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- Já fazia por volta de dois meses, ela continuava triste, os olhos baixos e quase não sorria, nessa noite ela não jantou e eu fui direto para o meu quarto depois da janta, sem passar no quarto dela para ver como ela estava. Chovia forte, o barulho no telhado era alto e estava difícil de ouvir até mesmo os meus pensamentos.

- Foi nessa noite que você descobriu que ela estava grávida?

- Foi. - Ele disse seco e continuou. - Eu pensei que não pudesse ouvir mais nada além do barulho da chuva no telhado, mas eu estava enganado. O barulho do corpo dela caindo no chão do meu quarto, com os pulsos cortados e em total desespero, eu quase fiquei surdo. Demorei um pouco para levantar da cama e ir em direção a ela. Quando a segurei em meus braços, ela me disse que ele nunca a via chorar e que ele fingia não ser o motivo dela estar se afogando em lágrimas.

- Foi o que você me disse, não foi? Quando nos conhecemos. - Ele concordou com a cabeça e eu abaixei a minha, tudo o que o Calvin havia me falado fazia meu coração pesar e doer, eu queria poder arranca-lo com a mão e jogá-lo longe, mas eu ainda precisava dele, pra não ser como o Harry.

- Fomos pro hospital e depois dos primeiros cuidados com ela, os médicos disseram que ela estava grávida. Ela mora com a minha avó agora, ficar aqui não fazia bem para ela.

- E o bebe? O que houve com o Harry? Vocês deviam ter chamado a polícia!

- Taylor, isso não é caso de polícia. Não podemos prender o Harry porque as garotas amam ele. - Ele disse e eu bufei irritada, mas infelizmente, ele estava certo. - Ela perdeu o bebe.

- Sinto muito, Calvin. Eu nunca vou contar isso para ninguém. Eu prometo.

- Que bom. - Ele me abraçou. - As vezes é difícil carregar esse peso sozinho.

- Você não precisa. - Nos separamos do abraço. - Olha Calvin, eu não sei o que a gente pode fazer, mas sei que se a gente pensar bem, talvez a gente consiga achar um jeito de fazer o Harry para de iludir as pessoas. Claro que de uma maneira que sua irmã não seja exposta e nenhuma outra garota.

- É meio difícil... - Ele balançou a cabeça negando. - Nada abala o Harry.

- Nada mesmo?

- Talvez ser rejeitado. Ele nunca foi rejeitado.

- O que fez ele se tornar assim, então?

- Pais que não se importam, família desestruturada e falta de amor próprio. Combinação perigosa. Harry Styles.

- Então não há nada que possamos fazer?

- Você pode fazer algo...

- O que?

- Não deixar que Harry Styles e suas atitudes afetem você.

***

Calvin e eu conversávamos sobre o clima enquanto ele dirigia nos levando para minha casa. Entre uma curva e outra, quando ele foi trocar de marcha, sua mão não voltou para o volante, ela segurou a minha e nossa mãos ficaram juntas, até chegarmos ao nosso destino.

- Minha querida, como foi o baile? - Minha mãe perguntou assim que Calvin e eu abrimos a porta.

- Legal. - Respondi sem qualquer empolgação.

- Vocês estão bem? Aconteceu algo?

- Nada. Só estamos cansados. - Calvin deu um sorriso tímido para minha mãe e a envolveu com um dos braços. - Sua filha é uma garota especial.

- Obrigada. - Mamãe sorria animada, possivelmente imaginando que eu e Calvin tivéssemos algo. - E ela é muito inteligente também.

- Como assim? - Perguntei receosa, ela estava com cara de quem escondia algo.

- Taylor, querida, eu quis te contar quando você chegasse da festa. - Ela riu. - Foi difícil guardar esse segredo.

- Segredo? - Olhei para ela e para o Calvin desconfiada. - Que segredo?

- Uma carta chegou ontem para você.

- É a da faculdade? - Perguntei animada e corri para pegar a carta que ela segurava.

- E então, o que diz aí? - Calvin perguntou, enquanto eu ansiosa e desajeitadamente abria a carta.

- Eu fui aceita do MIT! - Gritei. - Meu Deus, eu vou para os Estados Unidos.

Begin AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora