Palavras inevitáveis

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Sabia onde ela estava, ela precisava estar lá.

Os primeiros respingos de chuva escorriam do meu rosto quando vi Aicitel no balanço de uma  praça perto da escola, eu já havia me encontrado com ela naquele lugar.

"Prometa..."

Meus pensamentos sussurraram.

Fui até ela em completo silêncio. Não queria que ela me notasse... ou talvez, ela não quisesse me notar.

Cheguei mais perto, e percebi que ela ainda estava com os fones de ouvido. Não sei como ela conseguia ouvir alguma coisa com aquela chuva.

"Ela não atende..."

"Droga..."

As palavras de Max pareciam assombrar o lugar.

Sabia que Max não tinha vindo comigo, e agora, estava até feliz com isso.

Aicitel raramente demonstrava seus sentimentos verdadeiros, raramente era fofa com alguém, e acima de tudo... quase nunca tirava os fones.

Parecia que ela não queria ouvir nada e ninguém, que não fossem suas músicas favoritas.

Observei enquanto ela enrolava os fones e os guardava com o celular no bolso da jaqueta. Seus cabelos estavam começando a molhar. E tive a impressão do dia escurecer um pouco.

Um vento gelado soprou seus cabelos e um raio iluminou rapidamente o céu.

Me aproximei dela e empurrei o levemente o balanço, ela não pareceu surpresa.

Não olhou para mim.

"Ela nunca se assusta, apenas entra no próprio mundo e esquece do real..."

-O que está fazendo aqui, Leo?- ela perguntou olhando para a grama molhada.

-Eu que deveria perguntar... Aic-

-Os humanos são tão idiotas, não é?- ela me interrompeu e começou a balançar calmamente.

Sentei no outro balanço ao lado dela. E organizei meus pensamentos.

-O que esperava?-perguntei olhando para o céu, pensando em algo melhor para responder.

-Que você discordasse...-ela falou tristemente.

Achei que ela fosse chorar. Um pensamento idiota, mas mesmo assim um pensamento.

"Ela nunca chora..."

"Droga..."

- Os humanos são mais idiotas do que você imagina, Aicitel. Tão idiotas que mesmo sabendo quão chato é esse mundo, se recusam a abandonar as pessoas que gostam.- olhei para ela- Ou pelo menos, a maioria é assim. Você criou seu próprio mundo assim como eu outras pessoas, não é? Qual você escolheria? Deixe-me dizer uma coisa: não importa qual você escolha, idiotas sempre estarão presentes.- dei um sorriso triste e levantei do balanço.

- Você pode ignorá-los, se isolar do mundo, ou até mesmo aceitá-los do jeito que são.- puxei-a do balanço e comecei a levá-la pela mão.- Vamos sair logo dessa chuva, não estou afim de pegar um resfriado, e acho que você também não.

Eu não podia vê-la atrás de mim, mas se pudesse, saberia que nesse momento, Aicitel estava sorrindo.

Um sorriso verdadeiro, não aquele que as pessoas exibem todos os dias umas para as outras.

O tipo de sorriso, que você pode contar nos dedos, quantas vezes sorriu assim...


"Você pode ignorá-los, se isolar do mundo, ou até mesmo aceitá-los do jeito que são...

A escolha é sua..."

- Leo... Eu... gosto de você. Obrigada... por estar comigo...- Aicitel sussurrou.

E, se a chuva não estivesse tão forte, eu teria ouvido e sussurrado de volta:

"Eu também"...

Oi, humanos!!!!! Hoje teremos um outro capítulo (fora esse)!!!! Comentem o que estão achando!! ; )

Até o próximo.

Leter.



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