Ainda a caminho do shopping, coloquei meu fone e fechei os olhos. De repente começou a chover, e então comecei a observar a chuva pela janela do carro.
Eu juro que eu não queria, mas foi inevitável não pensar na minha mãe naquele momento. Comecei a chorar freneticamente, tentando não transmitir ruido algum do meu choro, mas Eduardo notou que eu estava chorando.— Elisa? — Sussurrou chegando mais perto.
— O que? — Tentei disfarçar.
— Você está bem?
— Estou sim. — Menti.
— Eu sei que não está! — Me abraçou.
Foi impossível não chorar no colo dele, ainda mais recebendo todo o seu carinho.
— Tem certeza que quer ir? — Perguntou.
— Sim, já estou melhor. — Respondi.
É isso o que eu mais gosto nele, seu carinho e a sua compreensão. Sempre que estou triste ou desesperada, minha vontade é de correr e me encaixar entre os seus braços. De certa forma, isso é muito eficaz para mim.
Chegamos ao shopping e começamos a andar em direção ao cinema. A minha vontade era de sair dali e ir para outro lugar, o shopping estava muito movimentado, e eu acabei vendo uma pessoa muito desagradável. Sônia.
— Elisa minha querida! — Disse vindo me beijar.
— O que está fazendo por aqui? — Perguntei incrédula.
— Oras, estou passeando.
— É? Pois nós temos que ir, tchau! — Virei as costas e engolindo a seco, Sônia não puxou mais assunto e foi embora.
O fato é que Sônia quer se casar com o meu pai por interesse. Descobrimos isso a pouco tempo, e então meu pai nunca mais quis vê-lá.
Fomos ao cinema e assistimos à um filme de minha escolha. Logo mais tarde, fomos até a praça de alimentação e depois de uma refeição — não tão saudável —, fomos fazer algumas compras.
Aproveitei para comprar um vestido para ir ao show a noite.
Comprei um vestido branco rode, e alguns all stars que estavam em promoção.
Eu amo vestidos, jaquetas, all stars e outros acessórios. Então quando vejo algo do tipo, não hesito em comprar.No finalzinho da tarde fomos para casa.
Eu estava me sentindo um pouco vazia, de repente meu humor emocional mudou completamente.
Chamei Eduardo para que pudéssemos conversar no terraço do prédio, onde costumávamos ficar.
Então subi as escadas do último andar, e apoiei meus braços na beira do prédio, deixando o vento tocar no meu rosto.— O que foi, Lisa? — Perguntou ao se aproximar.
— Sabe, Eduardo... — Comecei — As vezes eu me pergunto: Por que eu estou viva? Por que eu não consigo me encaixar no meio das pessoas? — Falei indignada — Sério, porque eu simplesmente não sei o que fazer da minha vida. — Uma lágrima brotou no meu olho ao terminar de falar.
— Elisa...
— Eu não suporto mais, Eduardo! Não suporto mais ser uma zero a esquerda, não ser ninguém. — Parei de frente para ele e comecei a chorar. — É como se ninguém se importasse comigo, com o que eu sinto. Eu estou cansada, Edu. — Por fim, sussurrei enquanto ele me abraçava.
— Calma, flor. Vai dar tudo certo.
Eu apenas chorava em meu desconsolo emocional enquanto Eduardo tentava me transmitir consolo e confiança.
— Eu me importo com você, nunca se esqueça disso. — Disse ao depositar um beijo na minha bochecha.
— Oh, meu sofrimento não tem fim, essa dor, essa angústia não sai de mim. Quando vou ter a chance de encontrar a felicidade? Eu não consigo curar essa ferida que está aberta dentro de mim. Depois que comecei a sonhar todas as noites com a minha mãe, me vejo em uma aflição que não tem fim.
— Elisa, não gosto de te ver assim. Por favor, para de sofrer.
— Não dá, Eduardo. Esse sofrimento me persegue.
— Elisa, eu quero que você saiba que eu vou fazer até o impossível pra te ver feliz. — Me abraçou vagarosamente sem ter hora para me soltar, e por fim, me deu um beijo demorado na bochecha.
Aquilo me deu uma sensação boa no coração, como um aceleramento mais forte, uma ansiedade, ou algo do tipo, paixão.
— Eu sempre vou estar ao seu lado. — Continuou — Eu te amo, sua pirralha. — Por fim, tirou um leve deboche me fazendo rir.
Eduardo sabia como me fazer me sentir melhor, e eu já estava ficando mal acostumada com tantos abraços que ele me dera nos últimos dias, espero que nunca pare.
Horas depois eu já estava terminando de me arrumar para ir ao show. Estava ansiosa por enfim, poder assistir à um show da minha banda preferida.
Todos estavam me esperando na sala, e então me surpreendi com uma pessoa que apareceu do nada no meu campo de visão. Jônatas.Jônatas era meu amigo quando ainda estávamos no ensino médio. Ele amava me fazer raiva, e eu até gostava das suas brincadeiras. Mas o fato é que eu o amava, ou pelo menos me iludia. Mas de certa forma eu gostava muito dele.
A última vez que nós nos vimos, ele tentou me agarrar a força. Ele estava transtornado por conta da maconha.
Jônatas começou a usar drogas logo que terminamos o nosso namoro. Ele não aceitou muito bem a separação, não quis abrir mão de um relacionamento em que ele estava mais que satisfeito.
Ele não era assim, agressivo. Mas depois de começar a usar drogas, eu me afastei dele, pela minha segurança, pois não era seguro eu e ele ficarmos no mesmo ambiente. Ele deve ter enlouquecido nos últimos anos, pois todas as vezes em que me vê, sempre tenta me agarrar.— O que ele está fazendo aqui? — Jônatas perguntou apontando para Eduardo.
— Para com esse seu teatrinho, você sabe que Eduardo é como um irmão pra mim. — Disse afim de não alongar a conversa.
— Espero que seja só isso. — Seu semblante estava diferente. Era como se estivesse com raiva.
— Jônatas, estamos de saída. Por favor, eu te acompanho até a porta. — Disse papai o levando até a porta.
— Eu venho te visitar depois, Elisa. Espero que ainda esteja solteira. — Abriu um sorriso sacana em meio ao seu olhar raivoso.
Ele conseguiu acabar com a minha noite. Me deu vontade de sumir para bem longe desse troglodita, mas infelizmente não dá. Ele sempre vai estar por perto, sempre me vigiando como de costume.
— Elisa, você está bem? — Eduardo perguntou se aproximando.
— Estou faminta!
— Que bom que está bem. — Eduardo pegou aquilo como um sim. Sempre gostei de comer a vontade, e quando não queria comer, era motivo de preocupação. Então aquilo era um bom sinal.
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Gêmeas Em Apuros
Teen FictionElisa é uma garota de dezessete anos que desde a morte pós parto de sua mãe, vem tentando ser uma pessoa normal, sem dores pela sua perda. Sua vida terá um novo rumo quando Jônatas, interferir na sua vida e trazer mudanças trágicas. Agora sim, ela d...