Contar para Ju, não foi uma tarefa fácil. Ela que sempre me incentivou a ir ao médico, teria a terrível notícia da minha doença. Eu não queria contar a ninguém, mas ao mesmo tempo eu queria que todos soubessem e me ajudassem a encarar isso. Encarar que aquilo estava acontecendo comigo e que nada mudaria.
Apesar de ter sido liberada pelo dia todo, o único lugar que consegui ir foi para o trabalho. Mandei uma mensagem para Ju a chamando para almoçar e aguardei ansiosa o horário chegar.
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Estávamos sentadas no restaurante que sempre íamos almoçar quando Ju tocou no assunto que eu estava tentando fugir.
-Eai? Descobriu o que eram as suas dores?
-Sim... - tentei me manter forte.
-E o que era? Prisão de ventre? - Ju falou rindo cono sempre fazia.
-Não exatamente... eu.. eu nem sei como te contar isso... eu... ainda não digeri a notícia e precisava contar pra alguém.
-O que aconteceu? Você está me assustando Mari!
-Bom... Meus exames acusaram um tumor no intestino que já está em fase de metástase.
-Como assim? - ela piscava rápido.
-Eu tinha um tumor que se espalhou pela minha barriga e não há nada que possa ser feito. Eu posso fazer as sessões de químio, mas isso não irá me curar. Vai somente prolongar um tempo a minha vida, e acabar com a qualidade dela.
Juliane me olhava de olhos arregalados sem saber o que dizer. Acho que eu também não saberia o que dizer ao receber uma notícia como aquela. Permanecemos em silêncio por um tempo até que Ju tentasse digerir a notícia.
-E agora? - ela perguntou um bom tempo depois.
-Agora eu não sei. Eu não sei o que fazer.
-Você vai fazer a quimioterapia certo?
-Eu não sei...
-Você tem que fazer! Isso pode ter curar sim e...
-Não vai me curar Ju! Não há nada que possa ser feito.
-Eu isso quer dizer o quê? Que você vai morrer? Simples assim?
-Sim! Eu vou!
Juliane me olhou pálida e lágrimas começaram a surgir em seus olhos.
-Por quê? - ela sussurrou tentando segurar o choro.
-É o que estou me perguntando até agora.
Juliane começou a chorar e cobriu o rosto com as mãos. Fui até ela e a abracei da forma que eu pude. Ju que ainda estava sentada agarrou minha cintura e chorou como nunca havia feito antes na minha frente. Ela grunhiu, suspirou, soluçou e implorou para que fosse mentira.
Tentei me manter forte por ela, mas não consegui. Choramos abraçadas sem entender o porquê daquilo estar acontecendo. Choramos por não termos o que fazer.
Depois que nos acalmamos, nos ajeitamos em nossas cadeiras mais uma vez e ela me olhou com muita tristeza no olhar.
-Quanto tempo?
-Semanas, meses, anos. Não quis saber uma data exata.
Juliane assentiu e ficou perdida em pensamentos.
-Você vai contar pra sua mãe?
-Eu tenho que contar...
-Pobre Débora. - Juliane lamentou.
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Com Amor, Mariana
Chick-LitMariana é uma garota comum. Alegre, brincalhona e feliz. Vivia a vida sem muitas expectativas e aceitava o que lhe era oferecido vivendo bem dessa forma. Ao descobrir que ela tinha um câncer raro e que tinha apenas alguns meses de vida, Mariana deci...