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Quando cheguei à escola, vi o carro da Atena na porta. Ela estava adiantada, faltavam vinte minutos para o sinal da saída tocar. Ela descia do carro calma e elegante como sempre. Me aproximei dela antes que chegasse ao portão.

-está vinte minutos adiantada!

Ela olhou para trás e me viu. Arrumou seus óculos channel no rosto e manteve seu rosto inexpressivo.

-você também!

Ele fez o caminho reverso ao portão, voltando ao carro e entrando. Eu, silenciosa feito um gato, fiz o mesmo. Ela estava extremamente mais calma, o que fazia ela ser mais devagar. Ligou o carro e deu a partida. Por um bom tempo só ouvia-se as nossas respirações.

-eu ia esperar você sair junto com os outros alunos e fingir que não tinha faltando metade das aulas. Mas acho que cheguei cedo demais para presenciar isso.

Como?

-como eu sei? Bom, a escola ligou avisando, eu liguei para o Theodore, e ele disse o que você faria.

Então, você não me procurou?

-eu fui na loja daquela sua amiga, e depois em casa, só para checar. Ele havia me dito para não te procurar, porque, bem, era quase impossível te achar.

E aqui está você, querendo me mandar de volta para Theo, ou me matar talvez.

-e veja, aqui estou eu! E não pense que eu quero lhe matar, ou que, muito menos, eu vou mandá-la de volta para o Theodore. Porque não, eu não irei.

Assim como ela tinha facilidade saber o que eu pensava, eu conseguia saber o que ela sentia. Mas não ali, ela permanecia inexpressiva, apenas com o olhar fixo na estrada.

-então, Blue, -ela falou firme meu nome -espero que haja uma explicação coerente e perfeita para você ter saído daquela escola antes de ter ido lhe pegar.

Ela não ameaçava, não mencionava castigo, apenas falava. Mas eram palavras que não precisavam de nada do tipo para que fosse impostas e te fizessem temer por sua vida. Mas não comigo, eu poderia parecer estar perdendo, mas eu tinha o jogo na mão.

-você deve ter notado que eu não gosto de muita gente. -comecei -Eu não gosto de me sentir trancada também, e meu vício estava me matando. Então eu não ia me dar o luxo de fumar na escola e alguém ver. Entendo se quiser me mandar para a reabilitação por acender um cigarro, e sair andando sozinha por aí.

Ela não ia querer fama de "mãe de uma drogada", muito menos me mandar para a reabilitação. Mas ela apenas assentiu e estacionou o carro. Entrou em casa e continuou sem emoção. Talvez ela soubesse que era mentira, mas algo fazia ela não questionar mais.

-tem comida na geladeira e no armário, coma algo se quiser, hoje não vai ter jantar.

-certo.

Fui para o meu quarto, tomei um banho e tentei dormir. Mas Atena entrou na minha cabeça e começou a me atormentar. Eu não estava acostumada com isso, ela não falou nem um "não faça mais isso"! Fiz um sanduíche com todas aquelas coisas lights, comi, voltei para o meu quarto, li e não consegui dormir.

Lembrei do meu propósito afinal. Coloquei meu celular para carregar, e se tudo der certo, amanhã já consigo um fornecedor. Vai dar tudo certo.

Pelo menos, assim espero.

Angel || Gilinsky (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora