The Real Life

A volta pra casa...

-- BIA'S POV--

Hoje é o tão esperado dia da volta para casa, eu e Nath decidimos seguir nosso caminho sem ter que estar sempre junto à minha mãe, estamos morando no Japão a mais ou menos cinco anos e a pouco tempo decidimos mudar um pouco voltando para o Brasil.

- Nath acorda! Precisamos ir agora. - digo a ela que ainda se encontra deitada.

- Ok, pode chamar o táxi, vou me arrumar rápido.- diz ainda sonolenta.

- Tudo bem, mas não demore.- saio fechando a porta logo atrás de mim.

Desço as escadas bem devagar para não acordar minha mãe e quando chego no último degrau, sinto algo bater contra minhas pernas me fazendo cair no chão.

- Ops...- escuto Nath dizer enquanto desce as escadas.

- Sério ? Você me acerta com uma mala e tudo que tem a dizer é ''ops'' ??- digo irritada.

- Desculpa ué! Foi sem querer, a mala escorregou da minha mão!- ela responde descontrolada.

- Tudo bem, vamos logo!- digo à ela que corre até a cozinha e volta com um enorme saco de biscoitos.

Nathália sempre foi como uma irmã pra mim, os pais dela morreram quando éramos pequenas e minha mãe a pegou para cuidar, um gesto muito sensato já que os pais dela eram melhores amigos da minha mãe. Dizem que os pais dela morreram em um acidente de barco, mas eu não acredito que tenha sido por isso. De repente escuto a buzina do táxi e bom, hora de ir ao Brasil.

- Não vejo a hora de chegarmos!- Nath diz ansiosa.

- É...nem eu...- digo e ponho os fones de ouvido na tentativa de me distrair um pouco.

--NATH'S POV--

A Bia se enfiou no mundo desconhecido de suas músicas e eu resolvo comer os biscoitos que trouxe, bolachas salgadas são boas! Confesso que queria continuar a viver aqui no Japão mas a Bia quis tanto voltar que acabei cedendo. Talvez as pessoas lá me olhem de um jeito um pouco estranho, bom não é todo dia que você encontra uma menina que usa moletons e variadas roupas de animes e The Legend of Zelda, desenha mangás, fala japonês e tem um cabelo azul, fora os sapatos que são todos coloridos...

- Chegamos ? - Bia pergunta.

- Acho que sim...MEU DEUS! - digo percebendo que estou completamente suja de biscoito.

- Nath...você ta bem grandinha pra ficar se sujando de biscoito assim não acha ? - Ela diz fazendo-me rir.

- A senhora terá que limpar antes de sair por favor. - o motorista diz e eu apenas ignoro.

Bia pega a nota e paga o taxista e ele diz novamente para eu limpar o banco, olho para Bia lançando aquele olhar e rapidamente nós saímos de dentro do táxi com nossas malas deixando pra trás um taxista furioso e um banco repleto de migalhas de biscoitos...

- Isso não foi legal! - digo após adentrarmos o aeroporto.

- Tem que admitir que foi divertido... - ela retruca e eu rio.

'' Última chamada para o voo 2540 com destino ao Brasil '' - a moça com a voz engraçada diz e eu e Bia saímos correndo em direção ao local de embarque.

 Assim que sentamos em nossas poltronas a aeromoça passa trazendo uns lanchinhos. Pego biscoitos, bolo, sanduíche e uma coca-cola para ajudar a comida a descer.

- Meu Deus, você só me faz passar vergonha...- Bia diz e eu dou de ombros.

- Olha eu e a minha amiga barriga precisamos nos alimentar bem, e não reclama, foi apenas o café da manhã, o almoço está por vir mais tarde. Só não sei se vou aguentar esperar até lá por isso eu vim previnida.- abro a minha pequena mochila repleta de comida.

- Ok...vou aceitar que você não é normal. Vou escutar um pouco de música, qualquer coisa me cutuque, e se o avião estiver caindo por favor feche os olhos e reze, ou coma, tanto faz...- ela diz e eu fico um pouco assustada por pensar que o avião pode mesmo cair. Por que ela foi dizer isso?

" Tenho muita coisa pra comer antes de morrer, Jesus, ainda não comi feijoada, rabada, muitas comidas brasileiras que ainda não experimentei..." - penso.

                                                                                  [...]

O tempo demora muito a passar. Sinto o avião ir descendo levemente e chamo Bia cutucando-a violentamente.

- Ai! O que aconteceu ? - pergunta irritada.

- O avião ta caindo, não podemos morrer, ainda tenho muita coisa para comer na vida! - digo eufórica.

- O avião não está caindo, estamos pousando e mesmo se estivéssemos caindo a primeira coisa que iria pensar era em coisas que você ainda tem que comer ? - ela pergunta e me sinto ofendida, ela não me conhece mesmo.

- LÓGICO! Bia, você não me conhece mesmo... - balanço a cabeça.

- Só você mesmo... - ela comenta entre risos e consigo ver que já estamos no chão, graças a Deus.

''  Uhuu vamos comer feijoada!'' - Digo mentalmente.