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   Acordei com o despertador gritando ao meu ouvindo às 6h da manhã desta segunda-feira. Pensei duas vezes se realmente queria me levantar da cama e ir para o colégio. Eu não estava com animo para estudar, e muito menos para ver um Eduardo se esfregando com uma Letícia pelos cantos do colégio.
    Desde que Eduardo e Letícia começaram a namorar, me senti um pouco distante de Eduardo. Não acredito que ele me trocou, trocou a nossa amizade, por uma bunda seca para poder pegar.
Pensei em varias formas de reatar a nossa amizade, mas isso custaria o meu orgulho. O jeito era deixar esse teatro de namoro acabar, e então Eduardo vai se lembrar de mim.

~~~

    Cheguei à escola abraçando os diversos livros entre meus braços, os espremendo contra o meu corpo até posiciona-los dentro do meu armário.
Fechei a porta do armário com certa calma, apoiando minha testa sobre a porta com desespero. Desespero de quem estava perdida e se sentindo sozinha. Porque de certa forma, está sozinha.
  Kathryn veio em minha direção ao me ver aflita a ponto de chorar. Me segurou pelos ombros me posicionando a sua frente, e me deu um abraço confortante.

— Vamos! Você precisa lavar esse rosto. — Disse me guiando até o banheiro enquanto eu apenas chorava. Kathryn é uma ótima amiga, e sempre conheceu esse meu lado frágil. Por isso me ajudou sem questionar antes de mais nada.

  Enquanto percorriamos o corredor, vi Eduardo de braços dados com Letícia passando por mim com um olhar aflito ao me ver. Mas sequer veio me ajudar, ver o que estava acontecendo ou se precisava de alguém para desabafar. Ele apenas seguiu adiante ainda me fitando enquanto Letícia tagarelava e gesticulava no pé do seu ouvido.

    Era horrível ver Eduardo todos os dias e não poder toca-lo, muito menos falar com ele. Aquilo já estava se tornando uma tortura para mim.

   Não sabia exatamente o porquê de eu estar chorando, eu só chorava.

— Me conta, o que aconteceu? — Perguntou Kathryn assim que chegamos ao banheiro vazio.

— Preciso ir embora.

— Não, você não pode...

— Não estou bem, e não quero ficar aqui. — Insisti me levantando.

    Kathryn apenas me guiou até a diretoria, e me ajudou a convencer a diretora à me liberar. E ela me liberou depois de quase vinte minutos de conversa.
   Peguei meu skate no meu armário e fui para casa. Minha vontade era de me jogar da ponte, mas não tinha motivos o suficiente para causar um homicídio. E meu pai, ele não merece perder sua filha depois de perder sua esposa.

    Havia um vazio se alastrando dentro de mim, algo que nada poderia preencher. Mas eu só não sabia de onde estava vindo, ou o porquê de estar habituando ali.
Eu havia perdido o antepenúltimo dia de aula antes das férias do meio do ano. Era um dia importante, pois saberíamos se estávamos com notas altas ou não. E depois haveria uma pequena festa onde nos depediriamos dos dois primeiros bimestres do ano. Sem contar na farra que teria na saída, onde os alunos em conjunto, jogariam suas folhas e matérias pelas ruas da cidade até chegarem em casa. Uma por uma, como se estivessem jogando o seu fardo ao vento. E eu havia perdido tudo isso por conta de uma crise de choro movida pelo nada que é a minha vida.

   Nesse dia eu fiquei chorando freneticamente o dia inteiro. Ninguém além de Fátima veio me ver.

Talvez eu estivesse esperando Eduardo passar por aquela porta, vindo me dizer que me perdoa. Mesmo estando namorando com aquela desmiolada,   eu ainda queria ser sua amiga. Esse foi um dos meus motivos pelos quais eu estava chorando.

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