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Mateus e eu fizemos o caminho de volta em silêncio. Eu não sabia o que dizer e meuito menos ele. Eu entendia que a situação era delicada para ele também, então não fiz drama algum. Apenas fiquei na minha tentando assimilar tudo o que havia acontecido.

Ao chegarmos na porta de casa, Mateus segurou meu braço ao me despedir dele.

-Posso subir? Esqueci a chave de casa.

Eu assenti e Mateus desligou o carro e fomos para meu apartamento em seguida. Ao entrarmos em casa, Mateus fechou a porta e eu fui para o quarto me sentindo completamente exausta. Ele veio atrás de e se sentou ao meu lado.

-Eu sinto muito que tudo tenha acontecido dessa forma. Eu sinto muito por você ter que presenciar aquela cena e principalmente por ter ouvido todo o veneno que Bianca fez questão de soltar. Eu só não quero que isso tudo estrague o que quer que nós temos. Eu entendo que foi uma situação chata e se você permitir, farei de tudo para me redimir.

Olhei para Mateus sem acreditar em suas palavras. Como ele poderia se sentir culpado por tudo o que aquela bruxa havia dito. Ele era uma vitima assim como eu.

-Mateus, não vou mentir pra você; foi sim um choque como tudo aconteceu, mas em momento algum eu te achei culpado. Claro que não fomos certos em ter nos beijado ou algo do tipo enquanto você ainda namorava e eu nunca irei me perdoar por isso, mas nada do que ela disse foi culpa sua. Ela estava chateada, se sentindo traída, amargurada e eu a entendo completamente. Acho que se eu estivesse no lugar dela, teria agido da mesma forma.

Mateus assentiu e concordou comigo. Talvez ele não tenha pensado em como Bianca havia se sentindo nessa historia toda.

-isso tudo é uma droga!

Mateus falou se jogando para trás na cama. Sorri de sua atitude e fiz o mesmo. Ficamos daquela maneira por um tempo quando Mateus se levantou e veio se despedir.

-Você não pode ficar? – perguntei baixo. – Eu não quero ficar sozinha hoje.

-Não precisa pedir duas vezes!

Mateus falou rindo e tirou o sapato se jogando completamente em minha cama. Achei sua atitude uma graça e forcei minhas borboletas estomacais dormirem e me deixarem em paz.

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Acordei na manhã seguinte sozinha, e como sempre Mateus deixava um rastro. No travesseiro ao lado do meu havia uma pequena sexta de café da manha, com um botão de rosa branca e um cartão. Abri o cartão com ansiedade e o sorriso bobo surgiu em meu rosto ao ver a letra de Mateus.

Má, tive que ir trabalhar, mas encomendei essa cesta para que você tenha um café da manha digno e fique alimentada da forma que deve ser. Nos falamos mais tarde, Mateus.”

Eu claro sorri como uma adolescente e comi praticamente tudo o que havia naquela pequena sexta. Conforme eu ia provando os diferentes tipos de pão, fiquei pensando que horas Mateus havia improvisado aquilo e fiquei ainda mias derretida com sua atitude. Peguei o botão de rosa e inalei seu perfume doce. Terminei de comer e peguei no sono logo depois ainda com ela em minhas mãos.

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A noite Mateus passou em casa para jantarmos juntos e não tocamos mais no assunto Bianca. Eu não queria me chatear lembrando do que havia acontecido na noite anterior e  muito menos que Mateus se chateasse também. Então jantamos em paz. Enquanto lavávamos a louça, Mateus perguntou quando eu iria fazer a quimioterapia.

-Eu não sei... não sei o que é necessário.

-Então irei te passar as guias dos exames necessários para que você faça o quanto antes.

Assenti e fiquei em silencio se era o certo a se fazer.

-Dê uma chance Má. Se após algumas sessões você não sentir bem, você tem todo direito de parar.

-Você não vai ficar bravo?

-De forma alguma. Eu só quero o seu bem.

Sorri em resposta e Mateus mudou de assunto para não estragar o clima de tranqüilidade que havíamos conquistado.

Antes de Mateus ir embora, ele me entregou um pedido médico com todos os exames necessários para que eu pudesse iniciar as sessões. Passei dias fazendo exames de imagem e de sangue e quando estavam todos prontos, fui encaminhada para o dentista. Eu fui informada que antes de iniciar uma quimioterapia, é necessário verificar se existe algum processo inflamatório no organismo e por sorte eu não tinha nenhuma cárie ou nada que pudesse atrapalhar esse processo.


Com Amor, MarianaOnde histórias criam vida. Descubra agora