Cap.17 - Maximus

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- Não tem jeito! - Elisa Badwyn saiu do quarto de Jack com uma bandeja. Ela estava levemente vermelha e praticamente soprava fogo pelas narinas. - Jackson é um infantil! Simplesmente não quer tomar o remédio.

Arqueei minhas sobrancelhas. Já fazia mais de meia hora que Elisa entrava no quarto e saia cada vez mais furiosa. Ela dizia que Jack recusava a tomar o remédio.

- Todos tentamos. - resmungou Shepley - o irmão mais novo de Jack. - É uma total perca de tempo.

Ele falava como se não houvesse mais solução. Era ridículo que eles não se empenhassem mais para fazê-lo ceder. E decidi que se eles não o fizessem, alguém teria que fazer. Com um suspiro pesado levantei da cadeira onde estava sentado e pegueu o frasco de remédio que estava encima da bandeja. Era completamente inadmissível que Jack se recusasse a melhorar, ele só precisava do incentivo certo.

- Me dêem um minuto a sós com ele. - murmurei enquanto girava a maçaneta e empurrava a porta. O quarto estava uma escuridão completa, demorei alguns segundos para enxergar Jack deitado à cama. Apesar da penumbra pude tatear seu rosto carrancudo e me ferveu o sangue ver os poucos cortes e hematomas que ainda seguiam sobre seu corpo. Jack parecia ter uma ímã para tragédias.

- Ótimo! Mandaram mais um para me aborrecer? - exclamou ele, dramaticamente. - que comece a sessão de tortura!

- Fico contente que esteja bem o suficiente para despejar sua dose de sarcasmo.

Minha voz fez com que ele saltasse da cama e abrisse os olhos como pratos. Em todos os dias em que ele esteve em repouso não permitiu minha entrada ao quarto e isso também me irritou, pois eu desejava saber como ele estava e tudo o que me diziam é "sinto muito, ele não deseja te ver". Que demônios isso significava? Ele me ignorou subitamente por dias, e dias sem Jack era como anos, não, décadas sem vê-lo, e isso, ah... isso acabava comigo.

- O que está fazendo aqui? - sua voz soou vulnerável. Franzi a testa enquanto dava um passo para frente.

- Me disseram que não estava colaborando.

Ele deu um passo para trás até que sentasse na cama. Bufou enquanto remexia as mãos em seu colo.

- Fala como se eu fosse um cão. - disse acidamente. - aliás, todos me tratam assim. Como um maldito cão que quebrou a pata.

Ergui uma sobrancelha e me aproximei da cama balançando o frasco de remédio entre os dedos. Um cão? Bom, eu cuidaria disso...

- Deixe de resmungos e tome o remédio. - apertei meus lábios em uma linha firme de persistência. - Vamos, tome. E depois me assegurarei de que ninguém o trate mais como um cão.

Aquilo pareceu interessa-lo. Jack engoliu em seco e me olhou de soslaio. Seus olhos nublados encontram os meus fixamente e eu quase tive a certeza de que meu coração parou. Deus, como ele era perfeito.

- E o que fará? - disse, finalmente.

- Terei uma boa palavrinha com cada um deles.

Ele deu um risinho de quem não acreditava e cruzou os braços, adotando sua expressão zombeteira.

- Shepy me tratou como um cão. - ergueu uma sobrancelha.

- Então Shepley pagará.

- Thomas Ralston também.

- Este pagará em dobro. - silibei mal-humorado. - Agora que temos um trato, que tal o remédio?

Apesar de enrugar o nariz, ele aceitou e tomou tudo após minutos de insistência por minha parte.

- Oh Deus, isso é horrível! - Jack fez uma careta e tomou um gole de água às pressas.

Soltei uma risada.

Lua Cheia (Romance Gay) - Crônicas Lunares Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora