Something Great | Ziam [Universo A/B/O] [CONCLUÍDA]

I was afraid of the Dark but now Its all that I want

Capítulo 7 - I was afraid of the Dark but now Its all that I want

"Eu nunca me arrependeria disso." - a frase palpitava em sua cabeça como uma borboleta contra uma janela, tentando fugir para os raios de sol que se esticavam do lado de fora. Mas o vidro que ele criara na própria mente era muito espesso e estava completamente vedado. Ele sabia disso. Droga, ele tinha plena consciência da extensão de sua vidraça. Sabia que ela não deixaria nada passar.

A culpa o sufocava.

Com uma mão trêmula enxugou a lágrima teimosa que fazia a curva de seu nariz em direção aos lábios. Mas logo muitas outras caíram no rosto já molhado. Não seria a primeira crise de choro que ele teria esta manhã. Nem a última. Seu peito doía pelos soluços, mas ele não conseguiria parar. Pressionou as mãos contra a boca para abafar o som.

Ficou alguns minutos dentro do banheiro. Era a segunda vez que tentava sair, mas as lágrimas o impediam. E os soluços também. Não poderia fazer barulho algum, ou acordaria...

Fechou os olhos com força e se apoiou na bancada de mármore, os joelhos gelatinosos. Não conseguia nem mesmo pensar no nome dele. Doía como uma faca cega.

Sentou junto à porta e se encolheu por mais alguns minutos, deixando as lágrimas caírem até o rosto estar completamente molhado, assim como as mangas de sua blusa. Sua calça cheia de respingos.

Por fim, conseguiu respirar fundo e empurrar para baixo as lágrimas. Elas eram um mistério para a ciência, mas não para ele. Poderia passar o resto da vida deixando as lágrimas caírem, tamanha a burrice que cometera. Sempre estivera certo sobre não poder ficar ali.

Devia ter seguido meus instintos, pensou ironicamente.

Levantou-se, saiu do banheiro e rastejou pelo corredor que lhe lembrava um museu. Estava pensando plenamente agora e, infelizmente, sua própria consciência era o último lugar onde gostaria de estar. Desejou voltar a serenidade do sono e, depois, acordar sem qualquer recordação dos dias em que passara no cio.

Ele deveria ter ido embora duas horas atrás, quando finalmente acordou sóbrio após seis dias. Mas não conseguia criar forças para sair. Era estúpido e risível, mas quando finalmente podia, não conseguia.

Chegou à porta do quarto principal e entrou sem olhar para a cama de casal. Parou em frente às janelas abertas, estava chovendo lá fora e os pingos desciam como lágrimas pelo vidro. Ele ergueu a mão e correu os dedos pelo vidro gelado, sentindo sua solidez.

"Eu nunca me arrependeria disso."

Mordeu o punho para não soltar um soluço, mas as lágrimas voltaram a cair. Nunca se sentira tão perdido em toda sua vida, nem mesmo quando descobrira ser um ômega.

Havia um cabo de guerra entre sua mente e seu coração. Isso o enlouquecia. Queria tanto poder colocar as responsabilidades por sua vida nas mãos de outra pessoa, seria tudo mais fácil. Mas isso o tornaria submisso de uma forma que não podia suportar.

Só o fato de ter esse tipo de pensamento já o revoltava. Era assim que a sociedade queria que ele pensasse. Mas ele não faria isso. Não seria assim. Ele tomaria as rédeas de sua vida e se afastaria de toda e qualquer coisa e situação que o fizesse duvidar de seus objetivos e capacidade.

Enxugando as lágrimas com brutalidade, ele socou a janela com raiva e viu o vidro rachar. Não registrou a dor, porque seu corpo tremia e fervilhava de raiva e ele não se importava com qualquer coisa que fosse.