X. De Volta A Vida

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Quando a porta se abre não vejo ninguém ali, mas olho para baixo para ver um pequeno homem de barba. Ele usava um sueter de lã verde escuro, por cima de uma camisa social branca e calça social. O homenzinho parecia feliz em nos ver ali em sua porta.

— Yuri! — diz o homem e nos convidando — Entrem, entrem.

Ele entra em sua casa deixando que nós entremos atrás, e é o que fazemos. Por um instante imaginei que ele fosse um gnomo, mas pelo visual de sua casa, ele parecia um simples homem, ou melhor dizendo, humano. Sua casa era um tanto acolhedora, o cômodo de entrada era logo a sala de estar com um sofá, uma mesa de centro e uma lareira que apesar de acesa, não parecia aquecer o ambiente.

— Sentem-se. — sugere o homem e depois olha para Yuri, os dois pareciam se conhecer muito bem. — O que o trás aqui Yuri?

— Creio que já tenha ouvido falar sobre Torlorker, meu amigo Carlos.

— O demônio Comedor? Ah sim, isso é horrível.

— Bom — Continua Yuri — essa é a última herdeira da linhagem Vincent. — ele aponta para mim.

— Oh sim, uma Vincentiana. Que honra recebê-la em minha casa!

O olho surpresa e franzo o cenho. Quanta formalidade a deles, eu me sentia em outra época.

— Ah... Obrigada? Ham... — fico constrangida e olho para Sebastian.

— Como ele pode nos ajudar? — pergunta Lily.

— Ele é um mago.

— Pois é, eu sou. — Carlos nos olha. — E imagino que Yuri supôs que eu poderia escondê-la, com um feitiço para que o Torlorker não a encontre.

— Exatamente! — responde Yuri sorrindo. — Você pode?

— Hm... Poder eu posso, mas... — ele faz uma pausa e me olha. — Ela teria que estar morta.

— Uou! Perai, estar morta? — o olho confusa.

— Não vamos matar a Nora! — Sebastian olha Yuri.

— Calma, calma. — se adianta o pequeno homem. — Deixem me continuar. Ou ela teria que estar no seu mundo de origem. O mundo dos vivos. Só assim o feitiço funciona.

Ufa. Por um momento eu pensei que teria que morrer para me livrar do monstro que me quer. E depois de conversarmos sobre o assunto, decidimos que eu voltaria para casa. Eu estava com saudades da minha mãe, das minhas amigas. Dos vivos. E Carlos faria um feitiço lá do meu mundo.

Carlos preparou um lanche para nós, e como ele era um mago fez para mim algo especial, biscoitos verdadeiros. Claro que o gosto não era autêntico por ser um feitiço, mas já dava para matar minha fome que era imensa por sinal.

Depois disso já estava tudo preparado. Invocariam um portal para o Mundo Natural e eu voltaria para casa. Carlos estava consultando um livro de feitiços enquanto Sebastian e Yuri procuravam um portal pela casa. Segundo eles, os portais eram manifestações de energia cósmica que flui de qualquer ser, e só precisa ser encontrado no lugar certo, como no caso da minha nova casa.

De repente ouve-se um barulho estrondoso vindo de fora. Ficamos todos alerta. Carlos abre a porta para ver e todos vamos atrás. Ao chegar do lado de fora, vemos uma nuvem de poeira no meio da rua, as pessoas (ou fantasmas) saíam de suas casas para ver o que acontecia.

No meio da nuvem posso ver dois pontos vermelhos e brilhantes como chamas vivas.

— Torlorker. — sussurra Carlos e Yuri juntos.

— Vamos! Temos que ir agora, temos que achar o portal para ela. — Sebastian me olha enquanto falava desesperado.

— Vincent! — grita o monstro que saía do meio da nuvem esbravejante e vinha em nossa direção. Sebastian me puxa pelo braço para dentro e Yuri fecha a porta rapidamente.

— Ele está vindo, temos que ir rápido! — o tom de Carlos era de preocupado. O mesmo move os braços levemente como se fossem água, então luzes acendem em seus dedos.

— Achei! — grita Lily com pressa.

Das mãos brilhantes de Carlos sai um raio que ele lança na direção de Lily, atingindo a parede. No mesmo instante a parede se abre criando um portal colorido e vibrante. Algo que parecia ondas, emergem do portal e se lançam até mim. Elas se envolvem ao meu redor e me puxam, desesperada e com medo, grito e estendo as mãos para Sebastian e ele as segura. Mas não adianta, as linhas-onduladas o puxam junto e somos os dois engolidos pelo portal.

Mais uma vez, a luz intensamente branca toma conta da minha visão, mas agora eu ainda sentia. Sentia um calor intenso e ao mesmo tempo um frio estranho. Ondas de choques passam pelo meu corpo e sinto meus ossos doerem, minha cabeça parecia a ponto de explodir, com um zumbido infernal nos ouvidos. Logo a claridade vira trevas. Eu iria morrer? De verdade, agora.

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