Trees

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Se passaram dois dias desde que Josh havia ido até a casa dos Joseph. Ele já estava sem esperanças de rever seu amigo. Nada o fazia parar de pensar nas coisas que Tyler poderia estar passando. Ele estava angustiado, nem mais seu aparelho ele vestia, não queria ouvir um mundo onde a voz de Tyler não estava presente. No dia seguinte ele iniciaria um tratamento que o faria definhar e não teria seu melhor migo ao seu lado. Josh sentia ódio. Ódio de tudo. Ele nunca foi um menino de ódio, mas agora ele o sentia, ele o consumia lentamente por diversos motivos. Ele ainda estava usando a touca do migo. Era uma das coisas que o fazia se sentir mais perto de Tyler. A touca tinha aquele cheiro de amaciante caro que a mãe de Tyler lavava todas as roupas. Uma vez quando Josh era pequeno ele foi dormir na casa de Tyler e deixou seu boné de beisebol cair na lama. A Sra. Joseph o lavou e o entregou com esse mesmo cheiro de rosas que agora vinha da touca azul.
Josh só queria que tudo voltasse a ser simples, como na infância. Porém o tempo da simplicidade já havia passado. Josh sentia falta das merdas que ele e Tyler faziam.
Josh então se levantou, ainda eram 5 da manhã, ele saiu de casa deixando o seguinte bilhete na porta da geladeira: fui à casa de ouro. Volto logo. Mesmo ele sabendo que sua família não fazia ideia do que era a casa de ouro.
Ele foi caminhando até o que restara da casa. A casinha não mais existia. Josh se sentou em um balanço que ele e Tyler haviam construído em uma árvore em frete a da casa. O balanço por ser em outra árvore continuava intacto. Ele ficou ali observando as cinzas e restos de madeira enegrecidos pelas chamas.
E ali ele ficou. Minutos e horas se passaram. O dia já havia clareado e o sol estava quase a pino. Foi ai que Josh viu os esquilos fugirem de algo que vinha de trás dele. Ele então sentiu uma presença e se virou imediatamente. Era Tyler.

- Ty? - perguntou Josh incrédulo se levantando do balanço e indo em direção ao migo - é você mesmo?

Tyler estava horrível. Olheiras sob seus olhos e parecia até mais magro mas já não estava mais vestindo as roupas cinzas, ele estava toda de preto e touca vermelha. Ty deu um fraco sorriso e foi ao encontro de Josh.
Eles se abraçaram forte. Tyler começou a chorar e ao escutar e sentir as lágrimas do migo em seu ombro, Josh também começou a chorar.

- calma, cara - Josh disse em meio aos soluços - eu tô aqui, vai ficar tudo bem...

Tyler não parou de chorar e Josh continuou ali. Ele não falou nada, ele não precisava, ele estava ali.
E então a respiração de Tyler foi se normalizando e ele finalmente parou de chorar. Ele limpou o rosto, se sentou nas raízes da árvore do balanço e Josh, colocando o aparelho se sentou ao seu lado.

- eu não quero falar sobre isso - disse Ty enquanto arrancava tufos de grama e quebrava pequenos gravetos que achava perto de si.

- não precisa - respondeu Josh sem olhar para Tyler.

O silêncio reinou. Por um momento nada precisava ser dito, apenas eles precisavam da presença um do outro e então pela primeira vez Josh foi quem rompeu o silêncio com palavras.

- Você poderia cantar? - falou Josh olhando para o amigo.

- eu? - olhou Ty incrédulo com um pequeno sorriso brotando no canto da boca.

- não, não, minha mãe - retrucou Josh sorrindo também - canta logo.

- eu compus essa lá cela, antes de descobrir que você ainda estava bem - disse Tyler - eu coloquei o nome dela de Truce, e ela é mais ou menos assim...

Tyler então, com voz rouca e melódica começou a cantar as palavras de uma maneira tão doce e cheia de dor que a cada silaba Josh sentia uma parte de si sendo rasgada. A dor excruciante passava para Josh e ele sentia cala frios a cada nota alta que Tyler cantava. A letra era linda e a melodia mais ainda.
Quando Tyler terminou, o coração de Josh estava lavado e ele sentia que ele transbordava dor e felicidade. Ele finalmente pode escutar a voz do Tyler novamente.

- Tyler? - chamou Josh.

- Sim, Jishwa

- tenho algo para te contar.

E então Josh começou a contar tudo a Tyler, que surpreendente, estava ouvindo com a maior atenção do mundo. Josh falou sobre a doença e o tratamento e todas as possibilidades e de que ele não precisava se preocupar que ia dar tudo certo. Tyler não esboçava nenhuma reação, ele apenas concordava com a cabeça. Ao final de toda a história Josh fez o convite:

- e então, migo? Você vai estar ao meu lado?

Tyler ficou em silêncio por um minuto o que deixou Josh arrasado, porém, quando Josh havia perdido as esperanças ele disse:

- você sabe que se você morrer eu vou pirar pela 3 e última vez. Dessa vez vou fazer com q seja definitivo. Você sabe né?

- sim, sei.

- prefiro morrer do que ter que aturar essas vozes, aturar aquele lugar, aquela prisão, do que viver nesse mundo sem paz, sem... sem você. Você é uma parte de mim, eu não vou durar sem você, cara- Tyler estava claramente segurando as lágrimas novamente

- eu sei. E por isso te disse tudo isso.

- o que?-Tyler soou realmente confuso

- Não quero que você sofra e você não quer acabar no manicômio, mas sem mim... vai ser tudo pior - Josh olhava para as próprias mãos - eu não queria que fosse assim mas se for a única saída que assim seja...

- mas do que você...

- no Fim, se não tiver nenhuma outra escolha, eu te prometo, nós dois vamos vir para cá, no fundo do vale tem um o Lago. Eu e você. Só nós. E faremos nosso próprio fim. Okay?

Tyler fitou Josh.

- fechado? - perguntou Josh novamente, cuspindo na mão e estendendo a Ty.

- fechado - Respondeu Tyler, também cuspindo na própria mão e apertando a de Josh.

E aqui me encontro eu, sua narradora. O que vocês acham? Deveria eu interferir? Tomar a morte de Josh? Mas logo aviso: ao poupar uma vida, outra deve ser dada em troca. E aqui fica a decisão. Me abstenho de meu posto de ceifadora para saber o que um humano faria. Eu nunca entendi muito bem os sentimentos humanos. Tão delicados mas tão intensos. Estarei aguardando respostas...

A Car, A Torch, A DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora