CAPÍTULO 15 ACENANDO

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"A despedida nem sempre é um adeus. Pode ser um "até logo", mesmo que o logo ainda seja demorado."

Mário Pires

Quando Valentina voltou para casa a sua visão estava embaçada pelas lágrimas. Tudo dentro dela doía e sentia toda aquela dor rasgar-lhe o peito. Por mais que soubesse que a história deles não tinha mais solução, no fundo doía perceber que tudo entre eles estavam perdidos para sempre.

Agora cada um iria seguir caminhos diferentes e aquele amor seria mais uma lembrança do passado. Uma das suas boas e mais belas lembranças. Sua mãe aguardava na sala, assim que a viu adentrar a sala, olhou-a com um olhar pesaroso e de alguma se viu de volta no passado. Sentindo a mesma dor. A mesma angústia e o mesmo vazio.

Olhou carinhosamente e se atirou em seus braços chorando descontroladamente. Victória abraçou com muito amor e deixou que ela chorasse. Dizem que as lágrimas tem o poder de lavar nossa alma e apagar a nossa tristeza.

— Chora minha querida! — Dizia afagando em seu ombro num gesto de puro amor. — Coloca para fora toda essa dor abrigada em seu peito. — Durante muito tempo ela chorou, aos poucos foi diminuindo e enfim as lágrimas foram secando.

— Foi tão difícil me despedir dele. — Confessou olhando nos olhos de sua mãe. — É doloroso constatar que tudo entre a gente se acabou assim.

— Eu sei, meu amor! — Ela compreendia. — O que eu posso dizer? — Ela fez uma pausa. — Que um dia essa dor vai diminuir. E um dia ela irá passar.

— E o que restará? — Questionou tristemente. — Só o vazio? — Estreitou as sobrancelhas.

— Eu também já senti o meu mundo ruir dessa forma. — Ela encarou-a espantada com aquela revelação. — No primeiro momento a gente sente uma dor imensurável. Eu diria até que custa a passar, mas um belo dia passou e só restou uma lembrança boa de uma parte de minha história.

— E a senhora sobreviveu. — Afirmou.

— A gente sempre sobrevive, meu anjo! — Afagou seu rosto. — E você também irá sobreviver! — Confirmou. Ela sorriu.

— E quanto a essa amor o que irá acontecer? — Ela riu. — A resposta nós não sabemos. Quem sabe um dia essa dor não dê espaço há um novo sentimento.

— Igual ao que aconteceu com você e o meu pai? — Interrogou. Victória pareceu refletir sobre aquela pergunta. Há muitas coisas em seu passado que Valentina não imaginava. E era melhor que aquilo continuasse como estava. Sorriu meigamente.

— É... — Respondeu e mudou de assunto. — Sabe, fiz aquela sopa que você adora...

— Hum que delícia! — Ficou animada. Era sopa de legumes com frango desfiado e ervilha. Isa estava na cozinha terminando de preparar. Logo mais Artur chegou e todos sentaram-se a mesa para jantar. E o ambiente voltou a ficar animado. Sem lágrimas ou tristeza. E os quatro se divertiam muito. Depois foram assistir um filme na televisão. A Era Do Gelo que Valentina amava. Segundo ela queria chorar um montão.

***

O dia amanheceu com os raios de sol iluminado a cidade maravilhosa que ela vivia. Olhou pela janela e se perguntou quando veria novamente aqueles raios solares entrando pela janela de seu quarto. Isa e Artur dormiram em sua casa pois eles iria a acompanhar ao aeroporto.

Logo ela cuidou em se arrumar e tomou o seu café da manhã e todos fizeram o mesmo. Depois de tudo pronto, as malas Artur já tinha colocado no carro. Ela caminhou pelo jardim com o rosto banhado pelas lágrimas. Notou que o jardim que era o seu encontro de amor com Edgar estavam tristes, como se sofresse com a sua partida. Ficou durante alguns minutos saboreando aquele silêncio de paz e sentindo uma saudade antecipada das coisas que jamais poderia ter.

Em seguida caminhou para o carro aonde os outros a aguardava sorriu com o semblante triste. E os demais também estavam tristes. Aquela despedida iria partir a sua alma, mas o que fazer? Ela havia feito a sua escolha e agora tinha que seguir ao pé da letra.

Notou que alguns dos seus vizinhos aparecia na janela de suas casas e a acenavam, ela retribuiu a todos com tristeza no olhar. Antes de entrar no automóvel olhou em direção a mansão dos Ferraz. E de repente na janela do quarto de Edgar ele estava lá a olhar em sua direção com o olhar triste. Durante algum tempo se olharam. E registrou para sempre a lembrança daquele amor. Aquele amor que sempre o acompanharia aonde ela fosse. Aquele amor que seria eterno em sua lembrança. Ele levantou a mão acenando e uma lágrima rolava em seu rosto. Antes que ela retribuísse o gesto, Alexandra apareceu ao seu lado também acenando com um sorriso de deboche e vitória em seu rosto. Ela os encarou profundamente. Em seguida levantou a mão e entrou no carro, que imediatamente seguiu em direção ao aeroporto e a sua cidade ia ficando para trás, cheio de marcas indeléveis.

Ao chegaram ao aeroporto logo fez o check-in. E de repente se viu abraçada pelos quatros e muitas lágrimas desciam dos olhos de todos.

Logo ela seguia para o portão de embarque deixando os outros para trás e muitas e muitas lágrimas deixadas no caminho.

FOI O SEU AMOR [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora