Chegamos à noite e tia Clarissy nos esperava em frente ao prédio; quando descemos do carro ela nos abraçou e começou a nos apalpar se certificando que não faltava nenhum pedaço. Nós rimos um pouco da situação; ela nos ajudou com as coisas e entramos no apartamento,que era bem bonito por sinal, porém não tanto quanto a casa da vovó;e eu já estava com saudades dela e dos meus brigões favoritos. Ainda lembro-me do dia em que dei meu primeiro beijo, que por sinal foi horrível; eles ficaram com tanta raiva do garoto que eu acabei confessando que ele havia me roubado um beijo sem o meu consentimento, porém mamãe tomou as rédeas da situação e os impediram de fazer qualquer outra coisa. Eu disse que jamais queria beijar de novo, mas minha promessa não durou muito. Um ano depois eu aceitei tentar outro beijo e por incrível que pareça com o mesmo garoto e foi melhor que o primeiro; na verdade eu devo ter beijado quatro garotos até agora... Fazer o que né? Quando há tios ciumentos te vigiando sempre... Acabei me acostumando, e já estava sentindo falta da proteção excessiva deles.
-Já matriculei vocês na escola. - tia Clarissy disse me despertando dos meus pensamentos - É uma escola aqui perto e vocês acabaram caindo na mesma sala.
Por incrível que pareça eu e Scott estamos no último ano do ensino médio; estamos um ano atrasados por causa do nosso aniversário, que foi quase no final do ano,no dia dezoito de outubro. Estamos no mês de maio, então está um pouco longe de completarmos a tão esperada maioridade...
-Tudo bem pra vocês? - tia Clarissy perguntou nos olhando.
-Por mim tudo OK. - Scott sorriu.
-E você Lucy, o que acha? - ela me olhava com expectativa.
-Tudo bem... - eu sorri - Quando teremos aula?
-Depois de amanhã às 7h. - ela disse animada.
-Isso é ótimo! - eu disse por fim. - Amanhã mesmo irei procurar um estágio.
Ela me olhou confusa e minha mãe explicou a ela do nosso trato e no final ela somente sorriu pra mim.
-Boa sorte! - ela sussurrou.
-Obrigada! - eu disse agradecida.
Ela nos mostrou nossos quartos e fomos dormir. Estávamos exaustos por causa da viagem e eu, óbvio, tinha colocado meu despertador para as 6h. Assim que ele despertou eu saltei da cama já me arrumando. Alguns fatos que muitas pessoas desconhecem a meu respeito é que eu tenho a altura de uma modelo, por isso não aparento ter 17 anos - mamãe sempre disse que puxei a papai no quesito altura; apesar de sermos muito parecidas, quando ela tinha a minha idade era baixinha. Não tanto, mas Scott também é alto, e até maior que eu, e muito forte por sinal. Mamãe disse que ele se parece com papai, só que mais jovem, até no formato do corpo -; também sou completamente apaixonada por moda e não vivo sem salto alto, quer dizer, depende da situação. Como eu queria causar boa impressão, coloquei uma blusa branca, uma saia longa um pouco abaixo do joelho, um tênis também branco, um relógio, uma das minhas bolsas favoritas e meus óculos escuros.Look que ela usou abaixo só o Look viu ela não é assim não...
-Bom dia! - tia Clarissy disse assim que me viu. – Você está muito bonita!
-Bom dia! - Eu respondi amigavelmente. - Obrigada tia... Acho que já vou indo.
-Tome cuidado. Você não conhece muito bem essa cidade... - ela disse por fim.
-Tudo bem tia. - eu sorri.
-Qualquer coisa me liga. - ela parecia feliz.
-Pode deixar. - eu disse já abrindo a porta.
-Espere um pouco... - ela disse me fazendo parar e virar para ela.
-O que foi? - eu disse verificando minha roupa.
-Você ia sair sem comer nada? - ela me encarava séria.
-Não estou com fome. - eu disse por fim.
-Ao menos leve esse sanduíche e vá comendo no caminho. - ela me entregou um sanduíche, que estava com uma cara muito boa por sinal.
-Tudo bem. - eu peguei o sanduíche, já que minha barriga havia começado a roncar.
Saí do apartamento correndo, chamei o elevador e entrei. Enquanto ele descia eu coloquei meus fones de ouvido e me perdi na música que tocava...Era uma bastante conhecida do Ed Sheeran. Logo as portas do elevador se abriram e eu fui correndo antes que mamãe mudasse de idéia; saí pelas ruas e por incrível que pareça eu sabia exatamente onde procurar; havia pesquisado ontem após chegar e também havia imprimido alguns currículos. Eu já havia passado em umas cinco empresas e deixado meus currículos; eu já estava exausta e por isso estava caminhado pela calçada de cabeça baixa, até que eu esbarrei em alguém que carregava vários papéis fazendo assim todos voarem e se misturarem com os meus que haviam caído também; eu tirei os fones de ouvido, guardei-os junto com o celular na bolsa e comecei a recolher os papéis.
-Desculpe... - eu disse me ajoelhando sem graça - Não tinha te visto.
-Tudo bem. - ele disse amigavelmente - Essas coisas acontecem.
Mesmo assim eu o ajudei e até então ele não havia olhado pra mim, porém, quando me viu, ficou pálido; depois não sabia o que fazer ou dizer, e quando eu o olhei bateu um reconhecimento na hora, pois tive a impressão de que o conhecia de algum lugar, mas devia ser só impressão mesmo. Porém, quando olhei direito, era a cara do Scott; como se dissessem que quando ficasse mais velho ele ficaria igual.-Ai meu Deus... É você mesma? - ele disse me olhando.
-Acho que está me confundindo com outra pessoa. - eu disse lhe entregando os papeis que havia o ajudado a juntar.
-Desculpe... - ele suspirou - É que você me lembra uma pessoa muito importante para mim e que não vejo há anos; na verdade, você é a cópia fiel dela.
Isso me fez lembrar de uma coisa: todo mundo dizia que eu era a cópia fiel da mamãe.
-Tudo bem... - eu sorri. - Isso acontece.
Depois ele se despediu e partiu. Eu só tinha mais uma entrevista, que por sinal era muito longe; depois dela iria para a casa da tia Clarissy, quer dizer, minha casa; quer dizer, nem sei mais...
-Oi... - Eu disse assim que me aproximei da secretária - Estou aqui para a entrevista de estágio.
-Muito bem... - ela sorriu. - Qual o seu nome?
-Lucy Yale. - eu disse por fim.
-É só aguardar. - ela disse amigavelmente.
E eu sentei em uma cadeira.
Demorou um tempo a me chamarem, já que tinham umas cinco na minha frente.
-Lucy Yale, o senhor Davis está esperando. - a secretária disse pra mim.
Então eu entrei na sala, e por sinal acabei me encantando com tamanha beleza do lugar.
-Senhorita Yale? - ele disse fazendo-me assustar, e acho que ele percebeu.
-Desculpe... Não queria assustá-la! - ele deu um sorriso travesso.
-Tudo bem. - eu forcei um sorriso.
-Sente-se, por favor. - ele apontou para a cadeira e assim eu fiz.
Ele era muito bonito, nisso eu tinha que concordar. Alto, postura reta, braços largos de quem malhava com freqüência, olhos verdes de um cristalino tão suave e sereno que te fazem lembrar safiras, das mais brilhantes que já foram vistas, que te prendem no primeiro olhar, cabelos negros num penteado levemente jogados para trás, lábios bem alinhados e carnudos na medida certa... Bastante convidativos. O que você pensa que está fazendo? Ele nem é tão bonito assim... E os lábios dele nem são tão convidativos; pare de pensar besteiras!-Por que gostaria do estágio? - ele perguntou me despertando dos meus pensamentos.
-Bem... - eu suspirei - Minha mãe, meu irmão e eu acabamos de nos mudar para esta cidade e eu não quero ficar parada... Eu quero ajudar de alguma forma dentro de casa.
-Bem, pelo que eu vi no seu currículo você fala três línguas diferentes... - ele observou.
-Mamãe achou necessário que eu aprendesse... - eu confessei.
-Que horas você poderia vir para o estágio? - ele perguntou me olhando.
-No turno da tarde, já que irei estudar pela manhã. - eu dei um leve sorriso.
-Seja bem vinda! - ele disse sorrindo.-O que isso quer dizer? - eu perguntei.
-Que por mim o emprego é seu. - ele sorriu.
-Sério? - eu saltei da cadeira. - Mas porque assim tão rápido?
-Bem... As garotas que estiveram aqui não mostraram o mesmo empenho que você... Todas tinham assuntos fúteis e desnecessários. - ele sorriu - Mas antes de eu aprová-la por completo você tem que falar com o senhor Thompson... Se ele aprovar, o emprego é seu.
-Obrigada! - eu disse em agradecimento.
-Isaac Davis. - ele estendeu a mão para que eu a apertasse e assim eu o fiz. - Seja bem vinda à Thompson's!
-Obrigada! - eu disse sorrindo animada.
-Bom, o senhor Thompson vai estar aqui no sábado às 9h... Posso agendar? - ele disse sorridente até demais.
-Pode! - eu disse amigavelmente.
Eu agradeci mais uma vez e saí da sala. Fui correndo para casa; mamãe ia ficar super feliz ao saber que no primeiro dia eu havia arrumado um emprego.
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Meu pai é o meu chefe? | (COMPLETO NA HINOVEL)
Romantizm1° livro da série "Ponto de interrogação" O amor pode se manter aquecido por 17 anos? Nessa história vemos um pouco de como o amor verdadeiro pode agir quando os obstáculos aparecem Tudo o que Daphne Yale queria era ser feliz com o homem que amava...