O Quanto Eu Penso Em Você

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Eu estava indo para casa da Aicitel, o dia estava escuro por causa das nuvens de chuva que se estendiam pelo céu.

Esperava que ela estivesse bem... ainda conseguia me lembrar da ligação dela na madrugada.

As ruas estavam pouco movimentadas e os postes de luz estavam se acendendo. Coloquei os fones de ouvido para disfarçar o silêncio.

Pelo caminho, era como se eu estivesse indo para minha casa. Lembrei que tinha dito à minha mãe que iria direto para casa depois de aula... bom tecnicamete eu estava indo ver Aicitel por causa das aulas que ela perdeu... ou pelo menos eu queria pensar que fosse por isso.

As árvores balançam com o vento. Olhei no papel que o diretor tinha me dado e confirmei o endereço olhando para a casa à minha frente. Ela morava cinco casas à frente da minha.

--- Acho que é aqui...- sussurrei para ninguém em especial.

Toquei a campainha e esperei.

Aicitel saiu para fora e olhou para mim parecendo um pouco surpresa. Ela parecia ter acabado de acordar.

--- Leo...
--- Hã... O diretor me pediu para trazer a matéria de hoje- falei quase sussurrando.

Aicitel estava usando uma calça jeans clara, e um moletom escuro escrito "Eu amo animes" e seu cabelo estava solto, como sempre.

Não conseguiu pensar direito por alguns segundos.

--- Ok. Entre- ela sorriu.

Assim que entramos Aicitel me levou ao quarto dela.

Havia vários desenhos nas paredes, no chão um daqueles tapetes de chachorrinho, uma mesa de "estudos" que estava tão "arrumada" quanto a minha. Sua cama estava ao lado da janela e vários livros estavam espalhados por cima das cobertas.

Aicitel sentou na cama e eu sentei do lado dela. Ela olhou pra mim.

--- Então... qual foi a matéria de hoje? Foi legal?- ela perguntou em tom sarcástico.
--- Nada legal. Só artes e ciências... você vai conseguir copiar?
--- Claro!

Dava para perseber que ela estava forçando a voz e que não tinha dormido nada, mas pensei que seria melhor não comentar.

Entreguei minhas anotações e observei ela pegando um caderno e uma caneta para copiar.

--- Então... Por que me ligou nessa madrugada? - mudei de assunto com o primeiro que veio na minha cabeça, enquanto ela copiava minhas anotações no seu caderno.

Ela desviou o olhar rapidamente.

--- Por nada.

Suspirei.

--- Você está bem?
--- Um pouco de gripe... nada de mais.
--- Pessoas dizem isso quando não estão nada bem- respondi ainda observando ela copiar.

Me aproximei um pouco dela.

--- Leo, você viu o mangá que eu te falei?
--- Vi mais ainda não consegui ler... e não mude de assunto. Você vai amanhã?
--- Amanhã vou na escola, ok?
--- Certo... Ah é! Estão falando que um aluno novo vai entrar na nossa sala amanhã.
--- Sério?
--- Sim... provavelmente vai ser como todos os outros.
--- Isso não importa muito né?
--- É... Foi você que fez todos esses desenhos?
--- Foi- ela respondeu me entregando as anotações.
--- São bonitos.
--- Obrigada- ela sorriu.
--- Ei, eu já vou... espero que melhore.

Ela pareceu um pouco confusa. Sorri.

--- Eu...
--- Eu tenho que ir. Falei pra minha mãe que ia chegar cedo em casa.

Por um momento não soube o que fazer enquanto Aicitel ia comigo até a porta e nos despedimos com um simples "até mais"... queria dizer... Não. Realmente não sei o que queria dizer.

--- Leo?- ela me chamou.
Olhei para ela nos olhos.
--- Obrigada.

Sorri.

--- Claro. Sem problemas.

~Minutos depois...

--- Leo! Faz 30 MINUTOS QUE ESTOU TE PROCURANDO EM CASA! ONDE VOCÊ ESTAVA?

Minha mãe parecia mais preocupada do que com raiva. Suspirei.

--- Calma mãe. Não estava fazendo nada de errado.
--- Sei... onde estava?
Era a primeira vez que minha mãe ficava assim, então talvez fosse melhor eu contar a verdade.

--- Na casa de uma amiga...
--- Você estava com uma garota?- ela pareceu surpresa.

O humor dela parecia um pouco melhor e eu estava rezando para ela não me fazer mais perguntas...

--- Ela é sua amiga?
--- Hum... sim...
--- Você tem uma foto dela?
--- Mãe eu vou pro meu quarto...
--- Não vai comer? Fiz seu prato favorito!

Olhei para ela sem muita animação.

--- Certo...
--- Ótimo! Assim você me conta sobre essa "amiga"- ela sorriu enquanto passava a mão no meu cabelo preto, baguncando-o de leve.

Eu queria me isolar do mundo mais uma vez. Queria estar sozinho para pensar. Queria que minha mãe parace de me fazer tantas perguntas que eu não sabia a resposta.

Comparado à essas perguntas e a tantas outras, as matérias escolares pareciam fáceis.

Talvez por isso eu não gostasse de viver no "mundo real" o imaginário era muito mais divertido.

Eu esperava estar respondendo às perguntas da minha mãe do jeito certo, porque mal estava ouvindo, enquanto pensava em um mundo só meu. Um universo paralelo de realidades fictícias.

Sim, talvez eu estivesse pensando muito na Aicitel... Queria que ela me ligasse de novo.

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