Capítulo 9

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Jennifer

Logo depois das portas do elevador se fecharem eu me virei para Lana encostando na parede espelhada, ela me olha de cima a baixo com um sorriso malicioso e se escora na parede do fundo. Ficamos nos olhando e se deliciando com a imagem uma da outra por uns minutos enquanto eu ouvia o barulho do elevador passando por cada andar, até chegar no 18°. A porta se abre e caminho por um corredor vazio e terrivelmente grande, eu mal conseguia ver o final. 

-108.-Ela diz saindo do elevador atrás de mim, quando me viro para trás para encara-la a pego em flagrante fitando a minha bunda. 

-Ta gostando da visão que está tendo dai?-Digo provocando-a um pouco.

-Com toda certeza..

Solto um risinho com a provocação dela e vou olhando as numerações nas portas do corredor. Quando vejo o numero indicado paro e a deixo passar na frente, ela abre a bolsa e procura a chave para abrir a porta. Apoio minhas duas mãos e meu quadril na lateral de uma mesinha encostada na parede com um vazo de planta em cima, ao lado da porta dela. Passo rapidamente a língua para umedecer os lábios e levo uma leve encarada da parte dela.

-Não faz assim...-Ela pega um cartão-chave de dentro da bolsa e fica me encarando.

-Assim como?

-Lambendo os lábios com essa cara de safada pra mim.-Ela se posiciona na minha frente.

-Porque? Eu tive uma leve impressão que você até gostou.-Digo olhando para o teto e depois voltando a olha-la. 

-Porque me dá vontade de lamber também.-Ela coloca os braços ao lado do meu corpo, prendendo-me para si.

-O que está esperando?-Falo baixinho fitando seus lábios. 

Ela responde beijando meus lábios com delicadeza, de inicio foram apenas caricias com as línguas até que ela parou o beijo, lambeu meus lábios e depositou um beijinho na ponta do meu nariz. Ela me encarou com os olhos em um tom profundo de castanho e rapidamente voltou a colar os nossos lábios um do outro. Habilidosa ela me afasta da mesinha e me conduz até a porta fazendo barulho ao me empurrar contra a madeira dura atrás de mim. Ela passa o cartão e destranca a porta e a abre, ainda sem cortar o beijo, jogo a pequena bolsa no chão quando percebo que estamos paradas entre o apartamento e o corredor e a empurro contra a porta agora aberta. 

Um barulho de palmas surgiu depois de alguns minutos, nossas respirações estavam descontroladas e entre caricias e beijos, não percebemos que a luz estava acesa e o comodo preenchido por um corpo a mais além do nosso. Lana se afastou de mim bruscamente e nos viramos para ver quem era que fazia tal barulho, fico em choque ao perceber. Os móveis, tv e quadros completamente destruídos, copos e pratos em pedaços espalhados para todos os cantos era a atual visão que eu tinha do apartamento de Lana.

-Ninguém importante não é?-Eric diz relembrando as palavras ditas por Lana no auditório. 

-O que você está fazendo aqui?-Lana diz passando o braço na minha frente e me empurrando para trás de si, como uma especie de proteção ou algo parecido. "O que está acontecendo?"

-Uma visitinha para a minha linda irmãzinha lésbica.-Ele ri e cruza as pernas sentado no sofá grande da sala. Engulo em seco, bom.. pelo menos ele não era marido. 

-Como conseguiu subir aqui?-Lana estava com os olhos arregalados e virava o rosto de vez enquanto para o telefone pendurado na parede ao lado da porta.

-Subornei o porteiro.-Ele diz sério.-Mas me diz... eu interrompi alguma coisa aqui? 

-Nada importante Eric.-Ela diz ríspida e suas palavras me atingem.-Saía daqui.

-Acha mesmo que depois do trabalho que tive para subir, apenas um olhar bravo seu e uma apontada de dedo vão me fazer desistir? 

-Saía!-Ela grita e levo um susto por tal reação.-Eu não aguento mais você!

Os dois se olham feio, igualmente bravos e sinto o clima da sala ficar tenso. 

-Eu não vou sair.-Ele diz sério, fazendo pausa ao falar cada palavra.-Te dou cinco minutos para se despedir da sua putinha. 

Ela se vira para mim e apoia as duas mãos nos meus ombros. Ela me encara com olhos arregalados e cheios de lágrimas, parecia um pouco desesperada, uma Lana que eu nunca havia visto antes, uma mulher cheia de segredos e sofrimentos no olhar. Quando abri a boca para revidar as palavras maldosas que aquele homem tinha falado de mim ela me impediu, empurrando-me para trás fora do apartamento e novamente no corredor.

Ela sai na frente segurando a minha mão e me puxando junto com ela. Apertando repetidamente o botão do elevador até abrir, ela manteve o olhar longe do meu e eu podia sentir por sua mão suada a tremedeira que passava por seu corpo. Sem reação eu apenas a encarava tentando entender alguma coisa daquela situação, eu poderia bombardeá-la de perguntas mas preferi mante-las para mim, ela já estava nervosa o suficiente. Quando as portas do elevador se abriram ela praticamente me empurrou para dentro apertando o botão térreo e esperando pelo lado de fora até que as portas começassem a fechar. Fico parada boquiaberta com toda a sua atitude, antes que a porta se fechasse por completo ela a impediu colocando a mão para para-la. 

-Jennifer.-Ela respira fundo e me olha fundo nos olhos, seu tom era sério.-Me desculp...-Ela fecha os olhos e apoia as duas mãos nas portas do elevador, parando no local onde se fecha.-Eu sinto muito por o que você acabou de presenciar.  Você é uma mulher inteligente...-Ela respira fundo novamente.-Se você for mesmo uma mulher inteligente, você irá pegar o primeiro táxi que encontrar e desaparecerá do mapa, nunca mais irá olhar para mim e muito menos voltar para a sua casa ou a aquela escola. Mas se você for uma mulher estupida.-Ela faz uma pausa e respira fundo novamente.-você irá querer terminar o que começamos nesse corredor. 

Abro a boca para falar mas vejo a expressão desesperada em seu rosto e acabo não falando nada. 

-Não tente saber ou entender o que está acontecendo aqui.-Ela diz rápido.-Apenas... suma. Vá embora e nunca mais volte.-Podia ver lágrimas aglomerando em seus olhos.-Por favor. 

Ela dá um passo para trás e a ultima coisa que vi foi uma unica lágrima descer por seu olho antes das portas se fecharem. Conforme o elevador ia descendo, mais eu entrava em pânico, minha bolsa havia ficado no chão do apartamento dela, meu coração naquele corredor e minha sanidade presa junto ao seu corpo. Eu não conseguia pensar e mal respirava direito, estava em pânico e nem sabia o porque. Sentia um desespero crescente dentro do meu peito, uma sensação de que deixei algo passar lá em cima e que algo estava terrivelmente errado. Que atitude eu devia tomar? O que eu deveria fazer? Subir e não deixa-la sozinha? Correr e sumir do mapa como ela mandou? Ser inteligente ou ser estupida? 

Quando as portas se abrem no térreo eu já tenho minha resposta. Eu sabia exatamente a mulher que eu era, só não sabia se essa era mesmo a decisão certa a ser tomada. 

Apenas nós - MorrillaOnde histórias criam vida. Descubra agora