"O amor é uma fonte inesgotável de reflexão, profunda como a eternidade, alta como o céu, vasta como o universo."
Alfred De Vigny
A chuva fina caía insistentemente, assim que o ônibus parou na rodoviária. Victória desceu do ônibus, assim como os demais passageiros, tentava. Segurava na mão de Valentina, as ruas alagadas e o trânsito quase lento. Depois de algumas horas conseguiu retirar sua bagagem, como também o piano antigo. Demorou, mas depois de algumas horas seu Zé, um vizinho que morava na mesma rua chegou com a caminhoneta para leva-la até a sua residência, ainda tinha o contato dele por isso conseguiu que ele viesse busca-la. Seu Zé era um amigo querido, que sempre ajudou-a, desde que seu pai Malaquias faleceu. Depois de colocar todas as malas e o piano no automóvel ela entrou sentando no banco colocando Valentina em seu colo. Não demoraria, mas logo estaria de volta à sua casa que situava no bairro urbano Rua das Flores.
— Voltou para ficar ou vai vender a casa e voltar? — Seu Zé perguntou durante o trajeto. Victória encarou aquele senhor careca, com barba rala e branca, respondeu sentindo uma emoção intensa.
— Vim para ficar. — O sinhozinho sorriu mostrando dentes amarelados.
— Muito bom de ver de volta, Victória. — Ela agradeceu em silêncio. — Esta cidade nunca mais foi a mesma sem você. Sua mãe nunca mais foi a mesma depois que você se foi. — Ela sabia disso. Mesmo no silêncio ela sabia que Bárbara soube respeitar a sua decisão. Era uma mulher sem estudos, mas tinha algo que nenhum diploma do mundo oferece: Bondade e empatia para compreender uma pessoa só com o olhar. Uma lágrima insistia em descer em sua face, porque uma coisa ela tinha consciência ela nunca veria sua mãe. Sete anos se passaram e Bárbara existiria apenas em suas lembranças. Uma mulher simples e singela, mas dona de um coração gigante. Que olhava o caminho que o outro resolveu seguir sem julgar. Seu Zé percebendo a nostalgia que tudo aquilo causava não tocou mais no assunto. Fez-se um silêncio dentro do carro.
De repente ela viu o veículo entrando na rua em morava. A saudade e tudo que viveu ali veio de açoite, como um vento forte. Trazendo lembranças, saudades, gostos e sonhos antigos. O lugar em que todas as pessoas de seu passado viviam. Há sete anos que ela havia partido. Quando ainda estava grávida e depois daquele dia ela nunca mais teve notícias de Miguel, Antoniel ou Beatriz. E como gostaria que as coisas tivesse continuado daquele jeito, mas os revezes da vida havia feito com que ela refizesse o caminho de volta.
E agora estava ali em frente à sua antiga casa que parecia ter envelhecido em todos aqueles anos. Havia muitos matos pelo jardim que um dia sua mãe cuidou tão bem. Mas a velhice e a osteoporose não permitiram que ela cuidasse daquilo o que mais amava: O jardim. Lágrimas de saudades desceram pelo seu rosto ao pensar em todo o seu passado. E das marcas indeléveis que ele havia deixado. E do outro lado a mansão dos Ferraz toda iluminada. A casa dos seus sonhos. Sonhos irrealizáveis sabia disso.
Observando a mansão iluminada não pode deixar de pensar em Miguel. O homem que mais havia amado na vida. E se perguntou o que seria da vida dele depois de sete anos?
Desceu do carro juntamente com sua filha, seu Zé acompanhou entregando-lhe a chave da casa, quando Bárbara faleceu ele cuidou de tudo.
Firmemente destravou o portão de entrada, entrando. Depois de alguns minutos veio ajudar seu Zé a retirar as malas e o piano, levando tudo para dentro. Depois de retirar tudo, seu Zé partiu, pois ainda tinha que fazer alguns serviços para fazer, prometendo voltar outro dia para colocar as palavras e recordações em dia. Ela foi pagar, mas ele se recusou a receber, apenas agradeceu. Valentina corria livremente pela casa e pelo jardim. Vendo a empolgação da filha não a levou para dentro. Ela começou a remexer nos jardins, sentindo-se penalizada pelas flores quase mortas. Sua empolgação era tanta que não percebeu quando um garotinho de mais ou menos sete anos entrou no jardim, indo até ela.
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FOI O SEU AMOR [COMPLETO]
RomanceSINOPSE: Quanto tempo o amor pode durar? Victória e Miguel cresceram na mesma cidade, de amigos passaram a ser eternos namorados. Mas na mesma proporcionalidade que eles se amavam o sofrimento foi também na mesma intensidade. Nem sempre a vida respe...