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- Você está bem? - Me aproximei dele com cautela, ele estava visivelmente abalado. Ele tinha aberto a porta do carro e sentado no banco do motorista com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos segurando a cabeça.

- Minha mão está doendo, loirinha. - Ele retirou a mão da cabeça e a olhou assustado. - Droga, está sangrando!

- Acho que foram os dentes. - Segurei sua mão e a puxei para mais perto de mim para olhá-la melhor. - É, machucou mesmo.

- Ele também se machucou. - Ele deu de ombros, convencido de que tinha feito um bom estrago no rosto do Harry.

- O que houve lá, Calvin? - Perguntei receosa, ainda segurando sua mão.

- Não quero falar sobre isso. - Ele bufou e jogou o corpo pra trás deitando no banco do passageiro e do motorista. - Tem uma garrafa de água perdida no banco de trás. Você pode pegar ela pra mim, Taylor?

- Claro. - Abri a porta de trás e encontrei no chão do carro uma garrafa de água. - Quer que eu te ajude a lavar?

- Pode ser. - Ele levantou-se sem animação e ficou de pé ao lado do carro. Comecei a lavar sua mão com cuidado, não estava muito machucada, só havia sangrado bastante. - Ele precisa parar com isso, Taylor.

- Com isso o que? - Perguntei fechando a garrafa e devolvendo ela para o banco de trás do carro.

- Quebrar corações, fazer as pessoas sofrerem, essas cosas.

- Oh meu Deus! - Virei para ele espantada, só agora eu havia percebido, era óbvio. Por que eu não havia pensando nisso antes? - Calvin, vocês eram um casal?

- O que ? - Ele disse alto, sem jeito, como se não esperasse por aquela pergunta.

- Um casal. Sabe, está tudo bem. Eu não sou preconceituosa.

- Claro que não, Taylor! Qual é? Eu pareço gay?

- Não, é que... - Tomei fôlego antes de continuar, era uma pausa para organizar as idéias. - É que você fala como se tivesse sido magoado pelo Harry e você quer me ajudar. Pensei que o Harry tivesse feito o mesmo que fez comigo com você e então, você quer me ajudar a passar pelo que você passou.

- Primeiro, eu e o Harry nunca fomos um casal. Se eu fosse gay eu namoraria alguém mais bonito, tipo o Louis. - Não pude evitar rir. Calvin estava mais calmo pelo jeito, já havia até voltado a fazer piadas. - Segundo, eu realmente tenho mágoas do Harry, mas ele nunca fez algo diretamente comigo, mas sim com alguém que eu amo e eu quero te ajudar, por que eu não consegui ajudar esse alguém.

- Quem é essa pessoa? O que ele fez?

- Você é bem curiosa, loirinha.

- Primeiro, não me chame de loirinha. - Falei imitando ele. - E segundo, você pode confiar em mim, Calvin.

- Eu não sei se devo te contar.

- Como eu vou saber se posso deixar você me ajudar se eu nem sei nada sobre você?

- Você venceu, loirinha. - Ele riu e eu revirei os olhos. Eu até podia me acostumar com o novo apelido, mas era legal implicar com ele. - Você tem que prometer que nunca vai contar isso para alguém. Promete?

- Prometo!

- Nem pra ruivinha que anda com você? - O encarei por um tempo relutante, mas percebi que ele não me contaria nada se eu não prometesse que não iria contar. Então prometi não contar nada a Abby. - Eu tenho uma irmã. - Ele se encostou no carro, cruzou os braços e começou a falar olhado para o chão. Percebi que o assunto era sério e me encostei no carro ao lado dele, ficamos ambos encarando o chão enquanto ele contava tudo que havia acontecido. - Ela é linda, mesmo agora. Seus cabelos são loiros, ela ama cantar e dança muito feio mesmo, mas eu sempre elogio porque é o que ela gosta de fazer e esse é o papel dos irmãos mais velhos, dar apoio. - Rimos juntos. - Eu e o Harry éramos melhores amigos, ele sempre ia lá em casa depois dos jogos do time. Minha irmã corria pela casa de um lado para outro quando o Harry chegava, ela era apaixonada por ele, mas ela é três anos mais nova que nós e eu achei que o Harry nunca daria bola para ela.

- Mas ele deu, não é?

- Sim. Eu fui tão estúpido! - Ele disse irritado e eu segurei sua mão não machucada, para apoia-lo. - Um dia ele disse que queria uma refrigerante e não tinha o sabor que ele queria lá em casa, então ele me convenceu a ir comprar no mercadinho perto de casa. Foram 30 minutos, Taylor. 30 estúpidos minutos. Foram o suficiente.

- Oh, Calvin. - Segurei sua mão com mais força, eu já podia imaginar o que tinha acontecido. - Sinto muito.

- Minha mãe não estava em casa, ele disse que ia ficar jogando enquanto eu ia comprar o refrigerante e voltava e a minha irmã estava no quarto. Eu não pensei em nada, Taylor. Eu achei que ele não seria capaz, não com ela, não com a minha garotinha. - Uma lágrima escorreu pelo rosto dele e outra pelo meu. - Quando eu cheguei ele estava sentado jogando vídeo game e ela sentada do lado com as bochechas vermelhas, sem me encarar , como se estivesse escondendo algo de mim e ela estava.

- Eu posso imaginar o que houve. Mas como você descobriu?

- Ela passava dias trancada no quarto e o Harry não voltou mais lá em casa. Quando eu abria a porta ela corria e quando via que ele não estava, ela voltava para o quarto e se trancava. Taylor, o Harry transou com a minha irmã! Com a minha irmã! - Ele gritou. - E essa nem é a pior parte. - Abri a boca espantada, eu não fazia idéia do que mais poderia ter acontecido. - Ele engravidou ela.

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