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   Eu já estava terminantemente atrasada para o colégio, então tive que ir de carro com os pais de Eduardo, o mesmo e a Marisa. Não que eu odiasse os pais dele, mas eles eram um pouco estranhos demais, sem contar que a mãe dele não gosta de mim.
   Chegando no colégio, todos já haviam entrado para as salas de aula.

Só para constar, eu odeio chegar atrasada.

   Meu foco é chegar meia hora antes de todo mundo, atentar cada um em sua chegada, o que faz de mim, uma garota popular — como se eu precisasse disso. Marisa e eu já somos populares desde que começamos a estudar, porque somos gêmeas. E neste colégio, nós somos as únicas gêmeas frequentemente falando — se é que eu posso dizer assim.

   Por sorte, Eduardo, Marisa e eu  estudamos na mesma turma, o que faz de nós, "aliados".
Ter Eduardo sempre na minha cola — por obviamente ser meu melhor amigo —, é uma bela e forte arma contra Letícia Santana, (minha pior das piores inimigas). Porque 1) ela não vai com a minha cara, 2) ela ama Eduardo e 3) ela  sente ciúmes de nós dois juntos.
E o fato é que eu gosto de provoca-la.
   E nesta manhã de segunda-feira não foi diferente: cheguei a sala de aula com os braços de Eduardo envolvidos ao meu ombro, o que fez com que todos olhassem os "veteranos" chegarem, e Letícia se roer de raiva, ou melhor, inveja.

— Estão atrasados! — Reclamou o Professor George ao nós ver entrar, provavelmente tirando a atenção dos alunos e quebrando o silêncio.

— Sei disso. — Eu disse na maior cara de pau.

— E o que me diz? — Ele perguntou.

— Acordamos cedo como sempre, mas como o meu amigo aqui tinha dormido na minha casa — Disse apoiando o braço nos ombros de Eduardo — ele esqueceu seu uniforme e suas coisas na casa dele. Então, ele teve que ir lá para buscar, mas, os pais dele demoraram abrir a porta, o que fez com que agente se atrasasse e pegasse uma carona super lenta com eles —despejei toda a minha sincera desculpa, que não deixava de ser verdade, em cima dele rápido demais.

— Eu não ligo, vá se sentar, Marisa!

Bufei — Eu não sou a Marisa!
— Ela não é a Marisa. — Completou Marisa se apoiando no ombro de Eduardo.

— Tá. — Disse ele voltando ao que estava fazendo.

Por fim, sentamos e fingimos prestar atenção na aula de história. Mas Letícia não parava de nos encarar, e principalmente, encarar Eduardo.

— Acho que ela está afim de você. — Comentei.

— O que?

— Você não sabe?

— Eu não.

— Idiota. — Resmunguei.

— Acha mesmo?

— Como não? Ela não para de te secar.

— Pior... — Se deu conta de que ela realmente estava o encarando e, simplesmente abriu um sorriso malicioso.

Revirei os olhos ao bufar.

  A aula de história finalmente havia acabado. Saímos ao longo do corredor em um trio de veteranos, atormentando as pessoas que nós considerávamos caso perdido. Como os nossos inimigos, que ao menos poupavam chamar a atenção das pessoas.

— Charlie, Charlie, você está aí? — Eu disse pegando de surpresa o meu caro amigo Charlie, que estava ofegante na saída da quadra — provávelmente por ter tido mais um treino para o interclasses deste ano.

— Garota, eu mato você. — Disse ofegante enquanto seu suor — nojento — caía da sua testa.

Charlie nunca percebeu, mas eu já havia notado que ele nunca me chamava pelo meu nome com medo de me confundir com Marisa.

Gêmeas Em Apuros Onde histórias criam vida. Descubra agora