CAPÍTULO 38 DESOLADOS

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"Toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia."

William Shakespeare


A caminhada final. A multidão desolada pela tragédia.

O começo do adeus.

Artur um rapaz jovem, generoso, sorridente, alegre feliz com a vida. Amigos de todos. Não merecia ter tido uma morte como aquela. O tiro não era para ele. Edgar pensava acompanhado o cortejo. Ele só estava no lugar e na hora errada. O que ele dissera antes de morrer era que tinha ouvido o bandido falando ao telefone por isso seguiu e teve aquele triste fim. Mesmo quase sem forças, agonizando ele havia feito o retrato falado, mas a polícia ainda não havia capturado.

Aquele momento era o mais sofrido de todos. Isabella estava muito triste, Valentina segurava sua mão durante o trajeto sabia o que a amiga estava sentindo. Era uma dor imensurável perder alguém que amava. Pedro estava próximo de Isa e sentia profundamente por sua perda. Todos que ali se encontravam estavam desolados.

Depois de algum tempo chegaram ao cemitério, o padre rezou pela alma do rapaz. Todos choravam quando o caixão desceu na sepultura. Entre flores, lágrimas e dor a sepultura foi fechada e a multidão se dispersando. Antes de partir Isabella disse saudosa.

— Eu sempre vou amar você!

Valentina esperou ela rezar por Artur em seguida a levou para casa.

***

Depois do enterro Victória decidiu ir ao hospital, segundo Miguel, Beatriz queria conversar com ela. No primeiro momento se recusou. Queria ficar o mais longe possível. Não sabia o que ela teria para lhe dizer.

Na noite anterior ficara até tarde conversando com Miguel ele desabafou que Edgar não era seu filho de sangue. Viu o quanto ele estava sofrendo com aquela certeza. Beatriz tinha sido muito cruel. Mentiu e enganou a todos. Edgar não havia voltado mais ao hospital depois da revelação. Estava magoado com mãe. Todos ali sofriam com todas aquelas tragédias.

Refletindo sobre tudo o que vinha acontecendo ela entrou no quarto que Beatriz estava, ela estava com o rosto voltado para a janela e não viu ela chegando. Notou o quanto ela havia envelhecido vestígios de sua doença precoce. Não tinha mais aquele ar juvenil de soberba e cinismo que havia acompanhado a sua vida outrora. O que estava a sua frente era uma mulher arruinada acometida pelo remorso e a culpa. O tempo era um exímio cobrador. Vê-la naquela situação não pode deixar de sentir pesarosa. Sabia que a culpa e o remorso a destruíra muito mais que a própria doença.

— Olá! — Disse. Ela virou o rosto em sua direção e tentou sorrir.

— Que bom que você veio. — Falou com dificuldade. — Sente-se. — Indicou uma das poltronas ali ao lado da cama. — Tem uma coisa que você precisa saber.

Victória foi até o assento silenciosa. Não sabia o que dizer. Dizer que sentia muito era acreditaria que ela só estava sendo educada. Nunca havia sido amigas. Esperou que ela falasse algo, mas o silêncio permanecia.

— Como você se sente? — Perguntou pois não aguentava mais o silêncio.

— Com muitas dores. — Respondeu. — Miguel falou com você. — Não era uma pergunta, uma constatação, por isso permaneceu em silêncio. — Ele já te contou que não é o verdadeiro pai de Edgar. — Ela acenou confirmando. — Deve estar pensando que eu sou uma mulher horrível.

— Eu...

— Por favor só me escute sem me julgar. — Interrompeu. — Deixe isso para a minha consciência, que já é deveras bastante cruel. — Fez uma pausa para respirar. — Como sabe eu tive uma irmã e uma sobrinha. — Alexandra, ela pensou. — Só que eu fiz muito mal a ela e por isso nos afastamos. Sinto muitas saudades dela pois sei que jamais a verei de novo. — Fez nova pausa. — Eu queria ter a chance de me reencontrar com ela e pedir o seu perdão, mas isso não será mais possível. Porque sei que ela está morta, mas minha sobrinha está viva...

FOI O SEU AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora