Música de Sentimentos

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8:15 escola, primeiro intervalo, biblioteca:

Eu não queria ver ninguém. Não queria falar com ninguém. Era a segunda vez que recebia uma declaração de algumas meninas da minha sala.

Nenhuma delas era a pessoa que eu realmente queria ouvir uma declaração.

Quando você recebe uma declaração de alguém que não quer, fica pensando na pessoa. Você não quer magoar ninguém. Porque sabe como é a dor.

Olhei pela janela pela décima vez e pensei na letra da música que estava ouvindo. As letras fornavam uma melodia suave e rápida que me consolava.

Fechei os olhos e entrei no meu próprio mundo, através da música. As palavras construiam o cenário que se formava a minha volta.  

Dessa vez eu estava olhando para o céu em uma noite estrelada do alto de um edifícil. Milhares de estrelas me observavam subir na grade de segurança e olhar fixamente para baixo...

Quis pular. Mesmo sabendo que não era real. Ou talvez quisesse pular porque não era real. Olhei para baixo e imaginei o vento gelado soprando meu cabelo. Era tão real... podia sentir...

--- O que esta fazendo?

Abri os olhos e meu coração QUASE parou.

Olhei para Aicitel que me olhava atentamente. Como se quisesse ler minha mente e saber exatamente no que eu estava pensando.

Não evitei sorrir.

--- O que parece que estou fazendo?- perguntei olhando para a janela.

--- Parece que esta pensando em pular.- ela deu de ombros- é fácil demais saber o que esta pensando, Leo. Nem tente fazer jogos mentais comigo.

Fiquei vermelho. Fazia tempo que eu não ficava sozinho com ela. Normalmente Max sempre estava junto. Mas hoje, ele ainda não tinha terminado a prova de álgebra.  

--- Seu rosto só comprova minha teoria, baka!- ela respondeu me tirando dos pensamentos.

--- NÃO ME CHAME DE BAKA!- falei olhando como ela sorria.

Aicitel sorriu e tirou um dos fones de ouvido (ela só faz isso quando se importa em responder as perguntas, ou quando era ela que iria perguntar).

---Por que não?

Suspirei.

--- Você não entenderia.

--- Hum... Não é por causa da Ana e da Maria...?- ela perguntou com um olhar de desafio. E eu soube que tinha perdido a batalha.

--- De certa forma, é.- respondi tomando cuidado com as palavras.

--- Como eu disse, você é fácil demais de entender...

Ela e Max eram os únicos que pensavam assim.

---  Bom... Não vou te fazer falar o que aconteceu exatamente- ela andou em direção à saída- até depois, Leo.

Eu queria falar para ela não sair. Não queria ficar olhando para a janela e pensar novamente em algo que me incomodava.

--- Droga...- disse em voz baixa enquanto procurava por ela no corredor.

"Você promete...? "

"Sim."

"Então não ouse quebrar esta promessa..."

"Prefiro morrer ao quebra-la."

"Eu deveria estar feliz com a resposta, Leo?"

"Provavelmente sim, baka!"

As cenas da promessa que eu tinha feito à Aicitel se repetiam na minha mente. E todas as outras sairam do meu pensamento.

Sorri trocando de música e andando ao lado dela.

As nuvens de chuva pareciam assistir enquanto conversavamos sobre um novo anime que tinha lançado ontem.

Encontramos com Max em frente à sala de aula.

---Como foi?- Aicitel perguntou parando na frente dele.

Max passou a mão no cabelo e olhou dela para mim.

--- Espero que bem.

--- Acha que consegue um 7,0?- sorri.

--- Se eu conseguir um 7,0 vou jogar na cara de vocês! Na real? Acho que tiro um 8,0.

--- QUEM é você e o que fez o Max?- perguntei fingindo preocupação.

--- Engraçadinho. Eu assisti Death Note ontem, e...

---Agora quer pensar como L e Kira?- perguntei.

--- PARA DE LER A MINHA MENTE DROGA!! Mas sim.- ele respondeu dando de ombros.  

Aicitel olhou para nós, sorriu e voltou a olhar para frente.

--- Baka! Não disse que daria certo?- ela disse sem olhar para trás.   

---Qual aula é agora?- Max perguntou brincando com um papelzinho.

--- Artes.- Aicitel respondeu colocando os fones de ouvido.

Não prestei atenção enquanto eles discutiam alguma coisa sobre Death  Note. Eu estava vagando pela minha mente e me perguntando se eu realmente merecia amigos tão legais.
     

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