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Acho que esta na hora de mim, narradora, dizer quem sou, afinal, venho contando toda essa história, mas para qual finalidade? o que essa história tem a ver comigo? Pois muito bem, todos me conhecem e todos me temem. Devo dizer que isto não é necessário apenas faço o meu trabalho. Sou uma ceifadora, apenas uma das muitas que trabalham para a Senhora Morte. Somos muitos ceifadores, e estou aqui pois, após uma parte da história que irei lhes contar deixarei que escolham o que acontecerá. Sim, isso mesmo que você acabou de ler. Tu, leitor, decidirá. Ao final eu direi e você irá fazer meu trabalho por mim e escolher o que é melhor.
Agora, vamos aos acontecimentos...

A Sra. Dun estava chorando e Josh havia apagado.

- o que está acontecendo Doutor? - perguntou a mãe - o que isso significa?

O Doutor Reynalds se aproximou e checou Josh.

- ele apenas teve um pico de pressão. A notícia o abalou mas ele está bem. Logo logo ele acorda e já terá alta hoje mesmo - o Doutor se voltou para mãe de Josh - Senhora, não temos idéia das dimensões de tudo, mas a que tudo indica quanto antes iniciarmos a quimioterapia, mais chances Josh tem de que o nódulo diminua até um tamanho que possamos remover. Se o nódulo diminuir ainda será uma cirurgia arriscada, mas ele tem chances de sair ileso. Na pior das hipóteses, pelo nódulo ter contato com uma área que liga as informações de áudio para as decodificação, ele perderá sua audição por completo.

A Sra. Dun deixou um suspiro de alívio escapar. Ela tremia e Josh continuava desacordado. Eu estava ali mas Josh não ouvira a notícia. Eu sabia que eram chances de 50%. Foi naquele momento em que eu ceifadora acabei não apenas sendo uma mera narradora, mas me tornei parte da narrativa.

Deixe-me contar algo a vocês. Cada um de vocês tem um de mim ao seu encalço. Sabemos tudo que vocês pensam, sentem, vivenciam e temos ciência de todas as suas possibilidades de escolha. Fazemos parte de vocês, sem nunca vocês fazerem parte de nós. Porém ali naquele momento me envolvi demais em algo que não devia.

- quando podemos começar o tratamento Doutor? - disse a senhora Dun de olhos fechados enquanto segurava a correntinha de uma cruz que tinha pendurada em seu pescoço.

- daqui a 3 dias. Seria bom dar um tempo à Josh do hospital e assim ele voltaria e faria o tratamento intensivo 4 vezes por semana. Vou arrumar a ficha de Josh para sua alta e marcar a primeira seção. Quanto antes começarmos melhor - o Doutor fez um sinal com a cabeça e saiu do quarto.

Josh começou a abrir os olhos novamente. Ele questionou a sua mãe o que o médico havia dito e ela contou para ele sobre o tratamento e suas chances. Quando Josh ficou sabendo da possibilidade de ficar completamente surdo ele gelou. Acabou sendo mais complexo e abrupto do que ele imaginara. O que Tyler irá pensar?! Ele não vai saber lidar com isso. Não posso deixar de escuta-lo. Não, não...
O pensamento de "eu vou morrer", foi substituído por um vazio. Nenhuma certeza mais lhe restava além da de que ele devia se agarrar ao pouco que tinha.

Ele recebeu a alta e foi para casa. Ele estava exausto de todo aquele ambiente claro e monótono com cheiro de soro e doença que o hospital tem. Ao chegar em seu quarto ele se jogou na cama e ficou feliz em ver suas paredes azuis e verdes com poster e sentir cheiro de chulé ou cheetos(?) Nem ele sabia diferenciar, mas sentia-se em casa. Foi ai que ele sentiu algo o cutucar na bunda, algo começou a o pefurar e então em um pulo ele se pôs de pé e tirou algo gelado do bolso de trás.
O bisturi! Ele disse a si mesmo. Imediatamente seus pensamentos foram para algo mais importante: Tyler! Ele sabia que seus pais não o deixariam sair de casa. Ele tinha acabado de chegar. Mas Josh pouco se importava. Ele pulou a janela, mesmo se sentindo fraco, consegui descer até a frente da casa foi na lateral do quintal, pegou sua bike e pedalou até a casa dos Josephs.

O coração de Josh batia forte, mas dessa vez ele era o motivo. Quando chegou na frente da casa de Tyler ele pulou da bicicleta e a jogou no quintal, ele foi até a grande porta de madeira escura e começou a bater freneticamente.
Uma mulher loira e chique abriu a porta, era a mãe de Tyler. Ela olhou para ele e sorriu.

- Josh, como vai? Fiquei sabendo do que aconteceu, você está bem? Venha entre!

Ela deu passagem para que Josh entrasse e o conduziu até a sala. Ela se sentou no sofá e fez sinal para que ele se sentasse com ela. Ela sabia libras então logo se pôs a gesticular quando Josh a interrompeu.

- Sra. Joseph, a senhora tem que tirar o Tyler daquele lugar.

A mulher ficou estupefata. Josh nunca pronunciara nenhuma palavra de verdade a ela, desde que Tyler e ele eram amigos.

- bom... - ela se ajeitou. Ela parecia um pouco desconfortável com a situação, tanto da fala súbita quanto da pergunta direta - Tyler tem sérios problemas, Josh. Não é simples assim. Ele é um perigo para si mesmo! Primeiro tentando se jogar de uma ponte e depois se amarrando em uma casinha na árvore em chamas! - Josh ficou surpreso e confuso. A sra. Joseph notou e continuou - isso mesmo meu querido, Tyler amarrou-se a uma casa na árvore no meio da floresta e jogou fogo! Sorte a dele que um guarda fazia a ronda viu, chamou os bombeiros e antes deles chegarem ele subiu e viu Tyler desacordado. Deu trabalho mas ele conseguiu desamarrar Ty. Isso o deixou com cortes no pulso mas nada grave. Ele ficou um pouco intoxicado pela fumaça, mas nós tivemos que tomar essa decisão. Lá é o lugar dele...

A sra. Joseph começou a se desfazer em lágrimas. Josh não sabia o que fazer.

- Sra, lá não é o lugar dele, o lugar dele é com a gente aqui fora. Ele só foi um idiota! Ele é um idiota, todos sabemos. Ele faz coisas idiotas. Mas ele é meu amigo, ele... ele sempre esteve comigo e eu com ele. Eu posso ajuda-lo e a senhora sabe disso, apenas dê uma chance, por favor. Tira ele de lá.

Josh começou a se desmanchar em lágrimas também. A mãe de Tyler o abraçou e o acalmou. Ambos se acalmaram e então ela disse:

- Eu sei, Josh. Eu agradeço a Deus todos os dias por você estar aqui. Você sempre nos ajudou, ajudou a Tyler. Eu Vou ver o que posso fazer, mas por hora você devia voltar pra casa.

- okay - ele limpou as lágrimas - mas eu posso pegar algo no quarto do Tyler, rapidinho? Eu estarei de volta num minuto. É só uma touca - A mãe de Tyler sorriu e levou ele até o quarto - obrigada.

- de nada, querido. Eu estarei na biblioteca, pegue o que procura, a porta está destrancada é só sair - Ela se virou e saiu.

Josh então foi até a cômoda de Tyler e abriu a primeira gaveta. Lá estavam mais 3 toucas vermelhas e uma azul. Josh então pegou a touca azul, fechou a gaveta, desceu as escadas, vestiu a touca, montou em sua bicicleta e voltou para casa.

A Car, A Torch, A DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora