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Eu fiquei dias sem sair de cada depois do que Alexandre fez. Eu evitava atender qualquer pessoa que viesse em casa, inclusive minha mãe. Eu não queria ter que explicar como eu estava me sentindo e ter que dizer a alguém que tudo ficaria bem, sendo que não ficaria. Eu não queria o olhar de piedade de ninguém. Eu já estava sofrendo demais pra lidar com isso também.

Aguardei notícias de Alexandre, que evaporou do mapa. Depois de terminar comigo por não poder lidar com a minha doença, ele ao menos mandou uma mensagem de texto perguntando se eu estava bem. Apesar da vontade imensa de ligar pra ele e implorar para ele ficar ao meu lado, eu não fui atrás. Alexandre se tornou o menor de meus problemas naquele momento.

Os dias foram passando e resolvi retornar no consultório do Dr Mateus para ouvir o que mais ele tinha a dizer a respeito do meu quadro clínico. O choque foi tão grande com a notícia, que eu não quis ouvir nada do que ele tinha tinha a me dizer. Mesmo depois de quinze dias tentando assimilar a notícia, eu ainda tinha muitas dúvidas. Coloquei a primeira roupa que vi na frente e fui para o prédio onde era seu consultório. Assim que estava fazendo meu cadastro na portaria, vi Dr Mateus saindo do elevador indicando que já ia embora. Ele olhou de relance pra mim, mas parou no meio do caminho e veio em minha direção.

-Mariana? - ele perguntou surpreso.

-Oi... - respondi sem graça.

-Você veio no meu consultório?

-Sim... eu sei que não marquei consulta, mas decidi arriscar.

-Eu estou indo almoçar, você quer ir comigo?

-Eu não quero atrapalhar... eu volto outro dia.

-De forma alguma! Vamos!

Sorri sem graça e fui até ele que nos encaminhou para fora do prédio. Nós dois fomos andando devagar na calçada até o restaurante que era a um quarteirão de distância. Assim que nos sentamos, Mateus olhou para mim diferente de todas as pessoas. Ele não me olhava com pena e dó. Ele me olhava como se eu fosse uma pessoa normal que não estaria passando por algo tão ruim naquele momento.

-Então... como está se sentindo? - ele perguntou sorridente.

-Bem... na medida do possível.

-Isso já é uma grande coisa! -Mateus falou animado.

-Acho que sim. - sorri.

Pedimos o prato principal e Mateus me contou que não parou de pensar no meu caso desde que eu havia saído de seu consultório. Ele explicou que queria ter conversado comigo melhor, mas que eu saí tão abruptamente do consultório, que ele mal teve tempo de impedir.

-Me desculpe por aquele dia. Eu fui extremamente grossa sem que você merecesse. Foi tudo uma grande surpresa e eu reagi da pior maneira. - lamentei.

-Não se preocupe. Eu deveria ter sido mais cuidadoso com as palavras.

-De forma alguma. Eu que distribui grosseria. - afirmei ligeiramente envergonhada.

-Você não foi grossa! Longe disso! - ele riu - Eu já levei um soco uma vez. Então nada do que você fez ou disse fez com que eu levasse para o lado pessoal.

-Um soco? - perguntei chocada.

-Sim. Mas não raras vezes que acontece.

-Ai Meu Deus! - falei rindo.

-Viu só? Tirei um sorriso seu.

Sorri envergonhada e tomei um gole do meu suco. Ser tratada sem pudor naquela momento estava sendo muito importante para mim. Assim que os pratos vieram, Mateus levantou seu copo de suco e fez um brinde.

Com Amor, MarianaOnde histórias criam vida. Descubra agora