Cap. 20 - Jack (Part 2)

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Durante uma semana me montaram um itinerário, eu acordava, tomava café com Constantine, às vezes jogávamos xadrez ou cartas, mas nunca jantavamos juntos. Não era como se fossemos amigos. Não. Eu não queria ser amigo daquele homem mas era inevitável que ele não me envolvesse em uma conversa.

- Me diga, já visitou uma aldeia? - ele perguntou certo dia, quando estávamos em um partida de pricot.

Olhei para minhas cartas franzindo os lábios. Fazia quase duas semana em que Belzebu estava me mantendo prisioneiro, e ainda nenhum sinal de Max. Nem do bastardo chamado Nathaniel Kingsford.

- Meu pai não deu nenhuma notícia? - perguntei, ignorando sua pergunta. Constantine sorriu como um tubarão.

- Não é isso o que realmente quer perguntar.

Isso. Eu odiava sua facilidade para me ler. Não podia estar tão óbvio assim.

- Responda.

- Sim, seu pai entrou em contato. - ele cruzou as pernas elegantemente. - Wang me disse que cada dia que passa seu namorado está mais desesperado.

Engoli em seco, ignorando sua provocação.

- Eu não quero mais jogar. - me levantei de minha cadeira, mas com apenas um olhar Constantine fez com que eu congelasse em meu lugar.

- Sente-se.

- Eu já disse que...

- Nunca se esqueça, Jackson, - ele murmurou com a voz perigosamente calma. - de que toda ordem minha deve ser seguida.

Enruguei a testa mas voltei a me sentar.

- Não estou fazendo isso por que devo seguir alguma ordem sua, até por que você não é nada para mim, estou fazendo isso por que dou valor a minha vida e sei do que é capaz.

Um familiar resmungo de reprovação chegou aos meus ouvidos.

- Meu Lorde está sendo mal educado? - Wang entrou na sala deixando-a estranhamente melhor.

- Dificilmente eu nunca estou. - Constantine cantarolou.

- Nathaniel está chegando. - Wang contornou e minhas entranhas se contorceram pela ansiedade. - Eu devo avisar, ele é extremamente grosseiro e repugnante e se você voltar a aceitar serviços desse tipo eu me demito.

- Demitir? - o lorde soltou um grande "haha" de deboche e se encostou na gigante poltrona em que estava. Ainda assim seus olhos carregavam uma sobriedade assassina. - Esse é o último de que preciso, eu também já estou cansado disso, tenho malditos inimigos por todos os quatro cantos do mundo, preciso de uma folga.

- Você precisa de uma folga? - o senhor Wang Li plantou as mãos na cintura, hoje ele usava roupões azuis claros com uma faixa amarrada na cintura. - Você?

- Você está estranhamente mandão ultimamente. - constantine constatou as unhas arranhando o rosto. - Talvez eu precise mesmo umas férias de você.

Eu não pude segurar a primeira risada em dias, quando vi o senhor Wang Li ficar vermelho pimentão e abrir e fechar a boca, ele nunca perdeu a paciência desde que eu estava aqui, apenas ocorria de ocasionalmente se irritar com alguém comentários de seu Lorde, mas ele nunca ficou tanto indignado. Ele bufou e soprou, parecendo um touro muito, muito bravo. Virei para o lado e vi Constantine pouco ciente de tudo, um livro em seus longos dedos em uma linguagem que eu tampouco conhecia. Aquele foi o fim da gota para Wang Li, que cuspiu a palavra "boboca" e saiu revoltou da sala. Ele só reparou o que aconteceu quando a porta bateu, seus olhos encontraram os meus.

Lua Cheia (Romance Gay) - Crônicas Lunares Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora