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Mateus estava tão animado com a lista que não tive coragem de dizer que eu não tinha vontade de fazer absolutamente nada. Eu só queria ficar encolhida na minha cama esperando que tudo isso não passasse de uma fase e acabasse logo, mas como não era, fingi entusiasmo ao ver sua empolgação. Ele não deixou que eu lesse a lista então eu estava torcendo para que não tivesse nenhum esporte radical incluso, senão eu morreria do coração e não do câncer.



No dia seguinte Mateus deixou um bilhete ao sair para o trabalho dizendo para que eu me arrumasse e estivesse pronta as 13h00, pois almoçaríamos juntos. Mesmo sem vontade alguma de sair de casa, fiz o que ele pediu e no horário combinado Mateus passou para me pegar.



Ele nos levou para uma hamburgueria cheia de classe. Os garçom usavam vestimentas de exercito e as música que estava tocando eram do Elvis Presley. Apesar de me sentir enjoada, eu consegui comer razoavelmente bem. Mateus parecia mais agitado que o normal e percebi que ele estava tramando alguma coisa.



-Você está bem? - perguntei desconfiada.



-Estou bem sim, por que?



-Porque você está estranho... - sorri.



-Não é nada demais, só um caso difícil que atendi hoje.



-Sinto muito...



Mateus começou a me explicar sobre seu novo paciente enquanto almoçávamos. Depois de comermos a sobremesa, Mateus pegou seu celular e disse que teria que voltar para o consultório. Pediu que eu o aguardasse na entrada da lanchonete enquanto ele pagava a conta e fiz o que ele pediu. De repente Mateus sai mais que depressa da lanchonete e fala para mim:



-Corre Má, Corre!



Sem entender absolutamente nada agarrei sua mão e corri como uma desgovernada pela calçada lotada de gente. Conforme íamos nos distanciando do restaurante, diminuímos o ritmo e pouco tempo depois paramos. A gargalhada que saía de mim era algo anormal que nunca havia acontecido em toda a minha vida. Olhei para Mateus que ria junto a mim e o puxei para um beijo que foi retribuído imediatamente. Como nós dois estávamos sem fôlego por causa da corrida, interrompemos o beijo respirando fundo.



-Não me diga que cometemos algum crime. - falei ainda sem fôlego.



-Nada grave! Eu acho!



Mateus afirmou rindo me fazendo rir com ele. Por mais que eu soubesse que ele estava mentindo, eu me senti completamente leve. Por causa da adrenalina, eu esqueci da minha doença, esqueci da minha condição física e que eu morreria em breve. E se não fosse por Mateus com suas loucuras, eu não teria me sentido tão bem mesmo que por poucos instantes.



Mateus segurou minha mão e a levou para os lábios dando um beijo. Sorri com seu gesto e ele suspirou.



-Espera aqui que eu já volto. Vou lá pagar a conta! Ser preso não está na lista!



Comecei a rir e Mateus me deu um beijo nos lábios e voltou correndo pelo caminho que nós dois fizemos. Fiquei pensando nas coisas que ele provavelmente havia adicionado na lista e continuei a rir. Mateus era extremamente maluco.



Mas era o meu maluco.


Com Amor, MarianaOnde histórias criam vida. Descubra agora