V. Buraco E Um Morto

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Saímos da cripta ao anoitecer. Christopher veio comigo porque Lorde Marcel ordenou que ele viesse para certificar de que eu não mudasse de ideia. Como se manter a minha mãe presa em uma cripta não fosse incentivo o suficiente.

O acordo era eu trazer o sangue de fada e ele soltava minha mãe. De qualquer jeito, eu poderia correr o risco de ser morta. Se as fadas forem tão más quanto imagino. Ou talvez sejam alegres e purpurinadas como a Tinker Bell. Horrível.

— O que acha de apressar o passo? — diz Christopher com indelicadeza. —  Preciso voltar antes do amanhecer.

— Ham... Pensei que você não tivesse problemas com o sol. Já que sequestrou a mim e minha mãe de dia.

— Sim, mas era fim de tarde. — fico abismada e o encaro enquanto ele fala — Nessa hora o Sol está se pondo e não nos fere, apenas enfraquece. Deu tempo para trazer vocês até o cemitério.

Cemitério. Era onde estávamos, cheio de lápides com nomes e frases. A luz da lua só servia para deixar o lugar mais assustador.

Eram 08:14 PM, tínhamos mais quatro horas até a meia-noite. Christopher andava ao meu lado em passos lentos. Como eu não podia sair correndo sem me matar ou matar a minha mãe, resolvi conversar com ele.

— Então, Christopher... — antes que eu continue, sou interrompida.

— Só meu mestre me chama de Christopher. Meu nome é Chris, somente Chris. — ele diz com a cara seria e mórbida.

— Tá legal Chris... Bem — continuo —, você sabe onde fica essa "toca de fada"?

— Abaixo do Nosifer.

— Quem é esse?

— Não é quem, é o que. Nosifer é um clube de vampiros.

Ui, eu adoraria estar lá. Só que não. Um prato vivo para os frequentadores do local.

— E o que uma fada faz em baixo de um ninho vampiresco? O sangue dela não é bom para vocês?

— Se esconder em um lugar onde nunca procurariam, em baixo dos narizes deles. E além do mais, só um Visionário pode atravessar a barreira sem ser feito em cinzas.

— Por que só visionários? — pergunto. — Nenhum outro humano?

— Humanos são facilmente corrompidos, já visionários foram criados pela Sacerdotisa da Terra para proteger o Submundo e os humanos. Não se corrompem facilmente. Em 1000 anos, não houve nenhum visionário do mal.

Aquilo respondia minhas perguntas. Então eu nunca seria malvada, isso é intrigante. Agora saíamos do cemitério, onde Chris chama um táxi que para em frente a entrada do lugar. Ele puxa a porta para que eu entre.

— Nossa, você sabe ser cavalheiro — digo entrando no táxi.

— Eu sou. Só tratei vocês daquele jeito porque eu tinha que fazer e o fiz. Não brinco em serviço — ele entra logo após e fecha a porta. — Dirija para a 17th Street, clube noturno Nosifer.

Olho para ele, era como se ele tivesse mudado. O ser sombrio ainda estava ali, mas a maldade parecia ter sido guardada. Ele era outra pessoa. Um vampiro certamente, mas uma pessoa diferente da que me sequestrou. Algo me dizia que a noite seria longa e interessante. Talvez perigosa, mas interessante.

O táxi para em frente um lugar, pela janela do carro posso ver os letreiros no alto em néon. NOSIFER. Chris abre a porta e paga o taxista, saio atrás dele e o táxi nos deixa ali, partindo para sua próxima corrida.

O local era como uma boate mesmo, mas sem janelas e uma porta dupla na cor preta com destaques roxos. Chris anda na frente até a entrada.

— Não está muito cheio — diz ele, abrindo a porta. — Ótimo.

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