Uma semana depois
Melissa
Respirei fundo e olhei a minha volta. Estar na casa dos meus avós é como estar em casa novamente. A natureza, a calmaria era isso que eu estava precisando para esquecer um pouco do motivo de estar aqui com tanta rapidez.
-Querida? Precisamos conversar. - minha avó sentou ao meu lado no balanço. Respirei fundo e desviei o olhar do dela. Desde que eu cheguei aqui ainda não contei o motivo de ter vindo com tanta pressa.
-Sim, aconteceu alguma coisa?
-É isso que eu vim saber, meu bem.
-Não aconteceu nada.
-Mentir é uma coisa que eu não gosto, Melissa Belinque. - falou séria e eu revirei os olhos.
-Eu briguei com Daniel. - falei dando de ombros.
-Aquele moreno lindo?
-Sim. - dei um sorriso triste.
-Por que?
-Eu e a Gabi fizemos uma aposta de que eu faria ele se apaixonar por mim. - falei e olhei para minha avó.
-Por que fez isso? Quantos anos você tem? 27 ou 17? Isso é coisa de adolescente, minha filha.
-É, eu sei.
-Então porque fez?
-Queria ficar perto dele e sei que isso não justifica, mas eu queria ter um motivo para poder estar sempre com ele.
-Ele deve estar bem triste, minha filha.
-Sim, está.
-Assim como eu sei que você está.
-Estou. - respirei fundo e olhei para o céu.
-Você vai fazer o que agora?
-Eu tenho um desfile em duas semanas, vou me revelar ao mundo. Irei voltar na próxima semana para poder organizar tudo.
-E onde o moreno lindo está nessa história?
-Eu vou conquistar ele novamente, sem jogos e apostas. Vou contar tudo sobre a minha vida. E tentar convencer a ele a recomeçar do zero.
-Você sabe que não vai ser fácil, né?
-Sim, e sei também que ele pode me recriminar pelo o que eu fiz no passado.
-Isso eu tenho certeza que não.
-Vó, por que tudo é tão complicado?
-Porque você complicou tudo, Melissa. - quando eu ouvi aquela voz meu corpo estremeceu. Olhei para trás só pra ter certeza.
-Pai? - ainda não tinha acreditado.
-Desde que você nasceu. - deu de ombros e um sorriso fraco nasceu no seu rosto.
-Vocês tem muito o que conversar. - minha avó levantou e saiu rápido.
-Posso sentar ao seu lado? - meu pai perguntou e eu concordei com a cabeça. Ele sentou no balanço e olhou para frente admirando a vista. Ficamos em silêncio por um tempo até que eu resolvi quebrar.
-Como soube que eu estava aqui?
-Meu pai me ligou e eu não hesitei em vir te ver. - ele me olhou sério. - Eu sinto sua falta, Melissa.
-Vocês me expulsaram das suas vidas.
-Eu nunca faria isso.
-Mas fez.
-Não fiz, você fugiu e quando tentou entrar em contato sua mãe brigou com você.
-Minha mãe mandou eu sumir da vida de vocês, foi o que eu fiz. - respirei fundo. Não estava com cabeça para aquilo.
-Você me odeia? - perguntou e eu olhei na sua direção assustada.
-Odiar? Claro que não, pai.
-Isso é bom.
-Também não odeio a mamãe.
-Ela sente sua falta.
-O que veio fazer aqui? - perguntei e ele respirou fundo.
-Eu estava me sentindo estranho esses dias, com um pressentimento ruim. Liguei para o meu pai pra conversar e ele me falou que você estava aqui e pelo visto estava com problemas.
-Ainda não entendi o motivo da sua vinda.
-Eu sou seu pai e me preocupo com você. Nós sempre fomos amigos, não quero perder o contato com a minha jujubinha.
-Ah pai, eu cresci. Não sou mais uma criança para você me chamar assim. - dei um sorriso.
-Para mim você sempre vai ser a minha jujubinha. - ele abriu os braços e eu fui na sua direção. Sentei no seu colo e chorei. Acho que era disso que eu precisava.
-Chora, o papai vai estar aqui. - falou acariciando meus cabelos. Fiquei um tempo alí no seu colo, era como se eu tivesse em casa.
Depois de um tempo, eu limpei minhas lágrimas e o olhei.
-Eu também senti sua falta. - falei e ele deu um sorriso.
-Podemos dar uma volta de bicicleta como sempre fazíamos? - perguntou e eu concordei com a cabeça.[...]
Pedalar e sentir o vento no meu rosto.
-Eu sei que virou uma estilista de sucesso, me orgulho de você. - papai falou assim que paramos perto de uma árvore.
-É, realizei meu sonho.
-Fico feliz. - ele suspirou. - Me perdoa?
-Pelo o que?
-Por ter obrigado você a casar com o Gabriel tão rápido. Vocês eram novos e tinham muito o que aprender e se conhecer, e pra falar a verdade fico feliz que tenha fugido. Só depois que pude ver o quão errado eu estava.
-Eu descobri no dia do nosso casamento quem Gabriel era de verdade e o verdadeiro motivo de vocês terem me feito conhecer ele.
-Eu sinto muito, você sabe que eu não me envolvo nos negócios da sua mãe. Ela comanda a empresa da família dela e eu só cuido das minhas crianças no hospital. Eu fui descobrir depois de um tempo, você já estava apaixonada pelo Gabriel. Não quis destruir seu conto de fadas. - ele balançou a cabeça. - Acabei destruindo a sua vida.
-Acho que tudo isso fez eu me tornar uma mulher de verdade.
-É notável. - ele suspirou. - Preciso te confessar uma coisa.
-Sim, o que?
-Quero me separar da sua mãe. Nosso casamento não está mais dando certo.
-É uma decisão de vocês, mas você ainda a ama?
-Acho que sim, mas sua mãe mudou muito. Eu não conheço aquela mulher que vive comigo. Às vezes chego a pensar que ela tem outro.
-Ela não seria capaz, você sempre foi o conto de fadas dela. Ela sempre me disse isso.
-Nem todos os contos de fadas tem finais felizes, aprendi isso com o tempo.
-É, eu sei. - respirei fundo.
-Me conte o que te aflinge?
-Eu me apaixonei por um cara.
-E ele te magoou?
-Não, foi o contrário. Eu o magoei.
-Como?
-Apostei com a Gabi que iria fazer ele se apaixonar por mim e depois o chutaria.
-Melissa, por que fez isso com o rapaz?
-Não sei, eu queria um jeito de ficar perto dele. E a única forma que encontrei foi essa. - respondi e vi meu pai negar com a cabeça várias vezes.
-Isso foi errado, filha.
-Eu sei e já tentei me desculpar, mas ele não quer me ver nem pintada de ouro.
-E vai desistir assim?
-Não, irei conquistar ele de novo. Só precisei de um tempo para clarear as ideias e deixar ele pensar também.
-E aqui foi o melhor lugar?
-Sim, por que?
-Meus pais vivem em festa. - riu e eu tive que concordar. Meus avós acordam ouvindo música animada, recebem várias visitas por dia e estão sempre brincando.
-Ele se amam muito, né?
-Sim, sabe que quando eu era pequeno nunca vi meus pais brigarem?
-Jura?
-Sim, tenho inveja deles.
-Nunca vi vocês brigarem. - falei.
-Naquela época, não. Hoje em dia é uma briga atrás da outra.
-Vocês precisam de um tempo um para o outro, uma viagem quem sabe.
-É, mas não sei se irá resolver.
-Converse com ela, pai.
-E você converse com ele.
-Irei tentar.
-Você me perdoou? - perguntou parecendo estar nervoso.
-Sim pai, eu te perdoei.
-Fico feliz. - levantou. - Vamos voltar? Vai escurecer já. E temos um jantar para encarar.
-Vamos. - levantei e nós fomos para casa.[...]
Uma semana depois
Ter ficado uma semana aqui foi ótimo, mas eu precisava voltar ao mundo real.
-Você só me volta aqui com aquele moreno, ouviu Melissa?
-Sim, vovó. - dei um beijo na sua bochecha. - Tchau, vovô. Sentirei saudades.
-Você sabe o caminho, é só vir jujubinha. - meu avô me deu um beijo estalado.
-Vamos, Melissa? - meu pai me chamou e eu entrei no carro.
-Tem certeza que vai ficar comigo até o desfile? - perguntei e meu pai me olhou rápido, já que tinha que prestar atenção na estrada.
-Sim, tenho. - afirmou e eu concordei com a cabeça.[...]
Abri a porta do meu apartamento e vi Gabi jogada no sofá.
-Cheguei e com visitas. - avisei entrando e ela sentou no sofá para observar.
-Tio? Que saudade! - levantou correndo e abraçou meu pai.
-Como vai, Gabi?
-Bem e você? Continua lindo!
-Obrigado, estou bem. Irei passar uns dias aqui.
-Que boa notícia. - bateu palminhas e me olhou. - Oi, gata. - me abraçou forte.
-Oi, como estão as coisas?
-A Belinque's está uma loucura, e o resto na mesma.
-E Daniel?
-Não tenho notícias, ele não tem recebido visitas. Chega na revista e se tranca na sala, saí quando todos já foram embora. É o que todos sabem.
-É, ele deve estar levando. - dei de ombros. - Pai, vou te levar ao seu quarto. - falei e ele concordou. Levei ele até o quarto de hóspedes e fui até o meu. Assim que entrei, eu tive que segurar as lágrimas. A cama continuava do mesmo jeito que Daniel deixou. Toda bagunçada. Sentei no lado em que ele estava dormindo e pude ainda sentir o cheiro dele alí. O cheiro maravilhoso que só Daniel tem.
-Dani, eu preciso de você de volta. - rolei na cama e vi uma coisa que não tinha reparado ainda. A gravata de Daniel ainda estava aqui. Peguei ela e coloquei no pescoço.
-Será que vai ser só isso que vai me restar de você? Uma gravata e suas lembranças. - suspirei e levantei. Chega desse sofrimento. Eu vou reconquistar Daniel.[...]
As semanas passaram correndo e eu estava enrolada de serviço na Belinque's. Era muita coisa para organizar e arrumar.
Quando dei por mim, já era o dia do desfile. E eu só queria saber de uma coisa: se Daniel realmente iria vir. O convite dele tinha sido entregue em mãos e eu rezava para que ele fosse. Eu precisava ver ele e quem sabe não conseguir conversar.
Olhei na janela do meu quarto e vi o tempo fechar. Adoro tempo assim, tomara que chova. Deixa o clima mais bonito e aquele barulho de chuva era a minha calmaria.
-Melissa, está na hora. Podemos ir? - Gabi perguntou entrando no meu quarto.
-Sim.
-Vai dar tudo certo.
-Vai sim.
-Pronta para se revelar ao mundo? - meu pai perguntou e eu ri.
-Nasci pronta, pai. - pisquei para ele e nós fomos para o local.
Que seja o que Deus quiser.
Primeira publicação: 06/08/2016
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O Jogo Da Conquista - Livro II
RomanceÉ preciso ler o primeiro livro "O Jogo da Sedução" para entender o segundo. Apesar de toda mágoa, será Daniel capaz de perdoar Melissa? Melissa vai conseguir conquistar Daniel novamente? No meio da história toda, velhos e novos amores na vida de amb...