Cap.6 - Jack

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Nós estávamos todos na mesa tomando café. Max mal tocava na comida enquanto falava sobre algo "super importante" com seu amigo Lucky. Enquanto eu e Eva apenas atacavamos a comida em silêncio. Eu mais precisamente. Eu como muito, e por isso meu corpo é cheio, só não sou acima do peso porque saio para caçar com meu pai, mas se não fosse por isso eu provavelmente seria muito imenso. Não que eu tenho problemas em ser gordo, meu primeiro "amor" da adolescência foi uma gordinha. Ela se chamava Nina é era a cachorra de um humano que passeava pelo bosque.

Está bem, estou só brincando, mas Nina foi uma grande amiga, nós até brincávamos juntos quando ela arranjava um tempo para fugir de sua dona. Até que ela se mudou. Eu não sou anti-social, nem nada, apenas não gosto que me chamem de Cinderela ou até que se curvem em reverência quando me vêem por aí. Eu não sou um rei, sou só um cara com duzentos e alguns anos, e uma baita responsabilide nas costas, mas isso tudo não é por eu ser filho do líder, e sim por eu ser homem. Irônico.

Homem têm que fazer isso, e aquilo, e blá blá blá. Eu estava me preparando para pegar o último pão que tinha na mesa quando um barulho alto me fez parar na metade do caminho. Em apenas uma inspiração eu soube quem era.

- Eu disse que eles viriam. - dei de ombros, mordendo o pão. Max desviou seus olhos assassinos para mim, mas nem mesmo moveu um músculo de cadeira.

- Jack! - ouvi Shepley gritando. Meu bom Deus. - Jack!

Senhor. Ele precisa mesmo fazer esse drama? A porta se abriu com brusquidão e eu levantei o olhar, assistindo meu pai entrar com alguns de seus homens, e Shepley atrás de si. Segurei o riso. Eles iriam mesmo fazer uma cena. Oh, família Badwyn.

- Maximus. - papai retrucou entre dentes, seus ombros se aprumando como um rei velho e cansado.

- Badwyn. - Max o cumprimentou com toda a naturalidade do mundo. Como se ao lado dele, meu pai fosse touro pequeno.

- Como ousa...

- Poupe-me o papo furado e leve seu filho. - dito isso, seus olhos encontraram os meus e naquele momento eu quis gritar alto. Não era isso que você queria? ele disse em minha mente e eu tive que me segurar para não lhe dar um soco.

- Mas é meu dever como líder de... - meu pai continuou com toda o seu drama e a sua mania de grandeza.

Suspirei contendo toda a minha raiva, infelizmente algo incomum brotou em minha garganta, algo como um caroço que estava difícil de engolir.

- Não, pai.- cortei-o, me levantando. - Está tudo certo, vamos evitar muita briga por pouca coisa.

- Você está bem mesmo? - ele perguntou em minha cabeça, para que apenas eu pudesse ouvir. Incrível. Nem mesmo em momentos assim meu pai tinha coragem de demonstrar sentimentos para os outros. Se é que ele tinha algum.

Não o respondi, apenas voltei meu olhar para Max que girava o indicador na boca do copo. Um silêncio se instalou em meu peito, e um frio incomum surgiu em minha barriga, deixando minha visão turva, mas só então quando eu passei pela porta eu pude perceber que oque deixava minha visão turva eram lágrimas.

Pisquei tentando afastar aquelas emoções indesejadas, eu conheci o cara a três dias, pelo amor de Deus. No caminho para casa meu pai e seus homens foram na frente, já transformardos em lobos, enquanto eu andava - ainda humano - pelo bosque.

Quando cheguei em casa minha mãe começou um sermão gigantesco e oque eu fiz foi apenas ouvir tudo, ou ao menos fingir ouvir tudo. Quando ela terminou, foi o tempo de meu pai chegar com mais um de suas caças nas costas, meu irmão também trazia algo. Caçar e matar outros animais, em meu clã era motivo de orgulho.

Lua Cheia (Romance Gay) - Crônicas Lunares Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora