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- Eu só não entendo como você pode gostar tanto dele.

- Em dezembro quando minha mãe descobriu que estava com câncer ele apareceu aqui em casa com rosas para ela e com esse maldito colar com o nome dele para mim. – Arranquei com a mão o colar, que ainda estava no meu pescoço e joguei no chão do quarto. – Minha mãe estava começando a gostar dele e passamos a tarde assistindo a uma comedia romântica, ele é tão retardado, ele disse que odiava esses tipos de filme mas que assistiria comigo. – Falei me recordando de tudo. – Eu idiota achei que devia assistir outro tipo de filme, por que se ele não gostava eu não devia gostar.

- Não acredito que quando você mais precisava dele ele ainda foi capaz de dizer que não gostava de algo que você queria fazer. – Abigail disse irritada. – Ele não podia ligar para o que você estava sentindo uma vez na merda da vida dele?

- Calma Abigail... – Dei risada com a irritação aparente dela. – Nesse dia ele foi um fofo.

- Okay. – Ela suspirou mais calma. – Conte tudo.

- Bem, nós assistimos o filme e quando acabou ele disse que eu não deveria ficar triste e que eu deveria sair para dançar.

- Sua mãe acaba de descobrir que está com câncer e o retardado quer sair para dançar?

- Me deixe continuar Abby. – Abigail falava demais quando estava irritada e quase sempre não me deixava falar nada. – Então eu disse que não estava bem e que não queria ir para nenhuma festa agitada.

- Oh Tay, finalmente temos alguém com um pouco de juízo aqui. – Ela levantou e bateu palmas até que eu corri para cama, peguei um travesseiro e o acertei em cheio nela.

- Eu vou falar e você vai ficar quietinha senão eu serei presa por matar uma adolescente ruiva e não me arrependerei disso. – Eu disse e ela fingiu estar fechando um zíper na boca enquanto se sentava na cama. – Ótimo! Quieta! Não quero ouvir um pio. – Ela ameaçou falar algo mas eu levantei o travesseiro ameaçando ela e então ela continuo quieta. – Olhando agora tudo parecia tão simples, estávamos deitados no sofá da sala e ele disse que não precisávamos ir para nenhuma festa, ele tinha tudo que precisava ali. Eu nunca vou me esquecer de como ele arrastou os moveis para que pudéssemos dançar no meio da sala, ele ligou o rádio, estava tocando All Of Me do John Legend e ele disse que não entendia a letra.

- Pausa. – Abby interrompeu. – Ele não entendia a letra?

- É...

- Olha Taylor, eu não sei o que você viu nesse garoto, além claro daqueles olhos verdes lindos e das tatuagens espalhadas pelo corpo. – Ele rio e eu ri também. Harry era totalmente o oposto de mim mas ele era inegavelmente lindo. – Mas quem não entende essa música?

- Eu ia acabar com tudo isso Abby. Eu ia. – Falei me sentando ao lado dela e largando o travesseiro na cama. – Juro que eu ia.

- E porque não acabou?

- Lembra da vez que ele me levou para aquela corrida e os policiais apareceram?

- Lembro, ele se machucou feio.

- Eu disse para ele que eu estava com medo de ficar naquele lugar, que era perigoso e não demoraria muito para a polícia chegar. – Minha cabeça doía quando eu tentava lembrar, as coisas eram vagas e eu tinha pequenos flashes do que tinha ocorrido naquela noite.

- Foi por isso que vocês correram? A polícia chegou?

- Sim. – Concordei balançando a cabeça. – Ele gritou pra eu entrar no carro e saiu correndo. A polícia veio atrás da gente, ele correu muito e eu olhei pra trás e não vi mais as luzes e nem ouvi o barulho da sirene e quando eu perguntei para ele se já estávamos fora de perigo, ele pisou no freio cedo demais.

- Nossa Taylor. – Abby me olhava assustada. – Graças a Deus que você estava usando o cinto de segurança.

- Mas ele não estava... – Respirei fundo e continuei. – Foram vinte pontos em um quarto de hospital.

- Eu fiquei muito assustada quando eu soube. Eu fiquei preocupada com ele. – Ela deu de ombros. – Eu não sabia que ele era tão idiota com você.

- É... Ele era. E ele chorou muito e eu comecei a chorar junto. – Forcei para me lembrar das palavras dele naquela noite. – Ele disse algo como "Taylor, fica comigo? Eu preciso de você" e eu fiquei com ele a noite toda até que ele caísse no sono, mas quando amanheceu ele voltou a ser um grosso.

- E então você continuo com ele...

- Abby, eu amava ele. Eu fiquei com ele porque eu achava que ele precisava de mim. – Deitei na cama com a cara enfiada no travesseiro. – Como eu pude ser tão tola?

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