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Andando descuidadosamente pelas avenidas do centro da cidade, acabei me esbarrando em um garoto que estava mexendo no celular enquanto andava de skate. O que nos fez chocar as nossas cabeças e cair no chão.

- Ei! Não olha por onde anda não? - Reclamou levando a mão na cabeça.

- Larga de ser idiota, garoto! Você é quem estava andando de skate enquanto mexia no celular! - O olhei dos pés a cabeça um pouco intrigada, e só depois fui perceber que aquele garoto era o mesmo menino do show. - Matheus? - Falei incrédula.

- Elisa? - Se levantou e estendeu a sua mão para me ajudar.

- Em carne e osso. O que faz por aqui? - Perguntei.

- Eu moro aqui! - Disse apontando para o prédio que ficava logo na rua de trás do prédio onde eu moro.

- Que coincidência não?

- Ouso dizer que é obra do destino. - Abriu um sorriso de lado. - Pra onde você está indo?

- Ah, eu resolvi que andaria de bicicleta até que começasse a chover hambúrgueres pela cidade.

- Bom então, vamos tomar um sorvete pra forrar o estomago. Você vai andar muito, porque acabei de ver no jornal que hoje não vai chover tão cedo. - Ambos rimos.

- Onde tem comida tem Elisa! - Dei o meu grito de guerra e montei na minha bicicleta. - Quem chegar por último é mulher do padre. - Gritei dando partida.

- Espera, assim não vale! - Gritou tentando me alcançar.

Por incrível que nos pareça, eu ganhei a corrida e nomeei Matheus como mulher do padre, tendo por direito, me pagar um sorvete triplo de chocolate, flocos e misto. Ele não ficou muito satisfeito, disse que o dinheiro não caia do céu, e que da próxima vez eu teria que me contentar em me casar com o padre.
Quando enfim, os sorvetes chegaram até a nossa mesa, claro que não vieram andando, (a garçonete trouxe eles). Pedi um refrigerante - o que era um pouco estranho para Matheus -, o despejei dentro da minha taça com sorvete, fazendo a famosa "vaca preta". Que obviamente quase ninguém conhece.
Matheus abriu a boca fazendo um "o", e inevitavelmente, arregalou os olhos diante daquela loucura.
Em seguida peguei o seu sorvete de suas mãos, e despejei um pouco do refrigerante na sua taça de sorvete.

- Você precisa esperimentar! - Eu disse.

- O que é isso sua doida? - Perguntou ainda boqueaberto.

- Vaca preta. Não conhece? - Levei uma colher do sorvete com refrigerante até a boca, fechando lentamente os olhos como quem estava gostando.

- O que? Não! Você não é normal.

- Sabe que você deve ter razão. Nunca consegui ao certo me encaixar nesse mundo sem escrúpulos. Preciso procurar o meu planeta antes que eu enlouqueça aqui. - Olhei em minha volta fingindo procurar algo.

- Mais? - Ainda estava assustado na minha frente.

- Come ai vai. É muito bom!

- Eu não!

- Te dou dois reais!

- Fechado! - Abocanhou uma larga colher de sorvete naquela mistura de refrigerante, e por fim abriu um sorriso de quem estava gostando.

- Você se vende fácil ein?

- O dinheiro tá difícil hoje em dia, sabia?

- Gostou da vaca preta?

- Nunca comi uma vaca tão gostosa como essa.

Em poucos minutos ele já havia devorado tudo, e já esta a partindo pra outra taça de sorvete. Repetindo a minha ação.

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