Capítulo 2

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Lana

Levanto-me toda dura, olho para o despertador indignada, mal podia acreditar que já era segunda e o fim de semana acara tão rápido. Como isso pode acontecer? Acho um absurdo! 

Olho para a minha enorme cama desarrumada e por um segundo imagino que loucuras pode ter acontecido aqui ontem e eu não lembrar de nada. Lembro-me dá figura ruiva de olhos verdes que me acompanhou durante toda a festada do fim de semana, onde diabos ela estava? 

-Rebecca?-Chamo com a garganta ainda ardendo por causa do excesso de álcool. 

-Oi!-Ela grita do lado de fora do quarto, provavelmente na cozinha. Abro a porta e saio para poder procura-la, a vejo de pijama toda descabelada e fazendo panquecas.-Bom dia bela adormecida, dormiu bem? 

-O sono foi tranquilo, a pior parte ta sendo sobreviver a essa ressaca.-Digo colocando a mão na cabeça. 

-Acho que tem remédio na escrivaninha.-Seus olhos vão junto ao meu para a escrivaninha da sala e encontramos uma caixinha do remédio. 

-Eu vou tomar um banho... ainda tenho um emprego, lembra?-Digo e vou andando para o banheiro enquanto tiro a blusa fina que usava e a jogo no canto. 

-Como assim? Você vai hoje?-Rebecca pergunta espantada.-Mas você ainda tem duas semanas de férias. 

-Eu sei... e eu não tenho mais nada do que fazer. Já viajei para todos os lugares que precisava e descansei o suficiente, olha para esse apartamento enorme e para mim.-Me viro para ela semi nua, apenas vestindo um short curto.-É assustador, se imagine ficando sozinha dentro dessa casa? As paredes praticamente devoram você! 

-Você sabe que eu não sou obrigada a ficar vendo os seus peitos logo de manhã né?-Rebecca diz e eu olho para os meus seios eretos pelo frio. Revirando os olhos eu entro no banheiro e fecho a porta. 

Depois que tomei banho, me sento na mesa de café com Rebecca, que estava entretida em um jornal que o porteiro havia mandado entregar. 

-Você tem razão.-Ela diz agora com os olhos fitando as paredes do comodo que estávamos.-Você precisa começar a mudar as coisas por aqui, olha para esse lugar e para você.-Ela faz uma pausa olhando para o meu rosto.-Você precisa deixar esse lugar, se mudar para outro que tenha mais a sua cara e a sua essência. 

-Você sabe que eu não posso fazer isso. Eric me mataria.-Digo bebendo um pouco de café na xícara. 

-Manda o Eric cagar!-Ela diz de um modo engraçado.-Você está parecendo prisioneira do seu próprio dinheiro.

-Eu acho que com as evidencias atuais eu SOU uma prisioneira desse maldito dinheiro.

X

 Depois de sair da sala dos professores vou direto para a minha sala pegar os papéis da chamada, por um segundo eu travo olhando para a minha mesa vazia e totalmente arrumada. Lembro-me das duas novas professoras que acabei de conhecer, eu nem havia sido comunicada que elas iriam começar hoje e muito menos do currículo delas, apesar de acreditar muito no talento de Robert para escolher os melhores para trabalhar ao seu lado eu sempre gosto de ter a minha opinião envolvida com tais negócios. Antes de dar a passadinha anual nas salas enquanto as aulas estão começando, peço a Robert para colocar na minha sala todos os documentos referentes as duas novas professoras. Vou me direcionando a cada uma das salas, como a nossa escola é apenas de ensino médio fui obrigada a separar a cada andar com um ano letivo. O primeiro andar é o de teatro, sala de computadores e biblioteca, alem do refeitório e sala dos professores e minha sala. Segundo andar é apenas no primeiro ano, o terceiro é do segundo e o quarto é do terceiro. O quinto e ultimo é de laboratórios de química, física e biologia.

Quase já na hora do intervalo vou me aproximando do quarto andar e passando por cada uma das salas do terceiro ano, em uma das salas encontro com a professora nova de gramática fazendo uma coisa um pouco inusitada. Como a porta estava aberta eu apensas me apoiei e observei, ela estava no 3C a pior turma do colégio. Eles eram conhecidos e odiados por todo o pessoal da direção, sempre dando muito trabalho para nós. 

Observo atentamente cada movimento da mulher loira de olhos claros totalmente entretida com o objetivo que ela queria alcançar. Os alunos estavam de pé ao redor da sala e as cadeiras todas afastadas para o canto, a professora estava fazendo uma linha vermelha dividindo a sala ao meio com fita sendo ajudada por dois alunos, um deles Jared S. Gilmore, um dos garotos mais adoráveis do colégio e que mantinha um ódio perplexo sobre mim. Na verdade, acho que todos aqui mantinham.

Quando a linha foi finalizada ela começou a falar com os alunos, animadamente e todos começaram a prestar atenção nela. 

-Eu quero que todos segurem essa corda. Vamos fazer um jogo.-Ela diz e entrega na mão de alguns alunos a corda.

-Um cabo de guerra? Serio?-Alguns zombam da cara dela. 

-Sim, um cabo de guerra. Uma dinâmica para trabalho em equipe.-Ela diz empolgada e eu sou forçada a interrompe-la. 

-E quem permitiu essa dinâmica para trabalho em equipe?-Todos os olhos batem sobre mim em questão de segundos e a loira arregala um pouco os olhos ao me ver. 

-Eu..Eu..-Ela gagueja e olha da turma até mim.-Eu achei que não teria problema começar com algo diferente. 

-Você não tem que achar nada, eu tenho.-Digo ríspida e seu olhar treme mas a sua cara se fecha. 

-Novatos.-Um dos garotos debocha.

-Coitadinha.-Uma garota diz lá atrás rindo com ironia.-Vai ser demitida no primeiro dia.

-A gente bem que tentou de avisar.-Jared diz. 

-Desfaçam essa linha e coloquem as carteiras no lugar.-Digo para os alunos que assim que acabo de dizer eles começam a arrumar. 

-Porque está fazendo isso?-A mulher vem até mim, "Qual é mesmo o nome dela?".

-Porque essa é a minha escola, e você está fugindo das regras.-Digo e ela cerra os olhos. 

-Céus, era só uma dinâmica para ajudar a turma!-Ela diz e eu me viro para sair da sala.

-Regras são regras. Você poderia não ter passado por isso se soubesse segui-las.-Digo andando de volta pelo corredor. 

-Eu só estava tentando ajudar, eles se odeiam!-Ela diz após sair atrás de mim no corredor e fechar a porta com força. "Porque essa mulher está discutindo comigo?" Paro e me viro para encara-la. 

-Você está aqui para ensinar gramática e não para "Ajudar" ninguém.-Digo ríspida e me viro de volta para continuar andando. 

-Deve ser por isso que todos aqui odeiam você.-A voz dela saiu quase como um sussurro inaudível mas mesmo assim eu escutei e me virei para encara-la com raiva. Seus olhos arregalaram quando encontraram os meus.-Desculpa.-Ela diz em tom normal

-Escute aqui professora.-Volto andando até onde ela está.-Se você quer permanecer nesse emprego é melhor aprender a seguir as regras, e a primeira delas é NÃO TENTAR ME DESAFIAR.-Digo a cada palavra mais brava.-Essa não chega nem perto da pessoa que as outras pessoas dessa escola odeiam, se você não quer conhece-la pare de me provocar! Siga as malditas regras! 

-Eu não quis provoca-la senhora diretora, apenas quis fazer algo diferente.-Ela diz quase sem voz. 

-Não dê corda para esses alunos, quando perceber tarde demais eles estarão enforcando você!-Olho fundo nos seus olhos.-É isso que você quer? 

-Eu só quero o melhor dos meus alunos.-Ela diz se segurando.

-O melhor dos seus alunos pode significar a sua queda.-Passo a mão por meus cabelos.-Avisada você está, na próxima haverá consequências. Entendida? 

-Sim.-Ela sorri falso. 

-Ótimo.-Me viro novamente e saio andando pelo corredor. 

X


Apenas nós - MorrillaOnde histórias criam vida. Descubra agora