O Jogo Da Conquista - Livro II

Capítulo 4

Duas semanas depois

Daniel

Estava de volta e estava bem melhor. Acho que ficar isolado durante duas semanas me fez bem. Fui para minha casa na Serra e sinceramente, não poderia ter feito escolha melhor. Foi como se eu tivesse me renovado.

[...]

Cheguei na revista falando com todos, acho que voltei a ser o Daniel de antes. Algumas pessoas me olharam surpresas, outras apenas sorriram e continuaram seu trabalho.
-Bom dia, Érica. - falei e vi minha secretária ficar surpresa.
-Oi, quanto tempo.
-Verdade, como andam as coisas por aqui sem a minha presença?
-Estão meio enroladas, mas nada que o Edu não resolva.
-Isso é bom. - afirmei. - Muita coisa para eu fazer?
-Bastante, mas acho que você consegue organizar rapidamente. - piscou e eu ri concordando.
-Quero te pedir duas coisas.
-Pode pedir.
-Chame a Lis na minha sala e se Melissa Belinque me procurar diga que eu morri pra ela.
-Ok. - concordou enquanto eu ia para minha sala.
Olhei minha mesa e fiquei perdido em meio a tantos papéis quando minha porta foi aberta. Já sabia quem era e sorri ao saber que ela estava alí.
-Daniel? Que saudade! - ela veio na minha direção, e eu levantei para abraçar a Lis.
-Oi Lis, como vai? -perguntei.
-Estou bem e você?
-Estou bem melhor. - respondi.
-Que bom. - respirou fundo e me soltou. - Queria tanto conversar com você.
-Sobre o quê?
-Nós dois. Sobre o que tivemos, fizemos. - falou e eu respirei fundo. Já estava preparado para essa conversa, na verdade acho que ela até demorou para acontecer.
-Lis, eu não to pronto para uma relação com outra pessoa. Nem sei quando vou estar. O que aconteceu aquele dia, foi bom e eu não posso te oferecer nada além de sexo e eu te avisei naquele dia. - falei antes dela se enrolar toda para tentar me explicar. Sei como Lis é tímida.
-É, eu sei. Eu soube desde daquele dia que nós não passaríamos daquilo. E é por isso, que eu quero te pedir para me deixar entrar na sua vida? Tentar te mostrar que podemos ter uma relação, que ela seja baseada somente em sexo. Mas eu preciso disso. Preciso de você e isso ficou mais claro nos meus pensamentos desde que foi viajar. - Lis falou nervosa e eu fiquei sem reação.
-Eu não sei o que te falar. -suspirei.
-Só diz sim, sei que não vai esquecer ela, mas pelo menos fica comigo enquanto se recupera. - ela estava vermelha de vergonha e eu não sabia o que falar, se aceitava ou não. Eu não podia machucar a Lis.
-Eu não posso te machucar Lis, e sei que isso vai acontecer.
-Nós podemos ir só transando, e se um dia achar que está preparado nós avançamos. - ela estava implorando e eu respirei fundo enquanto concordava com a cabeça. - Sério? - ela perguntou com os olhos saltados.
-Não posso te oferecer amor, espero que saiba disso. Mas se caso acontecer, da gente transar novamente, podemos tentar.
-Foi tão ruim da outra vez? - ela falou com a voz triste.
-Não, foi ótimo. Você é linda e tem um corpo incrível. O problema é a minha cabeça que está fodida pela Melissa, e às vezes meu corpo não funciona. - suspirei exasperado.
-Entendo. - chegou perto de mim e acariciou meu rosto. Eu dei um sorriso fraco. - Podemos sair mais tarde?
-Sim, podemos.
-É bom que você me conta como foi a viagem e outras coisas.
-E você me atualiza sobre a revista. - falei e ela concordou.
-No almoço?
-No jantar. - falei e ela concordou.
-Vou trabalhar, nos vemos mais tarde. - me deu um beijo na bochecha e saiu da sala.
Sentei novamente e fiquei pensando na loucura que tinha aceitado. Lis era uma mulher linda e gostosa pra caramba, mas eu ainda era louco pela Melissa e isso não ia mudar nem tão cedo.
-Cara, achei que não ia voltar nunca mais. - Edu entrou na minha sala me fazendo despertar dos meus pensamentos. - Isso aqui fica uma loucura sem você. Acredita que eu tive que cortar uma sessão de fotos importante porque a merda do fotógrafo veio trabalhar de ressaca e as fotos saíram uma bosta? Eu fiquei maluco. Você não tem noção de como me alivia ver você aqui. Estou sem ideias para as matérias e o falta dois meses para o dia dos namorados, a edição desse ano tem que estar melhor do que a do ano passado. - completou meio desesperado e só parou porque eu soltei uma gargalhada.
-Cara, você está igual uma mulher falando. - falei e Edu fechou a cara na hora. - Também estava com saudades de você e voltei cheio de ideias. - falei e ele sentou me olhando com expectativas.
-Me conta, estou enlouquecendo. A Babi tá me enchendo o saco.
-Vamos fazer uma promoção no site, queremos saber histórias de amor, três vão para revista e quinze vão para o site. Durante todo o mês iremos soltar as histórias no site. E os três casais que ganharem vão sair na edição dos namorados com direito a fotos, entrevista e etc.
-Como não pensei nessa ideia antes?
-Simples, você não é tão bom quanto eu.
-Babaca. - falou e eu ri.
-Coloque a ideia em prática agora, vai atrás da Babi e mande ela soltar essa promoção no site hoje. Lembrando que o casal que ganhar na votação da internet vai ganhar um prêmio que vocês vão se virar para achar. Quero ver todas as histórias.
-Pode deixar, irei falar com ela agora mesmo.
-Vamos almoçar juntos? - perguntei.
-Não vai rolar, vou almoçar com a Gabi.
-Gabi está bem?
-Sim, ela está. - ele suspirou. - Melissa perguntou de você algumas vezes.
-Se ela perguntar novamente, diga que morri.
-Você não vai perdoar ela?
-Você perdoaria, se você fosse?
-Se fosse a Gabi sim, o que eu sinto por ela é forte para acabar por uma brincadeira entre amigas.
-Você fala isso porque não está no meu lugar. - respirei fundo. - O problema é que eu me senti usado quando me toquei que corri feito um babaca atrás dela, e tudo isso pra ela ganhar ou perder um par de sapatos.
-Eu acho... - olhei para ele com uma cara de poucos amigos que fez ele parar de falar o que quer que fosse. - Esquece, depois conversamos. - saiu da minha sala e eu joguei a caneta que estava na minha mão em cima da mesa. Apoiei minha cabeça nas mãos e respirei fundo.
Olhei para minha sala e minhas lembranças foram para o dia que Melissa me fez aquela visita surpresa.
Tudo que a gente viveu não pode ter sido uma aposta boba. Ela parecia sentir alguma coisa por mim. Acho que era só coisa da minha cabeça. Eu queria que ela sentisse algo por mim, queria que sentisse o mesmo que eu sinto por ela. Merda! Eu não deveria sentir nada mas era impossível. Eu sou apaixonado por ela e isso não vai mudar.

Primeira publicação: 12/08/2016