Assim que desceu a escada, Nora olhou para sua mãe que estava sentada a mesa, servindo-se de um pedaço de pizza. A fome fez seu estômago roncar, então ela foi para a mesa depressa e se sentou, pegando rapidamente um prato para se servir.
Após alguns minutos comendo, seus pensamentos voltam a ter um foco: Sebastian. Ela fica pensando em tudo o que ele disse. Isso faz surgir a ela uma pergunta: se Nora era uma Vincentiana como Sebastian disse, porque seu sobrenome era Gard e não Vincent? E se ela descendia de Visionários, porque sua mãe não era uma? Mas de repente algo atinou fundo em sua mente. A palavra 'pai' a fez questionar, será que seu pai era um Visionário? Nora olhou para sua mãe que comia em silêncio diante de si, ela tinha que perguntar.
— Mãe — começou —, qual era o sobrenome do meu pai?
Rita olha com uma feição que a jovem já conhecia, a que ela fazia sempre que falavam do suposto pai.
— Por que quer saber disso agora, Nora? — a resposta não surgiu, mas sua pergunta foi fria.
— Sei lá, curiosidade.
Nora a olha, ela estava séria. A jovem não gostava de vê-la daquele jeito, incomodava ela falar sobre o homem que as abandonou. Mas Nora precisava saber.
— Por favor? — Nora insiste que sua mãe fale.
— Eu não me lembro. — foi única e fria a resposta da mais velha.
Rita se levantou e pegou seu prato o levando até a pia. Nora suspirou e terminou de comer seu pedaço de pizza. Quando se levantou e iria sair para voltar ao seu quarto, Rita se vira da pia e fala:
— Vincent — falou Rita, mais calma. Nora se arrepiou. — Norman Vincent. Era esse o nome do seu pai.
De repente Nora sentiu um calafrio rápido passar por seu corpo. Olhou para a mãe e viu que a sua feição agora era de tristeza. Então ela se sentiu arrependida de ter perguntado.
— Me desculpa, mãe. Eu não devia ter perguntado, sei que você não gosta de falar dele.
— Não, tá tudo bem — Rita agora dava um sorriso fraco. — Você tem o direito de saber, afinal ele é seu pai. Ou foi, não sei...
Aquilo pareceu abalar Nora um pouco, porém ela teve a resposta que queria. Então tudo o que Sebastian falou era verdade. Nora tinha sangue de Visionário, por parte paterna. Por isso ela podia ver um fantasma e sua mãe não.
Nora sorriu para sua mãe e retomou seu caminho, subindo as escadas pro andar de cima e para seu quarto. Assim que entrou ela sentiu um pouco de decepção por Sebastian não estar ali. Devo chamá-lo ou não funciona assim? Se perguntou Nora. Ela achava que talvez ele já tenha voltado para o seu mundo, o Mundo dos Mortos. Ela queria saber como. Como era fazer essa viagem. Se havia algum tipo de transporte mágico ou algo parecido. Mas se lembrou dele dizer que a casa era um portal. Outra vez, ela estava curiosa. Como funcionava? Nora queria saber mais sobre aquilo. Mas ele não estava mais ali para contar.
Gard esperou até algumas horas a mais por Sebastian, tinha esperanças de que ele voltasse, mas não aconteceu. Então, se deitou e resolveu dormir. Apesar de passar quase 30 segundos pensando naquelas coisas de sobrenatural, ela enfim pegou no sono, e ela tinha que dormir, não dava para esperar mais. Afinal amanhã ela teria aula cedo.
Quando acordou ela se deparou com um quarto frio e vazio, apenas com alguns móveis. O que eu faço aqui? Ela se perguntou, mas logo se lembra, ela havia se mudado ontem. A nova casa, onde ela conhecera um fantasma atraente. O nome dele era Sebastian.
Nora olhou para o relógio ao lado de sua cama, sobre o criado mudo. Eram 6:05 da manhã. Ela estava cinco minutos adiantada, já que o despertador só iria tocar as 6:10. Se levantou e fez um coque rápido e desarrumado. Bateu a mão desligando o despertador antes dele tocar. Foi até o espelho e se olhou. Como sempre, ela era a mesma garota. Tinha olhos castanhos, a pele um pouco branca demais. Era magra e tinha o cabelo meio liso, meio ondulado. Em geral se parecia com sua mãe.
Ela estava vestida com seu pijama: uma camiseta branca com um desenho de gato e uma calça cinza de moletom. Então ouviu a voz de sua mãe dizendo "filha, você está acordada?". Nora respondeu imediatamente, se despertando.
— Hã... Sim mãe. Estou.
Ela foi até o armário e o abriu, caçando o que vestir. Vistiu uma blusinha amarela clarinha, sob um casaco vermelho escuro de lã. Pôs calças jeans e calçou sapatilhas azul escuras.
Era uma manhã diferente. Talvez por causa da noite passada, que foi uma experiência marcante na vida da garota. Ela não sabia no que acreditar realmente. Na realidade em que viveu desde que nasceu, ou na realidade alternativa que lhe fora contada, onde outros mundos existiam fora dessa linha de realidade e que criaturas míticas andavam entre humanos.
Depois de tomar o café da manhã, Nora e Rita sairam de carro para a escola. O colégio ficava perto do centro de Roseville, e era um lugar do qual ela só ia por obrigação de todo aquele papo de futuro que não a interessava muito. E também por causa de suas amigas. Tatia e Penelope.
Bem, a Tatia era uma nerd que não faltava as aulas de jeito algum. E Penelope era egocêntrica e chata. Nora se perguntava porque a chamava de amiga. Elas sempre brigavam, por causa de Penelope é claro. Ela sempre achava um jeito de irritar Nora, e a cada ano que passava ela ficava pior. As duas se conheciam desde o primário. Já Tatia, Nora só a conheceu na quinta série.
Nora e sua mãe estavam quase chegando. Rita era uma boa motorista, até demais, pois ela nunca teve nenhuma multa ou algo do gênero. A habilitação dela sempre esteve em dia e tudo o mais. Era um exemplo de motorista. Mas isso era um saco para Nora, porque sua mãe nunca dirigia rápido o suficiente. Ela provavelmente iria chegar atrasada. De novo.
— Mãe, se dirigir no limite não estará infringindo a lei — Nora resmunga.
— Mas é assim que o ponteiro pode ultrapassar o limite — disse Rita com todo o seu controle que só tinha quando dirigia.
— É, mas você está a quase 10 km/h. Isso é muito de vagar.
— Não exagera, estou a 30 km/h. 33, agora.
Nora revirou os olhos com a caretisse de sua mãe, seria impossível para ela tentar vencer aquela discussão. Então ela encostou a cabeça no vidro e observou o centro. Era cheio de prédios com vidros embaçados, uma praça cheia de pessoas e pássaros e etc, o típico.
Elas chegam no colégio, os portões estavam abertos, mas não havia ninguém do lado de fora. Nora olhou para sua mãe e fez cara de decepção. Tirou os cintos e saiu do carro, deixando Rita para trás com seu sorriso de desculpas. Nora correu pelo pátio até chegar na entrada. Por dentro era ao contrário, o corredor estava cheio de alunos pegando suas coisas em seus armários. O sinal devia ter acabado de tocar. Nora olhou em direção a duas garotas, uma mais alta com cabelos escuros e longos, olhar feroz e jeito esnobe. Era Penelope, claro. A outra, mais baixa, tinha cabelos ruivos e um olhar cansado por detrás dos óculos, de quem estudou a noite toda. Mas era só a feição natural de Tatia.
Nora sorriu e foi até elas, que estavam em frente ao seu armário. Elas a veem e sorriem.
— Poxa, hoje você não chegou tão atrasada — diz Tatia, com sua simpatia vibrante.
— Ela deve ter vindo a pé — debochou Penelope.
Nora a olhou com ironia no olhar e respondeu Tatia, ignorando Penelope.
— Pois é, acho que minha mãe se tocou e veio mais rápido. — e sorriu.
Nora pegou suas coisas no armário e elas foram para a classe. Sentadas em seus lugares, as garotas observaram o professor de história, Mr. Ronald, entrar na sala. Ele era alto e magro, com seu normal olhar severo. Mas ele não era tão chato quanto aparentava.
Assim ele começa a ministrar sua aula. Nora passa a aula toda olhando para a janela, não conseguia prestar atenção nos estudos, porque ela só conseguia pensar no Sebastian. E a cada tempo que passava, ela sentia mais falta dele. Era como se tudo não tivesse sido real, a cada tempo a mais, ele era como um fantasma. Ele era um fantasma, de fato, mas não assim. Era como um sonho para ela, sentia como se não tivesse sido mais real.
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O Diário Sombrio - Outro Mundo (Em Revisão)
FantasyNora sempre foi uma menina normal, até se mudar para uma casa nova com sua mãe e conhecer Sebastian, um cara que se diz fantasma e a introduz num mundo subliminar de vampiros, lobisomens e outros contos místicos. Agora, ela têm que entrar de cabeça...