CAPÍTULO 07 JANTAR DE NOIVADO

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"Todo homem é poeta quando está apaixonado."

Platão


Era uma noite de lua cheia e o jardim da casa de Valentina estava todo iluminado ela e Isabela havia enfeitado com cores vibrantes e coloridas para receber os convidados. Edgar e Valentina iam oficializar o noivado para os amigos íntimos. Um jantar com poucos convidados, apenas aquelas pessoas mais próximas das duas famílias. E os noivos pretendiam marcar a cerimônia religiosa daqui a nove meses. Valentina estava muito feliz ao se dar conta que se uniria para sempre ao amor da sua vida. Edgar por sua vez estava em plena euforia sabia que o amor que sentia era puro e nada poderia impedir a sua felicidade. Valentina era a mulher da sua vida, de seu coração e do seu mundo.

Os dois recebiam os convidados na entrada principal desejando-lhe felicitações e que aproveitassem o máximo o jantar. Ficou animado quando viu que seus pais chegaram sem a companhia de Alexandra, desde a sua chegada que ela não havia lhe dado trégua. Era um alívio não vê-la ali, pois sabia que ela iria estragar a sua noite. A sua e de Valentina. A música aconchegava o ambiente e os garçons serviam a todos os convidados. Victória conversava animada com os convidados da festa. E em um canto da sala Isabela estava sorrindo ao lado de Artur e outros amigos conhecidos. Observando atentamente notava que todos estavam felizes. De mãos dadas com Valentina sentia a felicidade a inalar todos os poros. A sua felicidade era vibrante. Intensa. Verdadeira. Sorriam animados de algo que havia dito, que o sorriso morreu em seus lábios a ver a prima de sua mãe cruzar o hall de entrada acompanhada de um jovem de mais ou menos 30 e poucos anos. Sorria energeticamente. Trajava um vestido vermelho puro sangue que praticamente deixava os seios quase à mostra. Eles vieram na direção do jovem casal.

— Priminho... — Disse assim que chegou perto com um sorriso provocante. Não gostava quando ela o chamava daquele jeito quase exagerado. — Como vai o lindo casal "meloso"? — Frisou a palavra "meloso" em tom de aspas.

— Estamos bem e felizes. — Valentina respondeu cumprimentando. Não ia se importar com as provocações de Alexandra, ela não iria estragar a sua noite. Não, aquela noite.

— Estamos ótimos. — Edgar disse gélido. Valentina se perguntava muitas vezes o porquê que ele era sempre frio com relação a prima. Beijou na face. — Achei que você não viesse...

— Sentiu minha falta, Ed.. — Céus! Como ela era irritante. Ela sabia que a sua simples presença o deixava com os nervos à flor da pele e por esse motivo fazia sempre questão de o provocar. — Brincadeirinha meus amores! — Falou em um tom jocoso. — Ah permitam que o apresente. Esse é meu amigo... — Foi então que Valentina olhou em direção ao rapaz e disse eufórica.

— Pietro Campbell? 

Pietro Campbell era o maior e talentoso pianista de toda a América Latina

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Pietro Campbell era o maior e talentoso pianista de toda a América Latina. Reconhecido mundialmente. Um jovem muito talentoso que sempre encantou a plateia do mundo inteiro, sempre a arrancar suspiros e aplausos da mulherada. Um jovem rico e que nunca se casou, mas nem por isso deixou de ter as mulheres que desejava aos seus pés. Não acreditava que ele estivesse ali em sua festa de noivado. Não? Só podia ser um clone perfeito do ídolo, essa era a única explicação plausível. Segundo informações da mídia há mais de 20 anos que o astro não pisava em terras brasileiras. Mesmo tendo nascido em berço brasileiro, nunca gostou do Brasil. Sua vida era toda no exterior.

Recentemente, devido ao convite de Beatriz, uma amiga querida e de Alexandra ele resolveu passar alguns dias de férias em solo brasileiro. No primeiro momento achou que o calor seria insuportável, mas agora ali naquela festa ele sentia-se revigorado e bastante atraído pela beleza da noiva de Edgar. Valentina era uma mulher linda, a mais linda de todas as mulheres que tinha conhecido e convivido. Sua beleza inigualável, seu sorriso autêntico preenchia qualquer incômodo ou tédio que estivesse sentindo.

— Sim, sou eu mesmo senhorita. — Respondeu se aproximando e pegando a sua mão e beijando galantemente com um sorriso enigmático. — Alexandra tinha razão ao dizer que a noiva do primo era uma verdadeira princesa. Encantado!

— Encantada estou eu por vê-lo aqui... — Se interrompeu, estava tão emocionada ao vê-lo tão próximo, que sentiu-se nervosa. Sempre havia se espelhado em seu trabalho para aprender tocar piano. Um pouco afastada Beatriz observava a cena com um riso de júbilo em seus lábios, agarrada ao braço de Miguel evitando que ele ficasse a sós com Victória. E vez ou outra lançava olhares discretos na direção de Alexandra. Como se dissesse: Boa Jogada.

Logo mais pessoas vieram cumprimentar o jovem astro e todos queriam autógrafos. Victória também veio lhe dar boas-vindas, pois também o admirava. Quem não ficou muito animado foi Edgar, pois tinha a impressão que ele estava flertando com sua noiva e futura esposa. Por que diabos Alexandra tinha trazido ele para o seu jantar de noivado?

Depois de alguns momentos o jantar foi servido e todos se sentaram à mesa para saborear o cardápio da noite. Mas antes disso Edgar fez o pedido oficial a Valentina ao qual todos bateram palmas e desejaram muitas felicidades aos noivos.

— Pelo visto eles vão se casar mesmo. — Artur comentou com uma amargura ao lado de Isabella, que encarou durante algum tempo em seguida disse.

— São dias contados. — Disse aquilo só para que ele sofresse, da mesma maneira que ela sofria por um amor não correspondido: O dele. — Esses são uns dos casais que foram feitos um para o outro e não adianta nada ter torcida contra. — O garçom ia passando e ela pegou mais uma taça deixando a outra vazia e se afastou dele pisando firme e furiosamente no chão. Como ele era um tolo, sofrendo por alguém que nunca iria notar a sua presença, assim como ela, bebendo o líquido da taça em um só gole.

— Pelo visto não adiantou muita coisa a presença de Pietro. — Alexandra dizia com raiva em um canto afastado da sala para Beatriz. — O casalzinho meloso não se aparta em nenhum momento. — Bebeu mais um gole de champanhe.

— Calma minha querida! — Beatriz disse tentando tranquilizar e retirando a taça de suas mãos. Sabia que ela não podia se exceder. A bebida nunca lhe fazia bem. — Tudo ao seu tempo. — Sorriu confiante. — Você estava tão próxima de Edgar que não percebeu como ele ficou enciumado com relação a Pietro.

— E isso é bom? — Questionou-a.

— Isso é ótimo, meu bem! — Beatriz riu e Alexandra fez o mesmo.

A festa continuava intensa e fervilhante, todos os presentes comiam, bebiam dançavam e conversam entre si. Victória pediu que Pietro tocasse piano e que prontamente foi atendida, mas com a promessa que logo depois Valentina também iria tocar, pois segundo Alexandra ela tocava divinamente.

Depois que Pietro deixou a cadeira ao lado do piano, Valentina sentou-se concentrada e iniciou o acorde tocando belamente a canção do (Roberto Carlos Outra Vez) aquela que sua mãe havia lhe ensinado desde criança.


A canção começou e de repente Victória se viu de volta ao passado aos seus 20 anos ao lado de Miguel dançando na chuva no jardim de sua casa ao som da música de Roberto Carlos. Era como ver a sua vida inteira passar em câmara lenta. E Miguel por sua vez também se viu tele transportado para o passado. Um passado longínquo. Distante.... Quase palpável ali naquele momento. Poderia ir até ela e tirá-la para dançar, sabia que ela não recusaria, pois tal como ele também havia retornado ao passado pelo poder daquela canção.

De repente era como se todas as lembranças saltassem aos seus olhos e dançasse ao som daquela canção que por tantas vezes tinha embalado os corações dos jovens apaixonados.

Mas apenas ficaram ali naquela sala a se olhar como se estivesse assistindo a um filme romântico. Como se aquelas histórias não pertencessem a eles e sim a outras pessoas que não existiam mais.

Logo depois a canção terminou e eles se viram de volta a realidade. Ao mundo real. Ao mundo em que eles faziam parte. Cada um em seu canto. Com suas histórias. Com suas lembranças. Apenas interligados por lembranças do passado. Passados diluídos no tempo, mas que mesmo assim ainda brilhavam nos olhos um do outro.


FOI O SEU AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora