"No meio das armas, calam-se as leis."
Cícero.
Ele tinha dezesseis e ela quinze anos quando se conheceram no segundo grau. Era uma garota linda como poucas, cabelos castanho-claros e olhos azuis, marcantes. O corpo tinha proporções magníficas, com a cintura fina e seios bonitos, muito alta. Mal a viu, Omar apaixonou-se perdidamente, mas levou quase seis meses até conseguir conquistar a moça, logo começando a namorar com Júlia. Os primeiros dois anos foram simplesmente maravilhosos, especialmente quando descobriram o sexo, que faziam com frequência e que lhes dava muito prazer.
Depois, começaram as pequenas discussões, a maioria provocada por ciúmes de ambas as partes. Brigavam e ficavam separados por períodos de uma a três semanas, para depois voltarem arrependidos e recomeçarem, curtindo-se intensamente porque, apesar de tudo, amavam-se muito.
Nessa época, ele entrou na faculdade de direito e ela terminava o terceiro ano, preparando-se para fazer o vestibular para matemática.
No quinto ano de namoro, tiveram uma briga feia e terminaram, como tantas outras vezes já haviam feito, sempre achando que era a derradeira. Furioso com os constantes ciúmes infundados da Júlia e sem se dar conta que fazia o mesmo, Omar saiu com outra garota, decidido a tentar mudar de ares. Para sua infelicidade, concluiu que de nada adiantaria porque simplesmente amava demais a namorada, mas o problema é que Júlia acabou sabendo disso.
Frustrada e enraivecida por ter sido enganada, especialmente porque apesar das brigas ela jamais o traíra, aproveitou uma noite em que a turma saiu e, apoiada por uma leve bebedeira do melhor amigo do Omar, ficou com ele em meio ao silêncio generalizado dos amigos que ficaram espantados.
Vendo isso, o jovem levantou-se da cadeira e saiu do bar, arrasado e com o coração partido, ouvindo o amigo se declarar profundamente apaixonado por ela. Júlia não notou isso porque, apesar de tudo, também não estava lá muito sóbria.
Naquela noite, Omar caminhou muito pelas ruas praticamente vazias, enquanto pensava no futuro e no que fazer, até que foi para casa e deitou-se, tentando dormir um pouco, porém sem obter qualquer sucesso.
De manhã, Omar acordou abatido e com a sensação de que tudo foi um pesadelo, até que a realidade se fazia cada vez mais presente à medida que ficava mais desperto.
Enquanto tomava café sozinho, alguém bateu à porta. O jovem abriu e viu Moacir, este com a cara muito arrependida e desesperada, completamente sem jeito de como começar a abordar a situação.
– Omar, sei que deves estar com muita raiva de mim, mas eu não estava sóbrio. Também sei que isso não é desculpa; entretanto, nós precisamos de conversar.
– Entra. – Sentaram-se na sala e o amigo ficou constrangido por não saber como tocar no assunto. Apesar de tudo Omar estava muito calmo, mas não escondia a mágoa. – E então, Moacir, podes falar.
– Tchê, me perdoa. – Praticamente implorou. – Eu não sabia o que fazia e dizia.
– Há quanto tempo tu gostas dela, Moacir?
– Desde sempre, Omar, desde que a vi pela primeira vez.
– E guardaste isso só para ti?
– Cara, ela namorava o meu melhor amigo, ou seja, tu. O que esperavas? – desabafou nervoso, esfregando as mãos. – Mas ontem vocês estavam separados e brigados há duas semanas. Quando saíste com Lana, eu pensei que tinham terminado de vez e só atinei para a coisa ao acordar de manhã. Olha, dormi sozinho e não transei com ela, ok?
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Ganância Sem Limites - O Beijo da Morte
ActionO incêndio de uma boate em uma cidade do interior que ceifou dezenas de vidas pode esconder muito mais do que parece. Junte-se a isso alguns crimes ocorridos desde dezessete anos antes e um delegado federal implacável e determinado. Mas Omar Schmidt...