...2...

1.3K 142 14
                                    

Contar para Ju, não foi uma tarefa fácil. Ela que sempre me incentivou a ir ao médico, teria a terrível notícia da minha doença. Eu não queria contar a ninguém, mas ao mesmo tempo eu queria que todos soubessem e me ajudassem a encarar isso. Encarar que aquilo estava acontecendo comigo e que nada mudaria.

Apesar de ter sido liberada pelo dia todo, o único lugar que consegui ir foi para o trabalho. Mandei uma mensagem para Ju a chamando para almoçar e aguardei ansiosa o horário chegar.

●●●

Estávamos sentadas no restaurante que sempre íamos almoçar quando Ju tocou no assunto que eu estava tentando fugir.

-Eai? Descobriu o que eram as suas dores?

-Sim... - tentei me manter forte.

-E o que era? Prisão de ventre? - Ju falou rindo cono sempre fazia.

-Não exatamente... eu.. eu nem sei como te contar isso... eu... ainda não digeri a notícia e precisava contar pra alguém.

-O que aconteceu? Você está me assustando Mari!

-Bom... Meus exames acusaram um tumor no intestino que já está em fase de metástase.

-Como assim? - ela piscava rápido.

-Eu tinha um tumor que se espalhou pela minha barriga e não há nada que possa ser feito. Eu posso fazer as sessões de químio, mas isso não irá me curar. Vai somente prolongar um tempo a minha vida, e acabar com a qualidade dela.

Juliane me olhava de olhos arregalados sem saber o que dizer. Acho que eu também não saberia o que dizer ao receber uma notícia como aquela. Permanecemos em silêncio por um tempo até que Ju tentasse digerir a notícia.

-E agora? - ela perguntou um bom tempo depois.

-Agora eu não sei. Eu não sei o que fazer.

-Você vai fazer a quimioterapia certo?

-Eu não sei...

-Você tem que fazer! Isso pode ter curar sim e...

-Não vai me curar Ju! Não há nada que possa ser feito.

-Eu isso quer dizer o quê? Que você vai morrer? Simples assim?

-Sim! Eu vou!

Juliane me olhou pálida e lágrimas começaram a surgir em seus olhos.

-Por quê? - ela sussurrou tentando segurar o choro.

-É o que estou me perguntando até agora.

Juliane começou a chorar e cobriu o rosto com as mãos. Fui até ela e a abracei da forma que eu pude. Ju que ainda estava sentada agarrou minha cintura e chorou como nunca havia feito antes na minha frente. Ela grunhiu, suspirou, soluçou e implorou para que fosse mentira.

Tentei me manter forte por ela, mas não consegui. Choramos abraçadas sem entender o porquê daquilo estar acontecendo. Choramos por não termos o que fazer.

Depois que nos acalmamos, nos ajeitamos em nossas cadeiras mais uma vez e ela me olhou com muita tristeza no olhar.

-Quanto tempo?

-Semanas, meses, anos. Não quis saber uma data exata.

Juliane assentiu e ficou perdida em pensamentos.

-Você vai contar pra sua mãe?

-Eu tenho que contar...

-Pobre Débora. - Juliane lamentou.

Com Amor, MarianaOnde histórias criam vida. Descubra agora