Capítulo 7

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20h- Casa de Vicky

– Boa noite – Disse Rebecca timidamente à Estela, mãe da Vicky.
– Boa noite? Eu disse para ficar longe da minha filha. Eu não quero você aqui.
– Sua filha me convidou – Disse Rebecca de maneira delicada.
– Ela não é a dona da casa (longa pausa). Eu li seu processo novamente e talvez seja melhor você cumprir a pena em regime fechado. Disse lentamente cada palavra.
– A senhora está me ameaçando? – Perguntou Rebecca.
– Eu te tirei lá e posso reaver a minha decisão a qualquer momento se achar necessário.
– Eu não entendo a sua preocupação, eu sou inofensiva – Disse Rebecca com firmeza.
– Mesmo assim, eu sei o que acontece lá no centro e posso te garantir que não é o tipo de vida da minha filha.
– Eu quero viver um novo começo. Eu tenho direito a um novo começo – Replicou Rebecca.
– Novo nome. Novo endereço. Mesmo destino. Você está ansiosa para voltar ao CR.
– Eu não quero voltar para lá. Eu não vou voltar para lá, eu juro – Disse Rebecca emocionada.
– Você é impetuosa. É pelo jeito não é muito esperta – Disse Estela modo agressivo.
– E a senhora é covarde – Disse Rebecca com a voz trêmula.
– Olhe ao seu redor, este palácio e tudo dentro dele me pertence – Disse Estela com convicção.
– Eu entendi. – disse Rebecca após uma longa pausa. – Ela sabe que é adotada?
– Camila não é adotada – Respondeu imediatamente. – De onde você tirou esta ideia estúpida?

  
– Uma pessoa tão amável e generosa como sua "filha" não pode ter sido gerada por alguém tão mesquinha como você. Ela disse passe o natal conosco, minha mãe é generosa.
– Eu sei tudo que acontece lá no centro de ressocialização (CR) – Disse Estela.
– Tudo? – Perguntou Rebecca surpresa.
– Tudo, os "namoros" entre meninas – Disse Estela com desdém.
– A senhora sabe mesmo tudo que acontece no CR, então deve saber sobre os abusos físicos, sexuais, emocionais constantes. Deve saber sobre a comercialização e consumo de bebidas alcoólicas e drogas, incentivados pelos adultos que deveriam cuidar do CR. Deve saber também sobre a escassez de alimentos, nos obrigavam a comer direto do chão. Deve saber sobre as torturas intermináveis, sumiços e mortes inexplicáveis. Isto é saber tudo.

  Lágrimas verteram dos seus olhos e sua voz ficou trêmula. Rebecca disse calmante cada palavra como se tivesse esperado a vida inteira para dizer tudo aquilo. Estela tentou interromper diversas vezes, Rebecca não se calou.

– Um dia nós vamos crescer e vamos contar tudo, quando saímos do CR nos agarramos às oportunidades que surgem, e ficamos engessados com todas as normas e regras daquele maldito lugar. Sabe o que eu descobri? que 80% dos que saem do CR retornam em menos de um mês, 15% se suicidam e apenas 5% sobrevivem e não voltam para lá.

Estela respirou fundo.

– Acusações infundadas. Eu quero que saia da minha casa – Disse Estela com rispidez.

Rebecca secou as lagrimas, andou lentamente até a porta principal, no exato momento em que Vicky entrou correndo pela porta sorrindo seguida por três adolescentes, que correram até o andar superior.

– Oi, que bom que você veio – Vicky olhou para a mãe. – Eu a convidei para o meu aniversario.

Disse Vicky sorrindo ofegante.




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