- Hum - solto um resmungo.

- Vamos Lara, me ajuda - Math passava a mão pelos meus cabelos.

- Não quero me levantar - cubro a cara com a coberta.

- Se você não levantar em 3 segundos, juro que te levo no colo até lá embaixo - ele diz se aproximando.

- Ah não Math - ele conta "1" - To com preguiça - ele conta "2" - Math, por favor, não me obriga à ir nesse velório, eu não vou aguentar - ele para com a contagem.

- Lara, não fica assim. Eu sei que é difícil, mas tenta. Por favor, tenta - ele acariciava meu rosto com o polegar.

Suspiro e levanto da cama. Separo minha roupa e tomo um banho. Saio, e começo a vestir o vestido que comprei justamente pra essa ocasião. Acho que minha mãe merece algo especial.

Coloco meu all star preto e desço pra comer alguma coisa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Coloco meu all star preto e desço pra comer alguma coisa. Matheus está de camiseta e calça social. Jesus, visão do paraíso. Ficou até calor agora.

- Bom dia querida. Rosa preparou o café da manhã. Seu tio vai nos levar até o... cemitério - ela faz uma pausa e respira fundo.

- Tudo bem - é o que respondo.

Tomamos café da manhã e meus primos descem. Minha prima está com um vestido preto tomara que caia e um casaco preto por cima. Meu primo está de terno. Mais uma visão do paraíso. Meu tio chega e nós entramos no carro. Math e meus primos conversam entre si, meus tios participam algumas vezes, mas eu fico quieta. Permaneço olhando pra janela até chegarmos lá. Vejo muitas pessoas conhecidas, amigos, parentes, todos reunidos. Vamos Lara, você consegue. Seja forte. Não chore na frente de todo mundo. Resista. Eu repetia para mim mesma. Eu me juntei ao resto do pessoal, e um cara que devia ser padre ou algo do tipo começou a falar da nova vida onde poderemos ver pessoas que já foram. Eu não ouvi nadinha, até meu nome soar.

- Eu acredito que Lara Taylor, filha de Caroline Taylor, queira falar algumas palavras - o padre disse.

- Ahm, claro - me levanto e ando em direção ao caixão.

- Você consegue - Math sussurra em meu ouvido e eu sorrio em resposta.

Suspiro por longos segundos e paro abrindo o papel que de tanto eu segurar faltou desintegrar na minha mão. Vou direto ao assunto e começo a ler.

- Mãe, o que define essa palavra ? Talvez aquela pessoa que te colocou no mundo, mas pra mim vai muito além disso. Pra mim é aquela pessoa que desde que você nasceu te orienta, que te ensinou a andar, que teve o prazer de ouvir você chamá-la de mamãe pela primeira vez, que batalha todos os dias pra comprar suas roupas, que mesmo quando não tem comida para as duas ela deixa de comer pra te alimentar, que cuida de você como uma mãe/pai porque aquele que deveria fazer esse papel não estava nas horas que você estava doente, ou quando você ia pra escola, que te ama e é capaz de morrer por você, que te pergunta toda hora "Como foi seu dia ?", que quando você pede alguma coisa mesmo ela não podendo te dar ela acha um jeito pra te dar, que nas horas que você está doente te leva para o hospital e fica sem dormir a madrugada inteira sor de olho pra ver se você está bem, que quando alguém te maltatra ela está sempre lá pra te defender, que quando você faz algo de errado ela briga com você porque já passou pela mesma coisa e sabe que você vai sofrer, que se preocupa com o seu futuro, que te ajuda nas lições de casa, que diz pra você "namorar só depois dos quinze", que quando você começa a namorar pede pra conhecer o rapaz e te pergunta se ele é mesmo o cara certo pra você, que quando você quebra alguma coisa ela não briga porque ela sabe que era igualzinha a você, que te dá presentes sem ter um motivo especial, que quando você pede pra ir a algum lugar ela fica com receio porque não sabe se você vai estar segura sem ela, que está sempre perguntando sobre suas novas amizades que manda você colocar uma roupa quente quando está frio, que pega a sua toalha quando você a esquece, que faz de tudo, TUDO por você. Mãe, sei que não fui uma filha perfeita e que durante esses anos o "Eu te amo" não saiu muito da minha boca, mas sei que você nunca duvidou do meu amor por você, eu sempre te amei, e sempre vou te amar, você sempre foi tudo pra mim, e continuará sendo, você vai estar comigo nos momentos difíceis, porque mesmo você não estando aqui pessoalmente, sempre estará no meu coração - a esse ponto, lágrimas corriam involuntariamente pelo meu rosto. Fecho o papel e saio correndo dali.

- Ei, onde você vai - Math pergunta segurando meu braço.

- Me solta. Por favor, é demais pra mim. Deixa eu ir - ele me solta e eu corro pra longe dali, acabo esbarrando em alguém.

- Me desculpe - falo levantando o olhar e vejo um menino me observando.

- Tá tudo bem - ele diz e fica me encarando por mais alguns segundos até eu desviar o olhar e sair dali.

Corro até o final da rua e sento na calçada. É inevitável chorar. Não dá. Prometi que seria forte, mas simplesmente não dá. Por que ela tinha que ir e me deixar tão sozinha e tão... vulnerável? Choro e choro até meus olhos arderem. Olho pra frente e vejo um homem me olhando.

- Lara? É você mesmo? - o homem diz com um olhar de dúvida é eu o reconheço. Não, não pode ser ele. Não agora.

- Pai? - respondo ficando em pé.

***

Oi amorecos, estão gostando? Que vida péssima a da Lara não é? A mãe morre, agora o pai que a abandonou aparece. E esse menino com quem ela esbarrou, quem será que é? Haha, logo mais vocês vão saber. Curtam e deixem seus comentários sobre o que acharam. Beijinhos, amo vocês.

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora