Omar saiu e caminhou tranquilamente para a sua casa. Sentia-se feliz pela primeira vez em muitos anos e tinha uma leveza no coração que só o deixa pensar na filha e na Júlia. Entrou na residência e trocou rapidamente de roupa. Após, telefonou para um colega.
– "Enzo" – disse a voz lacônica do outro lado da linha.
– Daí, amigão, é Omar. Como vai a apuração?
– "Isto vai acabar em pizza, Omar. A polícia civil já prendeu os integrantes da banda e os dois donos da boate. Alguns celulares encontrados foram apreendidos para analisarem as imagens, pois muitos dos jovens filmavam o show. As câmeras de segurança, segundo os donos, estavam desativadas porque os computadores que as controlavam foram para revisão, mas não há a menor pista deles e acho que alguém deu um sumiço nas máquinas. A coisa tá pra lá de mal contada, tchê. Preciso te ver pessoalmente e em particular."
– Certo. Vamos a um bar que é mais seguro. – Omar forneceu o endereço e encontram-se lá uma hora depois.
Enzo era um sujeito bonachão, de quase dois metros de altura e muito pacato, embora fosse fortíssimo e um atirador nato. Sentou-se na mesa com Omar e tomaram uma cerveja.
– Mancha, tá rolando um lero dentro da federal que o crime organizado local está por trás disto tudo, mas também suspeito que haja gente do governo envolvida; corruptos. E pior, desconfio que esses corruptos estão por trás do crime organizado. Esta cidade esconde alguma coisa bem podre, tchê!
– Bah, assim a coisa vai feder geral. Deves ser muito cauteloso, índio velho. Estou preocupado com a tua segurança.
– Quê isso, Omar. Não sou do esquadrão negro mas sou muito bom, esqueceste? – O grandalhão deu uma risada enquanto tomava um gole de cerveja. – Fica frio.
– Ok. – Omar riu. – Procura levantar informações sobre um investigador da civil, divisão de homicídios chamado Baltasar, mas faz isso o mais discretamente possível.
– Fácil, maninho. A gatinha que controla a inteligência tá no papo. Nossa, que garota mais linda, embora nem chegue perto da nossa querida Diabinha.
– Poucas eram do calibre dela, Enzo. – Omar sorriu ao se lembrar da ex-mulher. – Eu que o diga, já que vivi quatro anos com ela. Toma cuidado com essas garotas, hein?
– Capaiz. Hoje de noite vou sair com ela – comentou. – Podíamos sair juntos, se tiveres uma companhia.
– Tenho sim, a melhor do mundo. Te ligo mais tarde. Agora vou para a civil falar com o chefe deles.
– Se cuida, tchê.
Omar sorriu e entrou no seu carro, saindo para a delegacia da civil que era um pouco afastada.
― ☼ ―
Ao entrar, pensou com muito cuidado no que ia fazer e pretendia apenas dar foco ao amigo assassinado. Apresentou-se a uma moça simpática e pediu para falar com o chefe de polícia, dizendo ser amigo do Moacir. Quando a mulher relutou em atender, apresentou o distintivo, identificando-se.
– Olha, eu era amigo de infância dele e sou um delegado federal que entrou de férias e vim visitá-lo. Daí, fiquei sabendo de tudo. Por favor, é importante para mim.
– Espera um pouco. – A policial levantou-se e sorriu. – Vou ver se ele te pode receber. Todos aqui gostávamos muito do Moacir e foi um choque, esse assassinato vil.
– Obrigado.
Minutos depois, ela mandou Omar entrar e segui-la, mas avisou:
– Cuidado que o delegado não tá com um humor dos melhores. Estamos demasiado sobrecarregados por causa do incêndio e tem cobrança de tudo quanto é lado. – Entraram no gabinete do chefe, que não o recebeu muito bem, e a mulher retirou-se fechando a porta.
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Ganância Sem Limites - O Beijo da Morte
ActionO incêndio de uma boate em uma cidade do interior que ceifou dezenas de vidas pode esconder muito mais do que parece. Junte-se a isso alguns crimes ocorridos desde dezessete anos antes e um delegado federal implacável e determinado. Mas Omar Schmidt...