Flores Da Guerra ( Presságio Sobre O Corona Vírus )

Os Olhos Castanhos

Por volta das nove horas da manha chegamos a conclusão de que ninguém iria vir nos buscar. Era a segunda vez em tão pouco tempo que as coisas davam erradas pra gente, naquele momento a minha cabeça estava confusa, eu já não sabia se tudo iria sair como o planejado, eu não sabia pra quem eu deveria pedir ajuda, já não sabia se o certo era ir embora e deixar nossa famílias para trás, eu não sabia se no fim eu iria sentar em uma grama verde, sentir o vendo correr e ver meu filho crescer. eu não sabia se eu estava sendo o que minha esposa esperava de um bom marido, meus pais . . .

Um telefone foi capaz de fazer com que todos os pensamentos se dispersarem em segundos, não sabíamos de quem era o numero, a ligação se encerrou, nossos olhos cerrados se cruzaram, ninguém teve a coragem de atender, aquilo era um risco, estávamos fugindo de um governo criminoso, aquela ligação poderia ser uma armadilha, já que o táxi não apareceu como o planejado. Outra vez o silencio, novamente um telefonema e os olhos se cruzando, como se um estivesse esperando pelo outro para que algo fosse feito.

Sarah caminhou em direção ao telefone, todas a olhavam, me adiantei e cheguei antes que ela pudesse pegar o aparelho, fiz um gesto com a cabeça na tentativa de afasta lá, ela me olhou com aquele olhar de " ou voce atende, ou eu atendo", esbocei levemente um sorriso e peguei o aparelho antes que parasse de tocar. Ela me olhava, e naquele momento eu sabia que ela se orgulhava por eu ser quem eu era, e eu podia ver isso naqueles olhos castanhos pelo qual eu me apaixonei. Eu sabia que poderia estar em qualquer lugar do mudo, passando por qualquer coisa que pudesse me causar risco, e eu sempre teria a certeza, de que, aquela mulher era e sempre seria o amor da minha vida e que por mais que fosse as dificuldades eu nuca perderia aquele sentimento por ela. Aqueles olhos castanhos sempre conseguia me levar pra casa.