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   Logo a noite, me senti sozinha, desprezada e solitária. E estava em um estado deprimente de se ver.
Então subi para o terraço do prédio, estendi uma toalha sobre o chão e me deitei vendo as estrelas. Era a única coisa que poderia me acalmar, me fazer não pensar na minha mãe ou na morte dela. Minha cabeça estava com dúvidas sobre Marisa e Matheus. Se eu realmente devesse abrir mão do Matheus pela Marisa.
E não dava para evitar pensar no Eduardo, pensar no quanto eu o amo, no quanto eu sinto por não ter forças de dizer à ele tudo o que eu sinto.

Em meio as estrelas me sentia sozinha, com lágrimas nos olhos e dor no peito. Com a sensação de que tudo ficaria bem, mas que demoraria anos para que realmente pudesse acontecer o que eu tanto prezo.

— O que está fazendo sozinha aí? — Era Eduardo. Me interrompendo dos meus pensamentos, se deitou ao meu lado e vidrou seus olhos escuros em direção às estrelas.

— Só... Pensando na vida.

— Sei. Tá afim de fazer  alguma coisa hoje?

— O que você tem pra mim?

— Preciso que você me empreste as chaves do carro do seu pai.

— O que? Pra que?

— Preciso sair com Letícia esta noite, e vou precisar encarecidamente de um carro. Mas, os meus pais não querem me emprestar, e sei que você pode dar um jeito nisso. — Me levantei e me dirigi até a beira do prédio, ainda incrédula com o que acabara de ouvir.

— Eu simplesmente não acredito que o meu melhor amigo esteja saindo com a minha pior inimiga! Que tipo de amigo é você, afinal? — Perguntei intrigada.

— O quê? Mas eu não sabia disso. — Disse na maior cara de pau.

— Larga de ser idiota, Eduardo! Você sabe o quando eu odeio aquela garota e o quanto ela me odeia. E, você sabe muito bem que nós já fomos chamadas na diretoria diversas vezes por causa das nossas brigas no colégio. Eu não tô acreditando que você tá me traindo, e o pior, você ainda quer que eu te ajude nessa?! — Agora eu gritava, com raiva dele e dela. Com raiva de mim por deixar isso acontecer.

— Mas...

— Você não tá dando valor a nossa amizade, Edu. — Falei abaixando o tom de voz. — Tá trocando a nossa amizade por uma garota que faz de tudo pra acabar comigo.

— Elisa, eu juro que eu havia me esquecido disso. Me perdoa. Mas eu tô muito apaixonado por ela.

Ouvir aquilo de certa forma foi como uma facada no meu coração. Eu não tava acreditando no que estava ouvindo. Ele poderia se apaixonar por quem ele quisesse, menos por ela.

— Então, você deverá escolher entre eu e ela — Eu disse — Mas não vai ter volta.

— Sabe, eu achei que você fosse minha melhor amiga. Achei que você seria madura o bastante pra deixar essa contenda entre vocês de lado pela minha felicidade. Mas pelo visto eu me enganei, não é?  Você está levando os seus interesses longe demais nessa. E quer saber? A vida é minha, eu namoro com quem eu quiser. — Disse ele e me virou as costas sem ao menos me ouvir.

Sei que ele está certo, e me sinto mal por isso. Mas não dá para mim fingir que tá tudo bem sendo que não está. Ver o cara que eu amo se esfregando com a minha rival, isso já é demais para mim.

    Comecei a chorar inconsequentemente, sem saber o que pensar, muito menos o que fazer em questão a isso.
Meu melhor amigo está chateado comigo, e ele está certo, eu agi feito criança. Mas não sei se consigo encarar tudo isso.

Desci as escadas e fui para o meu apartamento. Entrei pela sala correndo tentando conter o choro, subi diretamente para o meu quarto e me desmoronei em lágrimas. 
Meu coração doía em um ritmo de culpa, de sofrimento. Mal sabia o que pensar sobre isso.

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